terça-feira, 27 de dezembro de 2022

FELIZ ANO NOVO.


Aproxima-se o dia que dá início a um Novo Ano.

É o dia primeiro. Todos queremos iniciar mais um ano com esperanças renovadas. É um momento de alegria e confraternização.

As rogativas, em geral, são para que se tenha muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender.

Mas será que se tivermos tudo isso teremos a garantia de um Ano Novo cheio de felicidade?

Se Deus nos dá saúde, o que normalmente ocorre é que tratamos de acabar com ela em nome das festas. Seja com os excessos na alimentação, bebidas alcoólicas, tabaco, ou outras drogas não menos prejudiciais à saúde.

Não nos damos conta de que a nossa saúde depende de nós.

Dessa forma, se quisermos um bom ano, teremos que fazer a nossa parte.

Se pararmos para analisar o que significa a passagem do ano, perceberemos que nada se modifica externamente.

Tudo continua sendo como na véspera. Os doentes continuam doentes, os que estão no cárcere permanecem encarcerados, os infelizes continuam os mesmos, os criminosos seguem arquitetando seus crimes, e assim por diante.

Nós, e somente nós podemos construir um ano melhor, desde que um Feliz Ano Novo não se deseja, se constrói.

Poderemos almejar por um ano bom se desde agora começarmos um investimento sólido, desde que no ano que se encerra tivemos os resultados dos investimentos do ano imediatamente anterior e assim sucessivamente.

Poderemos construir um ano bom a partir da nossa reforma moral, repensando os nossos valores, corrigindo os nossos passos, dando uma nova direção à nossa estrada particular.

Se começarmos por modificar nossos comportamentos equivocados, certamente teremos um ano mais feliz.

Se pensarmos um pouco mais nas pessoas que convivem conosco, se abrirmos os olhos para ver quanta dor nos rodeia, se colocarmos nossas mãos no trabalho de construção de um mundo melhor, conquistaremos, um dia, a felicidade que tanto almejamos.

Só há um caminho para se chegar à felicidade. E esse caminho foi mostrado por Quem realmente tem autoridade, por tê-lo trilhado. Esse alguém nós conhecemos como Jesus de Nazaré, o Cristo.

No ensinamento Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo está a chave da felicidade verdadeira.

Jesus nos coloca como ponto de referência. Por isso recomenda que amemos o próximo como a nós mesmos nos amamos.

Quem se ama preserva a saúde. Quem se ama não bombardeia o seu corpo com elementos nocivos, nem o Espírito com a raiva, a inveja, o ciúme.

Quem ama a Deus acima de todas as coisas, respeita Sua criação e Suas leis. Respeita seus semelhantes porque sabe que todos fomos criados por Ele e que Ele a todos nos ama.

Enfim, quem quer um Ano Novo repleto de felicidades, não tem outra saída senão construí-lo.

Importa que saibamos que o novo período de tempo que se inicia, como tantos outros que passaram, será repleto de oportunidades. Aproveitá-las bem ou mal, depende exclusivamente de cada um de nós.

                                                                               *  *  *

O rio das oportunidades passa com suas águas sem que retornem nas mesmas circunstâncias ou situação.

Assim, hoje logo passará e o chamaremos ontem, como o amanhã será em breve hoje, que se tornará ontem igualmente.

E, sem que nos demos conta, estaremos logo chamando este ano que se inicia de ano passado e assim sucessivamente.

Que todos possamos aproveitar muito bem o tesouro dos minutos na construção do amanhã feliz que desejamos, pois a eternidade é feita de segundos.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Oração no Natal.


Jesus, que neste Natal, Seu olhar de luz penetre nossa alma, como a brisa morna da primavera, e acorde a esperança adormecida sob as folhas secas das ilusões, dos medos, da indiferença, do desespero...

Que Seu perfume, suave como a ternura, envolva todo o nosso ser, confortando-nos e despertando a alegria que jaz esquecida por trás das lamúrias e distrações do caminho...

Que o bálsamo do Seu amor acalme as nossas dores, silencie as nossas queixas, socorra a nossa falta de fé.

Que, neste Natal, o calor da Sua bondade se derrame sobre o nosso Espírito e derreta o gelo milenar do egoísmo que nos infelicita e faz infelizes nossos semelhantes...

Que Seu coração generoso afine as cordas da harpa viva que vibra em nossa intimidade, e possamos cantar e dançar, até que o preconceito fuja, envergonhado, e não mais faça morada em nós...

Que o Seu canto de paz seja ouvido por todos os povos, do Oriente e do Ocidente, e as guerras nunca mais sejam possíveis entre a raça humana...

Que, neste Natal, Suas mãos invisíveis e firmes sustentem as nossas, e nos arranquem dos precipícios dos vícios, da ira, dos ódios que tanto nos infelicitam...

Que a água cristalina da Sua misericórdia percorra nossa alma e remova o lodo do ciúme, da inveja, do desejo de vingança, e de tantos outros vermes que nos corroem e nos matam lentamente...

Que o bisturi do Seu afeto extirpe a mágoa que se aloja em nosso íntimo e nos turva as vistas, impedindo-nos de ver as flores ao longo do caminho...

Que, neste Natal, a pureza da Sua amizade faça com que possamos ver apenas as virtudes dos nossos amigos, e os abracemos sem receio, sem defesas, sem prevenções...

Que Seu canto de liberdade ecoe em nós, para que sejamos livres como as falenas que brincam na brisa morna, penetrada pela suavidade da luz solar...

Que o sopro da Sua fé nos impulsione na direção das estrelas que cintilam no firmamento, onde não mais se ouvem gemidos de dor, e onde a felicidade plena já é realidade.

Ensine-nos, Jesus, a amar, a fazer desabrochar em nossa alma esse sol interior que nos fará luz por inteiro...

Ajude-nos a desenvolver o gosto pelo conhecimento, para que possamos encontrar a verdade que nos libertará da ignorância pertinaz...

E, por fim, Jesus, que neste Natal cada ser humano possa sentir a Sua presença sábia e amiga, convidando a todos a uma vida mais feliz...

Tão feliz que Sua mensagem não mais seja um tímido eco repercutindo em almas vacilantes, mas que seja uma grande melodia que vibra o amor em todos os cantos da Terra...

 Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Emergência espiritual.


Vivemos na Terra uma grave emergência espiritual.

As conquistas do conhecimento nos fizeram chegar até o instante em que se percebe, claramente, que inteligência sem moralidade produz apenas o caos.

Das simplórias cavernas até as casas inteligentes de milhões de dólares;

Dos primeiros meios de transporte aquático usando canoas de madeira até os atuais trens de levitação magnética; desde os primeiros cálculos da astronomia até a visão potente do telescópio James Webb, tudo mudou.

Estamos muito mais avançados do que nossos ancestrais. Gabamo-nos de ter explorado o planeta e seus recursos de forma tão eficaz.

No entanto, temos que nos perguntar:

Será que tudo isso nos fez melhores? Será que tudo isso nos deu uma melhor compreensão do nobre, do justo e do bom, conforme a proposta de Platão?

Será que não nos perdemos, nos encantando com acessórios, deixando bastante de lado o que seria o principal?

A proposta cristã é muito clara: Buscai em primeiro lugar o reino de Deus e Sua justiça e todas essas outras coisas vos serão acrescentadas.

Jesus propunha a busca da essência divina em todos nós, propunha a lei do amor como regente maior dos pensamentos, sentimentos e atos do homem.

Todas as outras coisas, que são menores, que dizem respeito à vida material, à sobrevivência do corpo, essas nos seriam acrescentadas.

Não estava propondo a inércia, nem negando o valor do trabalho, mas simplesmente estabelecendo hierarquia de valores.

E o que aconteceria se invertêssemos essa hierarquia? Se deixássemos a busca do reino de Deus de lado ou para as horas vagas ou, ainda, para quando der?

Bem... Nem precisamos descrever quais as consequências, pois as vivemos nesse instante de emergência espiritual.

Estamos imersos em um sentimento de vazio existencial, de desamparo, de falta de objetivos que nos preencham a alma de verdade.

Não é tarde, porém, para mudar.

Muitos já encontraram essa via segura e estão se reconstruindo.

Agora é a nossa vez.

O que temos feito pela construção do reino de Deus em nós? Quais as nossas primeiras iniciativas dentro da Lei Maior do Amor?

