A humildade não frequenta os mesmos campos morais da convivência com o erro, com o mal, em silêncios comprometedores. Antes é ativa, combatente, decidida, sendo mais um estado interior do que uma apresentação externa.
A indiferença, não poucas vezes, assume a postura falsa de humildade, permanecendo fria ante os acontecimentos e desviando a criatura da atividade humana. É uma forma doentia de comportamento, que perturba a claridade do discernimento.
A abnegação nunca é triste, porque é terapêutica. Seus efeitos mostram-se na jovialidade, na alegria de viver e na felicidade de ser útil. Ajudar, renunciando-se, é um estado de júbilo interior para quem o faz e não uma áspera provação, mesmo porque ela é oferecida, é espontânea e jamais imposta. Não se pode a outrem impor a abnegação, porque brota dos sentimentos mais elevados do ser.
Da mesma forma, a humildade é cativante, sem aparência, sente-se-lhe o perfume primeiro, para poder-se vê-la depois, qual ocorre com as delicadas violetas. Quando se é humilde, alcança-se a pureza com o desprezo pelo puritanismo, vive-se a sinceridade, sem a preocupação de agradar, confia-se no sucesso das realizações, transcorrendo tudo em uma psicosfera de harmonia e naturalidade.
Essas conquistas do sentimento são amigas do processo libertador do ser das suas heranças de natureza animal. Se os sofrimentos as acompanham, não se desgastam, antes se aformoseiam, porque não se pode "estar" abnegado e humilde, mas se "é" uma e outra coisa, sempre igual em todas as situações. O amor legitima-as e irradia-se como alta realização plenificadora do sentimento sadio.
*Jornal Mundo Maior.*
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