Temos a razão como instrumento calibrado, o conhecimento das eras como manual de instruções e o exemplo de Jesus como guia.

O que temos feito ou podemos fazer em nossos dias para educar as nossas emoções?

O que podemos fazer pelo bem comum em nossa família e em nossa sociedade?

Já conseguimos nos perceber como parte da cura de uma sociedade doente? Ou ainda estamos entre os pacientes em atendimento?

Talvez estejamos nos dois lados. Hora aqui, ora ali.

Muito natural, compreensível. Importante é começar, importante é persistir. É não perder o foco.

Perguntemo-nos, todas as manhãs: O que podemos fazer de nobre, justo e bom, neste dia?

Nos versos de uma prece sincera e feita com regularidade, peçamos sempre ajuda: que possamos ser um instrumento da paz, da cordialidade, do entendimento ao nosso redor.

É assim que iremos atender a emergência espiritual e que sairemos todos vencedores.

Comecemos hoje.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

O homem rico.


Era um rico fazendeiro. Enriquecera repentinamente, graças a uma herança de parente afastado que morrera, sem deixar outros herdeiros.

Tão logo tomou posse da imensa propriedade, mostrou-se arrogante e orgulhoso. Sabia somente exigir. As palavras Por favor e Obrigado jamais chegavam aos seus lábios.

Eram somente ordens grosseiras, mandos e desmandos. Se um empregado cometia uma pequena falha, era tratado com muita grosseria.

Se alguma enfermidade tomava conta de um deles, logo tratava de o mandar embora da fazenda. Às vezes, nem lhe pagava todos os direitos trabalhistas.

Ele se considerava o rei daquele local. Ninguém tinha maior poder que ele. Era exigente no cardápio das refeições e se o alimento estivesse com menos sal, ou quente demais, ou não tão gostoso como esperava, coitada da cozinheira.

Ouvia, durante horas, os seus gritos e ameaças. É claro que, com tal atitude, ele não tinha amigos. Os serviçais permaneciam ao seu lado muito mais pela necessidade de emprego do que por qualquer outro motivo.

Certo dia, em que estava deitado em sua rede, debaixo das árvores, tomando delicioso refresco, ouviu os gritos de uma mulher que suplicava ajuda.

O filho de três anos caíra em um buraco. Para retirá-lo seria necessário um carro de tração para descer um homem aos poucos e o retirar de lá. Ele possuía o carro. Talvez pudesse emprestá-lo e também dois empregados para ajudá-la a salvar o filho.

O homem se enraiveceu. Quem era aquela mulher que invadia a sua propriedade daquele jeito? O que é que ele tinha a ver com o problema dela? O filho era dela. Ela que resolvesse a situação. E a expulsou de suas terras.

Passados uns dias, ele amanheceu doente. Naturalmente, alimentando tanta raiva, se intoxicara. Amanheceu inchado. Não podia andar, nem se mexer. Mal falava porque a língua inchara demais.

Foram chamados médicos que cobraram uma fortuna, lhe deram muitos remédios e não conseguiram curá-lo.

Um dia, em que as dores mais o atormentavam, ele ordenou ao seu servidor particular que procurasse alguém que o curasse.

O bom criado saiu e voltou hora depois com uma mulher, que logo começou a tratá-lo.

Iniciou orando ao lado do seu leito. Durante dias, serviu-lhe a alimentação, e lhe tratou a febre.

Usava de carinho para lhe dar o banho, colocava almofadas para que tivesse reduzido o desconforto. Esmerava-se no atendimento.

Quando ele se queixava de dores, ela fazia compressas e orava. Acarinhava-o e lhe falava da igualdade entre os homens. Ricos e pobres, bons e maus, bonitos e feios, perfeitos e deficientes.

Aos poucos, ele foi se sentindo tocado por aquela mulher, por aquelas palavras e, um dia, lhe perguntou, já bem melhorado seu estado de saúde:

Quem é você, afinal?

Não me reconhece? Ela perguntou.

Só então o rico fazendeiro percebeu que a sua benfeitora era aquela mulher que o procurara para que ele lhe salvasse o filho.

                                                                            *   *   *

Não desprezemos a ninguém porque, em síntese, o Divino Pai nos colocou no mundo, como filhos Seus, para que nos auxiliemos mutuamente.

Deus materializa o Seu auxílio através dos braços e mãos dos homens. E fala do Seu amor pela boca dos que servem a seus irmãos, sem considerar cor da pele, posição social, raça ou crença religiosa.

 Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 29 de novembro de 2022

Oração nossa.


Senhor, ensina-nos:

A orar sem esquecer o trabalho;

A dar sem olhar a quem;

A servir sem perguntar até quando;

A sofrer sem magoar seja a quem for;

A progredir sem perder a simplicidade;

A semear o bem sem pensar nos resultados;

A desculpar sem condições;

A marchar para a frente sem contar os obstáculos;

A ver sem malícia;

A escutar sem corromper os assuntos;

A falar sem ferir;

A compreender o próximo sem exigir entendimento;

A respeitar os semelhantes, sem reclamar consideração; a dar o melhor de nós, além da execução do próprio dever, sem cobrar taxas de reconhecimento.

Senhor, fortalece em nós a paciência para as dificuldades dos outros, assim como precisamos da paciência dos outros para com as nossas dificuldades.

Ajuda-nos para que a ninguém façamos aquilo que não desejamos para nós.

Auxilia-nos, sobretudo, a reconhecer que a nossa felicidade mais alta será, invariavelmente, aquela de cumprir-Te os desígnios onde e como queiras, hoje, agora e sempre.

                                                                     *   *   *

Por que ainda relutamos tanto em seguir o Modelo seguro de conduta e sentimento que nos foi ofertado há mais de dois milênios?

Por que O chamamos de Mestre e Senhor, compreendendo Sua grandeza e superioridade, mas teimamos em agir de acordo com nossa acanhada compreensão das coisas?

Por que somos tão relutantes... Tão fracos e frágeis?

Não nos parece ser tempo de despertar? De seguir adiante? De utilizar a tal inteligência que, supostamente temos, em pleno século XXI, e fazer opções mais felizes?

Julgamos que conquistamos tanto desde que saímos das cavernas, pois vivemos com mais conforto e facilidades.

Mas será esse nosso único objetivo na Terra? Seriam essas as únicas conquistas que deveríamos alcançar?

É curioso, pois saímos das cavernas, mas em alguns aspectos as cavernas ainda não saíram de nós.

Há escuridão na alma que não encontra o sentido existencial. Há breu no íntimo dos que tornaram a existência uma luta apenas pela sobrevivência material.

Há um escuro enorme no espelho dos que ainda não se conhecem.

Por isso a oração nossa pede auxílio ao mais sábio que já existiu, ao que nos conhece como ninguém mais, ao que esteve entre nós e percebeu nossas mazelas de muito perto.

Senhor, que Tuas lições ecoem pelo mundo íntimo de todos nós, que nos lembrem dos caminhos do amor e nos tragam a coragem de mudar.

Senhor, recita em nosso coração o canto das bem-aventuranças mais uma vez, pois ele nos acalma, nos consola e nos impulsiona.

Senhor, olha-nos com Teus olhos de compreensão, mas também de motivação, fazendo-nos entender que somos frágeis, mas que podemos ser grandes!

Diz-nos mais uma vez que somos a luz do mundo, a luz do mundo de dentro em primeiro lugar, que depois explode para fora, levando a manhã ensolarada a quem ainda vive na madrugada.

Diz-nos, por fim, uma vez mais:

Não vos deixareis órfãos; voltarei para vós.

Guardemos isso em nossa mente e em nosso coração.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 22 de novembro de 2022

Quando brincar é preciso.


Ele crescera naquela comunidade. Sua mãe, professora e administradora de uma escola, exigira muito dele e dos dois irmãos.

Adulto, ele lembrava as horas intermináveis de estudo que lhe haviam sido impostas. Lamentava não ter podido gozar de sadios lazeres.

Mesmo as férias eram programadas para lugares em que, depois de uma caminhada, era preciso escrever sobre o que vira, até os mínimos detalhes.

Ou então, eram visitas a museus, a institutos de ciências, que demandavam posteriores descrições e estudos demorados.

Olhava agora para as crianças que adentravam a escola de sua mãe, detendo-se ali, entre dez e doze horas diárias.

Ele as via entrar pela manhã com suas mochilas às costas e sair, em torno das dez horas da noite.

Aquilo lhe parecia cruel. Por mais que o desejo dos pais, que investiam altas somas para que seus filhos frequentassem aquela escola, fosse o de que seus filhos se ilustrassem, Tomás achava cruel.

Aquelas crianças eram escravizadas, pensava. A disciplina era muito rígida.

Havia horário determinado para tudo. Comer, ir ao banheiro, tudo rigidamente controlado.

Criança que não conseguisse dar conta de todas as tarefas no dia, recebia anotação depreciativa em seu caderno.

Então, um dia, ele tomou o lugar do motorista do ônibus que iria conduzir as crianças para a escola e perguntou se elas gostariam de fazer algo diferente: brincar.

Todas aderiram, de imediato. Ele as levou para a floresta próxima e, durante as horas da manhã, brincaram até cansar.

Foram as brincadeiras de pique-esconde, de pega-pega, de estátua, e tudo que Tomás pôde lembrar que traduzisse infância.

As crianças correram, riram, gargalharam. Sentadas, serviram-se do lanche que levavam nas mochilas.

Próximo ao horário do almoço ele desceu a pequena elevação da floresta para a estrada onde deixara o ônibus.

Pais assustados, acreditando ser um rapto de seus filhos, haviam acionado a polícia.

Mas Tomás proclamou que somente desejava defender alguns direitos das crianças:

Primeiro: As crianças precisam brincar imediatamente.

Precisam brincar agora, enquanto crianças. Não mais tarde.

Segundo: As crianças precisam ser saudáveis imediatamente.

Por isso, horas de estudo devem ser dosadas, com pausas para alimentação, saboreando com vagar a fruta, o suco, o pão.

Finalmente, terceiro: Crianças precisam ser felizes imediatamente.

Tomás recebeu reprimendas duras pelo que fizera e pelo que apregoava, ante a alegria dos pequenos.

                                                                            *   *   *

Cenas de um filme? Nossa realidade?

Bom pensarmos como temos preenchido as horas do dia dos nossos filhos.

Será que, em nome de os preparar para o êxito profissional, carreiras brilhantes, não estamos exigindo demais dos nossos pequenos?

São aulas diárias de idiomas, música, canto, dança...

Horas e horas em estudos e tarefas.

Uma criança que não brinca não é uma criança, escreveu Pablo Neruda.

Nem só de escola devem viver nossas crianças.

Lembremos do quanto é saudável correr, jogar bola, tomar sol, brincar na piscina.

Rir, sorrir, gargalhar, brincar.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 15 de novembro de 2022

Proclamação da República.


Século dezenove. Embora todas as liberdades públicas, que a monarquia desenvolvera em nosso país, ela ainda falava da influência portuguesa.

Por causa disso, a república era considerada, pela comunidade brasileira, como a fórmula de governo compatível com a evolução do país e com a posição cultural do seu povo.

A ideia era genuinamente nativista. Alcançara todas as inteligências. Desde a lei de 13 de maio de 1888, a abolição da escravatura, que ferira os interesses particulares das classes conservadoras, a República se anunciava.

Por toda parte, em ambientes civis ou militares, acendiam-se as tochas do idealismo republicano.

Como tantos outros acontecimentos, a Proclamação da República brasileira se fez sem derramamento de sangue.

Os tempos que antecederam ao grande feito foram de intensa atividade. Todas as grandes cidades do país se entregavam à propaganda aberta das ideias republicanas.

Os espíritos mais eminentes do país preparavam o grande acontecimento.

Então, a 15 de novembro de 1889, com a bandeira do novo regime nas mãos de Benjamin Constant, Quintino Bocaiuva, Lopes Trovão, Serzedelo Correa, Rui Barbosa e toda uma plêiade de inteligências cultas, o marechal Deodoro da Fonseca proclamou, inopinadamente, no Rio de Janeiro, a República dos Estados Unidos do Brasil.

O imperador D. Pedro II recebeu a notícia com amarga surpresa.

Entretanto, o nobre monarca repeliu as sugestões de espíritos apaixonados da coroa para a reação. Preparou rapidamente sua retirada, com a família imperial, para a Europa, em obediência às imposições dos revolucionários.

Consigo levou um travesseiro de terra do Brasil, a fim de que o amor da pátria brasileira lhe santificasse a morte, no seu exílio de saudade e pranto.

Eram as vésperas do seu regresso à Pátria da Imortalidade.

                                                                                    *   *   *

Ao recordarmos, nesta data, o acontecimento, cabe-nos agradecer aos idealistas de então pelo legado.

Transcorridos cento e trinta e três anos da Proclamação da República, quando a nação se veste de alegria para a comemoração, o feriado nacional se apresenta, é de nos indagarmos o que temos feito da nossa República.

Recordamos o entusiasmo de Pero Vaz de Caminha, que chegou com Pedro Álvares Cabral ao Brasil, ao se dirigir ao rei de Portugal:

Uma terra tão pródiga que em nela se plantando, tudo dá.

Será que os ideais de igualdade, de fraternidade, e engrandecimento também?

Com o legado de um território tão grande, uma terra tão rica e a luz do Evangelho do Cristo a brilhar no céu de anil, o que nos falta para sermos a nação mais rica de amor da face da Terra?

Quando passaremos a nos preocupar mais pelo nosso irmão, pela nação e menos pelos nossos próprios interesses?

Bem vale aqui a célebre frase do patriota em dias de batalha: O Brasil espera que cada um cumpra seu dever.

O Brasil cristão aguarda que cumpramos nosso dever de cidadãos nobres. Dever de patriota que não somente respeita os símbolos nacionais da bandeira, do brasão, do Hino Nacional, mas vive com dignidade, todos os dias, honrando a Terra do Cruzeiro.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 8 de novembro de 2022

Dinamismo.


Dinamismo é uma palavra de origem grega, composta pelos vocábulos dynamis, que significa força, poder, capacidade, acrescido do sufixo ismo.

Podemos entender que é a qualidade de se ter energia, atuar com prontidão, diligência.

Ao compulsarmos o legado dos primeiros repórteres da Boa Nova, o que evidenciamos, nas páginas abençoadas, é o dinamismo de Jesus.

Em todos os relatos, jamais encontramos o Mestre em repouso improdutivo. Ele é o símbolo da ação, do trabalho, da dedicação ao próximo.

Eu vim para que tenhais vida, afirmou. E vida em abundância.

Sábio dos sábios, Senhor das estrelas, Ele não foge do contato e das lutas humanas.

Criado no lar de um carpinteiro, cedo aprendeu o ofício. Quem modelara o planeta, problema algum detectou ao tomar da madeira e submetê-la à Sua vontade.

Em Seu messianato, Ele não se contenta em ser procurado para abrandar o sofrimento e socorrer a aflição.

Ele mesmo vai ao encontro das necessidades alheias.

Assim, quando se aproxima do tanque de Bethesda, caminha em direção ao paralítico e lhe proporciona a cura.

Uma cura aguardada há trinta e oito anos. Era o momento da sua libertação.

Era de tal forma dinâmica a Sua ação que, mesmo simplesmente tocado, como O foi pela mulher portadora de um fluxo de sangue, distribui Seu fluido curador.

Contudo, como Ele era o Celeste Pastor, todos Seus atos demonstravam uma lição.

Quando Ele adentra a casa de Pedro, viu que sua sogra estava acamada, com febre.

Febre não é propriamente a doença, mas o sintoma de alguma enfermidade. A descrição é de que Jesus lhe tocou as mãos e a febre a deixou.

De imediato, ela se levantou e foi servi-lO.

Isso nos remete a pensarmos que quando encontramos Jesus e O adotamos para nossas vidas, nosso desejo é sermos curados.

Curados de nossas angústias, dúvidas existenciais, ansiedades e incertezas. É a febre sintoma das tantas mazelas de que somos portadores.

Ao contato com as lições do Mestre Incomparável, absorvendo o influxo das Suas bênçãos, somos curados.

Conhecedores de que somos filhos de um Pai amoroso e bom, cede a febre da ansiedade.

Cientes de que aqui estamos para nosso progresso, arrefece a febre das nossas angústias, porque cada dia é uma oportunidade de luta e crescimento.

Dessa forma, nos encontramos aptos para o trabalho. E o trabalho do cristão é ser dinâmico, levantar-se e servir.

Servir ao semelhante, começando pelo próximo mais próximo.

No exemplo evangélico, a sogra de Pedro, curada da febre, atende, primeiramente, a quem está em sua casa: Jesus e os que O acompanham.

Isso é importante. Por vezes, saímos atendendo o mundo e nos esquecemos dos que na família nos aguardam.

Aguardam o abraço, o carinho, o sustento emocional. Aguardam que nos preocupemos com suas lutas, com suas necessidades.

Aguardam que lhes sejamos o socorro, o apoio, o ouvido atento para suas mil pequenas, mas não menos importantes dificuldades.

Aprendamos a ler nas entrelinhas dos Evangelhos e moldemos nossa vida no dinamismo, isto é, nossa força, nossa energia em ação.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 1 de novembro de 2022

Crianças do hoje, sociedade do amanhã.


É comum crianças reclamarem por terem que se levantar cedo, tomar o café, vestir o uniforme e irem para a escola.

Algumas se queixam das lições a fazer, dos trabalhos exigidos pelos professores porque, após as aulas, gostariam de brincar, assistir TV, ficarem ligadas nos seus games.

No entanto, outras, que estão sem acesso à escola, sonham exatamente com essa rotina.

Sonham com o dia em que terão uma mochila às costas, com cadernos e livros escolares. Alguns, mais ousados, sonham com o acesso ao computador, ao celular, à internet.

Recentemente, as mídias mostraram o caso de uma dessas sonhadoras. Ela foi vista nas ruas a vender doces.

Chamou a atenção por se dirigir aos passantes no idioma espanhol. Duas senhoras resolveram dialogar com ela e descobriram que a menina, natural do Equador, fala fluentemente quatro idiomas.

Além do pátrio, o francês, italiano e russo.

Contou que seus pais trabalham no circo. Por isso, aprendeu, rápida e naturalmente, algumas línguas, durante as viagens pelos demais países.

Simpática, afirmou que adora animais e seu sonho é ser veterinária.

As senhoras resolveram pagar por todos os seus doces, sem levá-los, deixando para que os vendesse a outras pessoas.

Feliz e ingênua, a garota disse que iria juntar aquele dinheiro para comprar uma casa para os seus pais.

Ela sonha em adentrar à Universidade, mas quando uma pequena soma de dinheiro lhe é depositada em mãos, como filha devotada, lembra de presentear os pais.

Como ela, muitas crianças andam pelo mundo.

Algumas, portas adentro dos nossos lares e lhes descobrimos a vontade de aprender, de trabalhar, de produzir, de ser um cidadão contribuindo de forma eficaz com a sociedade.

Outras, são como essa garota: andam pelas ruas ou vivem em casebres, pendurados em morros ou na periferia das grandes cidades.

Merecem nosso olhar cuidadoso.

Cientes de que uma nova geração vai se apresentando, nesta fase de transição planetária, cabe-nos, pais, educadores, pessoas de bem, cuidar desses pequenos.

Necessário lhes proporcionarmos condições para que suas realidades sejam adequadas ao que se espera no futuro.

Desejamos uma sociedade com mais equidade, igualdade, solidariedade.

Desejamos uma nação de homens conscientes e cidadãos operosos.

Contribuamos pois, não relegando ao abandono essas almas que apenas desabrocham na carne.

Alimento para o corpo em desenvolvimento, abrigo das intempéries e dos perigos das ruas, escola para instrução, lar para a educação, moral cristã para o correto crescimento e produção no bem.

Essa geração especial, que está enriquecendo nossas vidas, com novas formas de agir e de pensar, merece nosso cuidado.

Sobretudo, não lhe coloquemos maiores obstáculos ao progresso, à concretização dos seus sonhos de trabalho e felicidade.

O amanhã depende de nós. Essas vidas frágeis necessitam de quem as abrigue, acolha, lhes oferecendo condições de ascensão.

O mundo melhor se constrói com homens melhores. Não somente nós. Também e especialmente esses que nos parecem, por vezes, filhos de ninguém, transitando pelas vielas do mundo.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 25 de outubro de 2022

As vestes da Verdade.


A pintura A Verdade saindo do poço é um quadro idealizado pelo escultor e pintor francês Jean-Léon Gérôme.

Está ligada a uma parábola do Século XIX, que narra o encontro da Verdade com a Mentira, durante um passeio.

A Mentira elogiou o dia, o sol brilhante, sem nuvens.

A Verdade concordou, salientando a beleza dos pássaros que as rodeavam, com suas plumagens variadas.

Porque o dia estivesse muito quente, a Mentira sugeriu que se refrescassem nas águas convidativas de um lago.

Ambas se despiram, deixando suas roupas à margem e mergulharam.

Porém, logo que a Verdade se distraiu, a Mentira saiu da água às pressas, vestiu a roupa da Verdade, desaparecendo a correr.

Percebendo que tinha sido enganada e que estava sem suas roupas, a Verdade saiu do lago. No entanto, se negou a vestir as roupas da Mentira.

Decidiu que não tinha do que se envergonhar, e que, mesmo sem roupa alguma, caminharia até sua casa.

Todos os que a viram, andando despida, sequer indagaram o que poderia ter acontecido, ou porque ela se apresentava assim. Houve somente críticas para a sua atitude.

Percebeu, então, que as pessoas tinham mais facilidade em aceitar uma Mentira fantasiada de Verdade, do que ela mesma, sem nenhuma vestimenta.

Essa situação se reprisa, em nossos dias, repetidas vezes. A Mentira disfarçada atrai mais pessoas e ilude aos desavisados, que a aceitam, sem nada questionar.

A sua aceitação tão rápida se deve ao fato de que, de um modo geral, damos mais importância às aparências, que nos parecem, quase sempre, muito atraentes e sedutoras.

É assim que se acrescentam itens inexistentes a fatos, que se ilustram notícias, aumentando-lhes os detalhes. Tudo para parecer mais interessante.

                                                                  *   *   *

Importante nos indagarmos como nos comportamos, nesse mundo em que abundam as mentiras fantasiadas de verdade.

Quantos de nós, desejosos de sermos os primeiros a dar a notícia retumbante, simplesmente repassamos a terceiros o que ouvimos, lemos, ou recebemos em nossos grupos de whatsapp.

No entanto, abraçando a verdade, consideremos que ela é como o alimento, que deve ser ingerido, sem exagero, a fim de não provocar problemas.

Ou como a água, que mata a sede, mas deve ser bebida na quantidade exata, devagar.

Por isso, a verdade não deve ser aplicada com dureza, como se fosse uma arma para destruir os outros.

É necessário tato para mostrá-la. Há muitas formas de ser apresentada, sem que maltrate os outros ou fira sentimentos, sem necessidade.

Não é tanto o que se diz, que oferece resultados positivos ou desagradáveis, mas a forma como se diz.

A verdade jamais deve ser adulterada. Também não deve ser lançada como uma bomba, destruindo corações frágeis. Dosagem certa, no momento exato.

Importante nos perguntarmos: A verdade que sabemos é realmente verdade?

Se é, a quem trará benefícios a sua divulgação?

Essa medida nos dirá, exatamente, o que devemos ou não divulgar, como e quando fazê-lo.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 18 de outubro de 2022

Minha oração.


Minha oração é onde amanheço.

Onde me reconheço no que peço a vós.

Minha oração é feita de asa.

Por vezes feita em brasa, levanto a voz.

Minha oração busca o sublime.

Um pouco de sol que me anime... os passos.

 

Orar é ir à essência.

Do Pai e do filho.

Feliz experiência.

Para a alma sem brilho

Que quer algum luar.

 

Orar com paciência.

Pois quem espera sabe ouvir.

Conselho, consciência.

Que nos diz para onde ir.

E que abraça sem julgar.



Minha oração é onde amanheço.

E onde me despeço da noite e do breu.

Minha oração é feita de abraço.

                                                                   *   *   *

O indivíduo é sempre o resultado dos pensamentos que elabora, que acolhe e que emite.

O pessimista se autodestrói, enquanto o otimista se autossustenta.

Aquele que acredita nas próprias possibilidades as desenvolve, aprimora e delas se serve, com segurança.

Aquele que duvida de si mesmo e dos próprios recursos, envolvendo-se em psicosfera perturbadora, desarranja os centros de força e se exaure, especialmente quando enfermo.

A mente que se vincula à oração, se ilumina sem desprender vitalidade. Ao contrário, mais se fortalece e expande a claridade que possui.

A alma em oração adquire resistências no campo de suas energias, conquista forças indispensáveis para a manutenção dos equipamentos nervosos funcionais da mente e do corpo.

A oração revigora, a oração acalma, evitando os pensamentos viciosos e as ações impensadas que quase sempre trazem consequências infelizes.

A oração sustenta, abre possibilidades, abre horizontes novos de inspiração, de observação e sensibilidade.

A oração cura o outro, pois a rogativa sincera se faz bálsamo suave no ser que a recebe.

Também a nós mesmos, pois quem acende uma candeia se ilumina por inteiro quase sem querer.

A oração esclarece, pois quando o ser apresenta o que vai no íntimo profundo, se mostra como é, mostra seus valores e assim lança luz, sobre as áreas escuras da personalidade.

A oração é uma conexão do Espírito com sua essência e, por isso, a mais bela forma de contato com Deus.

Orar é se perceber frágil, em construção, humilde. Ao mesmo tempo, se sentir forte, vivo, pertencente a um Universo grandioso e mergulhado em amor infinito.

Quem tem o hábito de orar e ora do fundo do coração, permanece mais tempo nas sintonias benfazejas, nos pensamentos elevados que, de muitas formas, vão purificando os hábitos mentais, a própria criatura.

Quem ora está habitando o mundo de dentro e não apenas o de fora.

Quem ora encontra forças para prosseguir na marcha, não importa a gravidade da batalha ou a delonga da guerra.

Quem ora se prepara melhor para agir, pois entende que tem na prece um manancial de equilíbrio e sabedoria que o faz melhor nas ações.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 11 de outubro de 2022

Diferentes aspectos.


Observando a imensa diversidade de capacidades que encontramos na Humanidade, nos perguntamos como, afinal, fomos criados.

Terá Deus outorgado alguns dons a uns e a outros não? Há privilégios na natureza, sendo uns melhores que outros?

Considerando a coerência da Justiça Divina, chegamos naturalmente à resposta: todos fomos criados iguais, isto é, simples no sentir, e ignorantes no intelecto.

Assim, tudo o que dispomos e que nos distancia dessa simplicidade e ignorância, é conquista individual, resultante do esforço e das escolhas efetuadas a partir do livre-arbítrio, o que determina para cada qual um nível diferente na escala evolutiva.

Nessa caminhada, grande parte dos Espíritos que habitamos a Terra, já conquistamos a capacidade de discernir o bem do mal, o certo do errado, conforme os parâmetros das leis divinas.

É por essa razão que a maioria de nós não pratica deliberadamente o mal, evita prejudicar ou agir de maneira violenta para com os demais.

Porém, mesmo com esse nível de consciência e com a vontade de acertar que já nos caracterizam, é comum nos descobrirmos cometendo erros.

Nós nos propomos ser indulgentes para com os erros alheios, e nos pegamos tecendo comentários críticos, dando asas à fofoca e à maledicência.

Comprometemo-nos a ser mais pacíficos, e nos flagramos irritados, insultando os outros no trânsito e nas lides cotidianas.

Propomo-nos a ser pacientes e compreensivos e, no primeiro atrito familiar, erguemos a voz e chegamos a agressões verbais.

Desejamos ouvir mais e falar menos e, no entanto, não conseguimos ouvir toda a fala do outro, que nos parece não ter fim e o interrompemos para apresentar nossa opinião.

Por que agimos assim? Por que essa dificuldade em nos corrigirmos, em superarmos a nós mesmos?

Essa mesma angústia afligia o Apóstolo Paulo, a tal ponto que declarou para a comunidade cristã de Roma: Porque não faço o bem que eu quero, mas o mal que não quero, esse faço.

Esses diferentes aspectos que percebemos em nós, são resquícios de hábitos e valores que um dia alimentamos em nossa intimidade.

Acontece que, diante dos longos milênios do nosso existir, faz pouco tempo que passamos a direcionar os nossos esforços para valores mais nobres.

Amadurecemos intelectualmente e a razão nos esclarece a respeito dos caminhos a percorrer.

Porém, ainda não conseguimos mudar nossos hábitos milenares.

Por isso, inúmeras vezes, nas lutas cotidianas, nos vemos fazendo o que não gostaríamos de fazer.

Nós nos envergonhamos de algumas atitudes, nos arrependemos de outras, gostaríamos de nunca ter feito tantas coisas...

É natural que assim ocorra. Estamos todos em processo de aprendizado.

Dessa forma, não permitamos que esses tropeços nos desanimem ante a luta de nos tornarmos seres humanos melhores.

Entendamos que errar, sem satisfazer-se com o erro, é processo de crescimento.

Logo mais, com o continuado esforço e a disciplina de bem agir, as dificuldades de hoje se dissiparão e novas conquistas se apresentarão em nossa jornada.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 4 de outubro de 2022

VAMOS ORAR PELO BRASIL.


Poema Divino.

 Pai nosso, que estás no céu, na terra, no fogo, na água e no ar. Pai nosso, que estás nas flores, no canto dos pássaros, no coração a pulsar; que estás na compaixão, na caridade, na paciência e no gesto de perdão.

Pai nosso, que estás em mim, que estás naquele que eu amo, naquele que me fere, naquele que busca a verdade. Pai nosso, que estás naquele que caminha comigo e naquele que já partiu, deixando-me a alma ferida pela saudade.

Santificado seja o Teu nome por tudo o que é belo, bom, justo e gracioso, por toda a harmonia da Criação. Sejas santificado por minha vida, pelas oportunidades tantas, por aquilo que sou, tenho e sinto e por me conduzir à perfeição.

Venha a nós o Teu reino de paz e justiça, fé e caridade, luz e amor. Reino que sou convocado a construir através da mansidão de espírito, reflexo da grandeza interior.

Seja feita a Tua vontade, ainda que minhas rogativas prezem mais o meu orgulho do que as minhas reais necessidades.

Ainda que muitas vezes eu não compreenda mais do que o silêncio em resposta às minhas preces, não Te ouvindo assim dizer: Filho aguarda, tua é toda a eternidade.

O pão nosso de cada dia me dá hoje e que eu possa dividi-lo com meu irmão. As condições materiais que ora tenho de nada servem se não me lembro de quem vive na aflição.

Pão do corpo, pão da alma, pão que é vida, verdade e luz. Pão que vem trazer alento e alegria: é o Evangelho de Jesus.

Perdoa as minhas ofensas, os meus erros, as minhas faltas. Perdoa quando se torna frio meu coração; quando permito que o mal se exteriorize na forma de agressão.

Que, mais do que falar, eu saiba ouvir. Que, ao invés de julgar, eu busque acolher. Que, não cultivando a violência, eu semeie a paz. Que, dizendo não às exigências em demasia, possa a todos agradecer.

Perdoa-me, assim como eu perdoar àqueles que me ofenderem, mesmo quando meu coração esteja ferido pelas amarguras e dissabores da ingratidão.

Possa eu, Senhor da Vida, lembrar de que nenhuma mágoa é eterna e de que o único caminho que me torna sublime é a humilde estrada da reconciliação.

Não me deixes cair nas tentações dos erros, vícios e egoísmo, que me tornam escravo de minha malevolência.

Antes, que Tua luz esteja sobre mim, iluminando-me, para que eu te encontre dentro de minh’alma, como parte que és de minha essência.

E livra-me de todo o mal, de toda violência, de todo infortúnio, de toda enfermidade. Livra-me de toda dor, de toda mágoa e de toda desilusão.

Mas ainda assim, quando tais dificuldades se fizerem necessárias, que eu tenha força e coragem de dizer: Obrigado, Pai, por mais esta lição!

                                                                         *  *   *

Tudo o que nos cerca é poesia Divina. Há um traço de Deus em cada ser da Criação.

Busquemos por Ele no desabrochar das flores, no correr das águas, no canto do vento, no cintilar das estrelas.

Mas, acima disso, busquemos por Ele em nosso interior. Basta que, por um instante, fechemos os olhos e O sintamos: lá Ele está, dando rima aos versos de nossas vidas...

 Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 27 de setembro de 2022

A hora certa das decisões.


Tomamos decisões a todo instante.

Escolhas, palavras, ações, multiplicam-se em nosso dia a dia.

Curioso como a grande maioria delas precisamos tomar assim, no calor do momento, sem pensar muito, deixando, muitas vezes, que a força das circunstâncias decida por nós.

Aqui vai um grande alerta, um conselho dos que viveram mais do que nós, dos que estiveram nas mesmas estradas que agora trilhamos:

Não tomes decisões quando estejas emocionalmente alterado, sem o discernimento próprio para esse desiderato, porque o resultado será sempre perturbador.

A precipitação é companheira do desastre.

Primeiro, acalma-te, para depois assumires o comportamento compatível com a ocorrência em pauta.

Dessa forma, busquemos em nossa alma todo o conhecimento que já detenhamos, toda orientação moral que recebemos até este momento.

Busquemos, em nós mesmos, os conselhos da consciência, da voz das leis divinas.

Procuremos os mais sábios. Aqueles em quem confiamos. Todos os temos em nossas vidas.

Sempre haverá quem nos ofereça uma boa palavra, apresentará uma visão mais ampla de uma situação que, por vezes, enxergamos apenas por um ângulo muito pessoal.

A hora certa das decisões é a hora da ponderação, a hora do pensamento que refletiu com seriedade, e não o momento do impulso, da agitação, das emoções à flor da pele.

Percebamos no mundo quantas decisões imprudentes, tomadas em segundos, levaram a dores de séculos. Sofrimentos desnecessários, que poderiam ter sido evitados se houvesse um pouco mais de autocontrole no espírito humano.

Palavras que foram pronunciadas na hora indevida, com vibração incorreta. Gestos que feriram, que ocasionaram inimizades, conflitos que dificilmente serão esquecidos. Ações que nos colocam em ciclos de ódio e de vingança por tempos indeterminados.

Não culpemos os instintos. Não culpemos o outro. Não culpemos nem a nós mesmos.

Culpa apenas prende. Culpa apenas cristaliza sentimento nocivo.

Tomemos conta de quem somos. Sejamos senhores de nossas emoções. Assumamos as rédeas de uma vez por todas.

A hora certa das decisões é a hora da oração, do humilde pedido de auxílio a Deus, que sempre nos envia resposta e socorro no momento preciso.

A hora certa das decisões é a hora da cabeça boa, nem quente nem fria, mas entendedora da vida e de seus mecanismos.

Esta é uma vida de lutas, de provações, de aprendizados. Evitemos criar as expectativas ingênuas de uma vida sem embates, sem desafios e contrariedades.

As situações hodiernas sempre irão nos testar, sempre irão nos apresentar cenários, situações-problema, como se estivéssemos em constante prova.

Este é o panorama do planeta terra de hoje. A escola das provas e das expiações.

Saber decidir com sabedoria é uma arte - poderíamos muito bem afirmar.

A hora certa das decisões é a hora do coração em paz e da mente lúcida.

Aguardemos, ponderemos, sempre que possível.

Acostumemo-nos a agir e deixemos de reagir.

A hora certa é aquela que nos aproxima do bem.

Redação do Momento Espírita. 

terça-feira, 20 de setembro de 2022

Um mundo para nossas crianças.


Ante tantas guerras e rumores de guerras, atentados terroristas que roubam a paz das gentes simples, é de nos perguntarmos: que mundo estamos construindo para nossos filhos?

O que ofereceremos para esses pequenos que apenas desabrocham para a vida física?

O que estamos preparando para seus olhos, para seu futuro?

Importante seria se nos preocupássemos em construir um mundo onde eles pudessem viver o amanhã, mantendo o brilho no olhar.

Um mundo em que as pessoas pudessem andar livres pelas ruas, sem temer balas perdidas, arrastões ou manifestações agressivas.

Um mundo onde todos se unissem para vencer a enfermidade, a fome, a miséria, que ainda existe em tantas vielas da Terra.

Onde cada qual pensasse no melhor para a sua família e para o seu próximo.

Um mundo onde as crianças pudessem sonhar, com a única preocupação de crescer e se tornarem cidadãos úteis, trabalhadores do bem.

Criaturas que encantassem o planeta com sua arte, enchendo-o de maravilhosos sons com a sinfonia das suas vozes.

Ou com a leveza dos seus corpos na dança.

Ou com a agilidade e eficiência nas disputas esportivas.

Ou utilizassem suas mentes, suas mãos para curar enfermidades que persistem em machucar tanta gente.

Ou pudessem se dedicar a experimentos que resultassem em inventos para facilitar a vida do homem sobre a face da Terra.

Quem sabe, vencer a gravidade e lançar-se no espaço, rumo a novas descobertas, novas estrelas?

Uma criança é um raio de luz. Não apaguemos a esperança que brilha em seu olhar, em seus gestos.

Construamos um mundo em que cada criança tenha seu lugar ao sol, seja amada, possa brincar livre, vivendo intensamente sua infância.

Em que possa ir à escola, ir ao parque, à piscina, ao campo, à praia, sem medo.

                                                            *   *   *

É possível que ouvindo esta mensagem alguns de nós digamos que somos pessoas normais, vivendo o dia a dia, sem poder interferir nos conflitos armados ou em decisões armamentistas.

No entanto, pensemos em como podemos semear a paz em nossos dias, sendo menos agressivos, mais tolerantes.

Que não dirijamos nosso carro como se fosse uma arma, que respeitemos nosso semelhante, que honremos o trabalho honesto.

Há tanto para fazer neste mundo que pode beneficiar a muitos.

A vibração de amor que lançamos na direção do outro é a mesma que acalmará a onda dos conflitos armados.

A dignidade com que executemos nossas tarefas diminuirá a corrupção, a desonestidade.

A nossa doação em espécie ou em trabalho voluntário diminuirá dificuldades que se apresentam próximas ou distantes.

Um mundo novo. Um mundo para ser compartilhado com todos.

Um mundo para nossos filhos. Um mundo de esperança, bordado com as cores do arco-íris.

Comecemos hoje e unamo-nos a outros tantos que já semeiam no mundo o bem, o amor, a paz.

Façamos isso pelos nossos filhos. Pelas nossas crianças. Por nós mesmos que retornaremos, em futuras vidas, para o mundo que construirmos agora.

Redação do Momento Espírita. 

terça-feira, 13 de setembro de 2022

Brasil de todos nós.


Há de chegar um tempo em que o Brasil de todos nós será um país de paz.

Um país onde não haja a miséria de recursos amoedados, nem a ignorância das letras.

Onde todos trabalhem e haja trabalho para todos. Os que não necessitem dos valores salariais, trabalhem pelo bem geral, em voluntariado de amor.

Há de chegar um tempo em que derrubaremos os muros dos quintais, não mais cultivando o medo. E abraçaremos o vizinho como um irmão.

Um tempo onde as crianças voltem a correr pelos parques, nos dias de sol. Crianças que possam ir e vir das escolas, sozinhas ou em grupos, enchendo as ruas de risos, corridas, alegria.

Ah, Brasil, como te desejo grande! Maior do que teu território. Um Brasil sem fronteiras internas, onde os filhos do Norte e os do Sul falem a mesma linguagem, a do bem.

Onde os sotaques, os regionalismos sejam preservados, como essa diversidade sadia, característica do grande mundo de Deus.

Mas onde o idioma único seja o da fraternidade. Irmãos do Leste e do Oeste trabalhando pela mesma grandeza da nação.

Haverá de chegar um tempo, que pode ser já, se você e eu começarmos hoje a estender a mão ao vizinho e o saudar com um Bom dia, amigo!

Um tempo em que os estádios ficarão lotados com pessoas cujo objetivo é assistir um bom jogo de futebol. Um jogo onde o importante não será quem leve a taça, mas aquele que demonstre a mais apurada técnica, a melhor habilidade e a mais fina ética.

Um tempo em que as salas de teatro se abram para todos, crianças, jovens, adultos, idosos para assistir o drama e a tragédia em elaboradas peças. Assistir o cômico, rindo com prazer.

Também para ouvir a música dos imortais, o cancioneiro popular, as baladas do coração.

Haverá de chegar um tempo em que música também se ouvirá nas praças, nos parques, nas estações de trem, nos terminais de ônibus.

Então, em vez de ansiedade e preocupação, a alma se extasiará com a harmonia das notas, em escalas crescentes e decrescentes, com as melodias compostas com a mais delicada sensibilidade.

Quisera que esse dia chegasse logo para não mais ver lágrimas de mães pranteando filhos prisioneiros, mas sim deixando escorrer o pranto da emoção pelas conquistas dos seus rebentos.

Quisera que esse dia chegasse logo para ver mais sorrisos e menos dores; mais justiça e menos demagogia.

Quisera que esse dia chegasse logo para, no dia da Pátria, contemplar com emoção o pavilhão nacional tremular ao vento, mostrando suas cores, com especial destaque para o branco da paz.

E, então, cantar o hino pátrio com todo vigor:

Terra adorada, entre outras mil,

És tu, Brasil, ó pátria amada!

Dos filhos deste solo, és mãe gentil,

Pátria amada, Brasil!

Redação do Momento Espírita. 

terça-feira, 6 de setembro de 2022

Brasil renovado.


A respeito do país onde vivemos, têm se ouvido as referências mais diversas.

Há os que o consideram simplesmente um país de Terceiro Mundo e buscam, com rapidez, outras paragens. Emigram para a Europa ou América do Norte e afirmam ser felizes.

Há os que apontam os erros gritantes, as injustiças sociais, a corrupção todos os dias, em todas as horas. Contudo, nada fazem para melhorar a situação e às vezes até se servem de todas essas condições para seu próprio existir.

Há os que pregam a divisão do imenso gigante, os que desejam modificar os símbolos nacionais, os que propõem novos versos e melodia para o Hino Nacional.

Com certeza nosso país tem problemas. Mas o que necessita não é de queixas, reclames e críticas. Precisa e com urgência de que cada um de seus filhos principie a trabalhar para a construção do melhor.

E o melhor começa na mente, na emissão dos pensamentos. Observa-se que, quando o governo realiza um pronunciamento, estabelece novas leis, apresenta novos projetos, logo surgem os que clamam em coro que aquilo não vai dar certo.

Mesmo antes de experimentar, de tentar, exatamente como a criança que olha para o prato de comida e afirma: Não gosto. E não quer provar.

A soma de pensamentos negativos, derrotistas têm derrubado bons projetos, impedido ou adiado a sua concretização. Porque se o homem é o que pensa, a nação é a somatória dos pensamentos dos seus filhos.

E os pensamentos positivos, idealistas devem se corporificar na responsabilidade, no dever bem cumprido, nas obrigações atendidas. Da mente para as mãos.

                                                          *   *   *

Será que já paramos para pensar, um dia ao menos, o que é que determinou nosso nascimento neste país? Ou a sua adoção posterior?

Ninguém nasce no local errado. Portanto, as condições que a Pátria do Cruzeiro nos oferece são as de que necessitamos para o nosso crescimento.

Miséria, fome, desemprego, corrupção são desafios que devemos nos empenhar para vencer. Não foi de outra forma, vencendo desafios, que o homem saiu da Idade da Pedra para a moderna tecnologia.

Grandes mudanças se operam com a iniciativa individual ou comunitária. Basta se observe a abnegação de uns poucos em prol dos meninos de rua, das crianças carentes, dos idosos desamparados.

Eliminar o analfabetismo, ilustrar mentes, libertar as criaturas do comodismo, conscientizando-as do quanto valem, deve ser preocupação prioritária de cada um.

O Brasil tem jeito. Basta que nos empenhemos.

Brasil, o Coração do Mundo, deve pulsar forte, acenando esperanças porque o organismo terrestre não pode viver sem um coração saudável.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita. 

terça-feira, 30 de agosto de 2022

O sentido da vida.


Você já reparou como é difícil, algumas vezes, ter respostas para algumas dúvidas do dia a dia? Ter respostas para essas perguntas que nos surgem quando estamos na fila do supermercado, ou escovando os dentes ou parados no sinaleiro, dentro da condução?

Você já não teve dessas perguntas que, um dia, sem pedir licença, entram em nossa mente e ficam rodando, rodando, até que desistimos delas, ou as guardamos no fundo, bem no fundo do baú de nossa mente?

Quem de nós já não se perguntou por que nascemos em situações tão diferentes? E quanto às nossas capacidades, será que Deus nos criou assim tão diferentes uns dos outros?

E por que Ele permite haver uns na Terra com tanto e outros com tão pouco? Ou ainda, por que pessoas boas sofrem, passam por provas, por dificuldades, dores?

Se Deus é soberanamente bom e justo, se Deus é, na profunda síntese do Evangelista, amor, qual a razão disso tudo? Qual o sentido de todas essas coisas, aparentemente tão incoerentes?

Na verdade, quando essas perguntas nos surgem, é nossa intimidade buscando respostas para o sentido da vida.

São perguntas que a Filosofia vem se fazendo, desde há muito, e que refletem o anseio que cada um de nós traz na intimidade: Afinal, qual o sentido da vida? Por que estamos aqui?

Deus, ao nos matricular na escola da vida, deseja de nós que o aprendizado aconteça. Como todo pai, ao matricular seu filho na escola, Ele espera que aprendamos a lição.

Nos bancos escolares, nos matriculamos para aprender a escrever, a manipular os números, a entender um pouco as leis da Física, da Química e de tantas outras ciências. E na escola da vida, o que temos que aprender?

Jesus, no Seu profundo entendimento das Leis de Deus, foi firme ao nos ensinar que o maior mandamento da Lei do Pai é o do amor.

Assim, podemos entender que, quando matriculados na escola da vida, na escola que Deus nos oferece, Ele espera de nós essa única lição: aprender a amar.

Dessa forma, todas as oportunidades que a vida nos oferece, são oportunidades para aprendermos a amar. Seja na situação financeira difícil, ou no físico comprometido, estão aí, para nós, as melhores lições para amar.

A doença que nos surge, de maneira inesperada, é o convite à resignação e fé. O chefe difícil, intempestuoso, nos convida à compreensão.

O filho exigente é a oportunidade da paciência e do desvelo. O marido tirano, a esposa intransigente são os portadores do convite à humildade e compreensão.

A cada esquina, o que a vida nos oferece, seja da forma como ela nos oferece, sempre traz consigo oportunidade bendita do aprender a amar. Você já reparou nisso?

E o aprender a amar se faz no exercício diário desse sentimento, desdobrado nos inúmeros matizes que ele guarda em si, nas mais variadas virtudes que ele permite ser vivido.

Seja onde a vida nos colocar: no corpo doente, no lar carente, na família difícil, ali estará nossa melhor lição para amar.

Tenha sempre em mente que o maior sentido da vida é conseguir perceber e entender que ela guarda, em cada oportunidade, em cada desafio que nos oferece, bendita lição para aprender a conjugar o verbo amar.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 23 de agosto de 2022

Branca de neve e as aflições.


A rainha má queria ser a mais bela. No entanto, existia a Branca de Neve, que a ultrapassava em beleza.

Então, a rainha decidiu matá-la... Todos conhecemos essa história.

Branca de Neve a afligia. A presença dela no mundo, sua beleza faziam da vida da rainha um verdadeiro inferno.

Afinal, para ser feliz, imaginava, somente ela deveria ser bela. A mais bela.

A culpa da Branca de Neve era ser linda. Por isso, gerava o inferno no coração da rainha.

O veredicto: a morte.

                                                         *  *  *

Se analisarmos, profundamente, vamos encontrar uma rainha má dentro de nós, em diversas gradações.

Talvez ao ouvir isto pensemos: A minha é bem pequenininha. Mas tudo bem... já vale.

A rainha má colocou a culpa na Branca de Neve. A culpa de jogá-la para o segundo lugar e não deixá-la em primeiro, como gostaria.

Aliás, nem primeiro ela queria. Ela desejava mesmo ser a única. Tolice maior do que desejar ser a primeira.

Os primeiros deixam de ser, em algum momento.

O mais jovem perde o posto, assim como o mais velho, a melhor dançarina, o melhor cantor, o melhor atleta, a empresa mais rica, o empregado mais competente, o piloto pole position, o campeão de Fórmula Um...

Todos perdemos os primeiros lugares... A vida na Terra é isso: impermanência.

Quem quer ser o mais belo tem problemas sérios.

Deve saber que o posto é temporário. Todos somos substituídos, mais dia, menos dia, na posição que ocupamos.

Quantas moças lindas a rainha precisaria mandar o caçador assassinar?

Isso lhe daria paz?

Quem estava com o problema? Branca de Neve ou a rainha?

A menina linda não é o problema. O problema é de quem inveja sua beleza, pois se compara a ela.

Desejaria ser tanto ou mais bonita. A comparação é algo sem sentido.

Porque todos somos diferentes. Belos. Únicos.

O mesmo se dá com o ciumento, o rancoroso, o odiento, o perverso, o invejoso.

A culpa não está nos outros.

Se alguém tem um carro mais bonito do que o nosso, mais moderno, mais potente, não deve merecer nosso ódio, nem o devemos culpar pela nossa infelicidade.

O problema é nosso. O dono do carro nada tem a ver com a nossa insatisfação, ou com a nossa inveja.

Podemos trabalhar e adquirir um igual. Ou melhor ainda.

No entanto, reflitamos e aprendamos que não é de um carro último tipo que precisamos para sermos felizes.

Em verdade, perdemos um tempo enorme com amarguras ou inveja. Esse tempo poderia ser empregado em algo verdadeiramente útil para a nossa vida.

                                                                 *   *   *

Cada pessoa é o que fez ou faz de si mesma.

Cada conquista é trabalho individual.

As faculdades de cada um são frutos de esforços continuados, de escolhas, de realizações.

Assim, se no dia a dia a nossa rainha má surgir, pensemos com lucidez.

Lembremos: a culpa não é da Branca de Neve, não é do nosso vizinho, não é de quem tem aquilo que desejamos física ou materialmente falando.

Pensemos nisso e alteremos nosso foco.

Não importa sermos o primeiro, o maior. Importante mesmo é sermos felizes com nossas conquistas individuais, aquelas perenes, que nem o tempo, nem o ladrão nos podem tirar.

Redação do Momento Espírita. 

terça-feira, 16 de agosto de 2022

A construção do terceiro milênio.

 


Os pessimistas dizem que o mundo não tem jeito, que só se pode esperar coisas piores para o futuro.

Os saudosistas afirmam que hoje não há respeito, nem preservação dos verdadeiros valores. Enfim, tudo se encontra em declínio.

Os otimistas veem o que ocorre, as dificuldades, os desacertos, as discrepâncias sociais e assumem uma postura de quem deseja colaborar para mudar a face do mundo.

São os que saem a campo, fazendo o que possam.

Uns vão ao encontro dos enfermos para lhes proporcionar alívio. Outros resolvem amenizar o frio e a fome do seu próximo.

Outros elegem o caminho mais árduo. Investem na educação das novas gerações.

Sem medir esforços, como professores contratados ou como educadores voluntários, vão acender luzes nos cérebros e semear sensibilidade nos corações.

Numa dessas manhãs, em que nos decidimos conhecer benemérito trabalho junto à infância carente, comparecemos à veneranda instituição que, há sessenta e três anos, acende archotes de saber nas ruelas da ignorância.

A classe era de meninos de cinco a seis anos. Falava-se a respeito das profissões: a dignidade do labor de cada dia, o enobrecimento da criatura através do trabalho.

Desejando estabelecer um diálogo com os garotos, depois de alguns minutos de explanação, a professora passou a indagar a respeito da profissão que cada um desejaria seguir.

Eu quero ser ladrão! – Disse um menino, convictamente.

Eu quero ser assassino, como meu pai.

Chocamo-nos com as respostas. Não a experiente mestra que, sem demonstrar enfado ou surpresa, a todos ouviu, aduzindo uma palavra aqui, outra ali.

E agora? – Pensamos. Verificamos que aqueles meninos, apesar de tudo que recebiam, ali, em termos de valores individuais, tinham suas próprias e precisas ideias.

Contudo, logo mais, nos dirigimos a uma outra ala da instituição. Duas casas de bonecas estavam montadas.

Casas que são para meninos e meninas. Casas com mesas, cadeiras, armários, com muitas bonecas, carrinhos, bolas, brinquedos de montar.

E vimos a continuidade das mensagens do bem. Atendentes ensinando a meninos e meninas tomarem das bonecas e as acarinharem, abraçarem.

Vimos a criançada com os brinquedos de montar, incentivados a criar bonecos, móveis, utensílios, carros... em vez de revólveres, tanques de guerra e apetrechos agressivos.

Vimos meninos com bonecas ao colo, brincando de pai, num conceito diverso do que vivem, muitos deles, em seus próprios lares.

Vimos meninas brincando de preparar o almoço e servir aos colegas e às bonecas.

Vimos tanto amor, tanto cuidado, tanta dedicação. A resposta pacífica a um mundo violento. O ensinar, brincando, àqueles pequeninos, que o mundo não é somente o mal, que o amor pode tudo transformar.

E eles aprendem porque abraçam seus professores e se deixam abraçar, longamente, na chegada e na saída da instituição.

Sorriem aos visitantes, espontaneamente vão ao seu encontro e abraçam.

Vimos ali o mundo novo. Mundo que está sendo construído a pouco e pouco, naquelas mentes infantis que levarão a mensagem para onde quer que se encaminhem, na vida.

Tornar-se-ão homens de bem? Só o futuro dirá. Mas a boa semeadura está sendo realizada, dia após dia, semana após semana.

 A Construção do Terceiro Milênio...

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 9 de agosto de 2022

Oração à Terra.


Terra, perdoa minha passagem pelo teu solo!

Somente agora, livre das algemas orgânicas, me dou conta da dívida que tenho para contigo.

Bebi das tuas águas transparentes e puras, comi de teus frutos, provei o pão que teus campos me ofertaram no trigal em festa e atravessei teus prados em êxtase, como o poeta que busca inspiração para o verso ligeiro.

Pisei tuas areias e esqueci de te agradecer as praias serenas.

Banhei-me em teus salgados oceanos e não proferi uma rogativa de gratidão.

Deslumbrei-me com tuas noites estreladas e deixei fugir o instante de estesia.

Terra amada, perdoa teu filho ingrato!

Quantas sementes tive nas mãos e não depositei em teu solo fértil?

Deixei de cantar tuas belezas e me vi perdido nas madrugadas de melancolia.

Quando as criaturas me negavam socorro, teu vento me trouxe o alento da esperança, tuas manhãs inundadas de sol dissiparam minhas tristezas noturnas e teus poentes de fogo me otimizaram a existência descolorida.

Descobri, tarde, quanto te devo e nada tenho para te devolver tantas foram as bênçãos que recebi de ti.

Tuas ervas medicaram minhas feridas.

Teu silêncio aquietou a minha ansiedade.

Terra bendita, desculpa se não te valorizei!

Tenho um tributo não pago para com tua generosidade.

Agora, livre na pátria invisível, cercado dos amores do ontem, te vejo com outros olhos.

Busco teus montes altaneiros, teus desertos áridos, tuas geleiras imponentes, teu céu muito azul, ajoelhando-me em prece de gratidão.

Terra, acolhe minhas madressilvas como singela lembrança do muito que recebi de ti.

                                                                     *  *   *

Muitos de nós, como pais, lembramos de colocar, na oração que ensinamos nossos pequenos a fazer, o agradecimento especial pela escola que os recebe.

Pois bem, a Terra é uma escola toda especial. Dessas que enchem os olhos de quem a visita, pela primeira vez, observando o capricho do Arquiteto que a desenhou.

Tudo nela funciona para nos educar, tudo trabalha para nos servir. Ao mesmo tempo, para nos consolar e nos dar forças.

Se ainda não notamos isso, é que nos falta sensibilidade. Falta-nos educar o olhar.

Que possamos enxergar todas essas magnitudes da escola Terra ainda enquanto estamos por aqui, nas suas salas de aula.

A Terra tem belíssimas salas de aula, que conhecemos como família, onde todos são alunos e professores, ao mesmo tempo.

Que possamos valorizar os instantes de trabalho e descanso percebendo o que a Terra tem a nos oferecer para nos abraçar, seja enquanto nos sacrificamos, seja enquanto respiramos o ar do amor e da esperança.

Gratidão nos gestos de cuidado com o planeta.

Gratidão nas orações por tudo e por todos.

Gratidão nas mãos que auxiliam os outros alunos da instituição abençoada de ensino.

Gratidão nos pensamentos e palavras destinados a esse astro de amor espacial, esculpido pelas mãos do Celeste Arquiteto, há bilhões de anos, e que hoje nos serve incansavelmente.

Gratidão, planeta Terra!

Redação do Momento Espírita. 

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