terça-feira, 30 de janeiro de 2024

0 nascer do sol e a presença de Deus.


Após a sessão matinal de orações, o noviço perguntou ao abade:

Todas essas orações que o senhor nos ensina, fazem com que Deus se aproxime de nós?

Vou responder a você com outra pergunta. - Disse o abade.

Todas essas orações que você reza irão fazer o sol nascer amanhã?

Claro que não! O sol nasce porque obedece a uma lei universal!

Então esta é a resposta à sua pergunta. Deus está perto de nós, independente das preces que fazemos.

O noviço revoltou-se:

O senhor quer dizer que nossas orações são inúteis?!

Absolutamente. - Respondeu, com serenidade, o abade. - Se você não acordar cedo, nunca conseguirá ver o sol nascendo. Se você não orar, embora Deus esteja sempre por perto, você nunca conseguirá notar Sua presença.
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Que bela lição encontramos aqui.

Não oramos para que Deus esteja próximo e nos ouça. Oramos para criar uma ponte entre nós e o Criador de tudo e de todos.

Em verdade somos nós que precisamos nos aproximar d'Ele, assim como das coisas do Espírito, dos verdadeiros tesouros do Universo.

Somos nós que esquecemos da Providência Divina, de nossos protetores. Eles jamais se afastam de nós. Somos nós que, ao fecharmos os olhos e ouvidos da alma, nos afastamos de seus conselhos, de suas inspirações, de seu amparo.

A oração é a higiene do Espírito. Uma comunicação saudável da criatura com seu Criador.

Precisamos adquirir esse hábito, mantendo-nos constantemente em contato com o Alto, tornando-nos assim mais fortes e mais preparados para enfrentar os reveses da vida, e as vicissitudes que se apresentarem.

A oração é um diálogo de coração com coração, em que abrimos os salões de nossa alma para receber a visita de nossos amigos, daqueles que, de outras esferas, velam por nossas vidas.

Não nos preocupemos com a beleza dos dizeres, e sim com a sinceridade e a pureza de seu conteúdo.

Quando houver mais sentimento, mais honestidade em nossas palavras, mais fortes serão os raios invisíveis que nossa oração emitirá em direção ao firmamento divino.

Vale lembrar a lição do abade ao noviço: Se você não acordar cedo, nunca conseguirá ver o sol nascendo. Se você não orar, embora Deus esteja sempre por perto, você nunca conseguirá notar Sua presença.
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A seara exuberante de grãos e de frutos se distende ante as suas necessidades. Contudo, para que dela se aproveite, você terá que cozer os grãos e preparar as polpas, a fim de utilizá-los devidamente.

A chuva benfazeja se derrama sobre larga faixa terrestre, trazendo o amparo dos céus à fertilidade do chão e à manutenção das fontes.

Mas, se você pretende dela valer-se, é preciso construir a calha conveniente ou providenciar o pote que a possa recolher.

Pensando desse modo, vemos que as bênçãos do Criador, sob forma de energias balsâmicas e equilibradas, se espalham sobre todas as Suas criaturas.

Porém, para que você possa ser dulcificado por essa benesse, torna-se necessário unir-se, em sintonia feliz, a essas faixas de luz.

E a prece propicia esse diálogo, essa união.
Redação do Momento Espírita.
www.momento.com.br

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Um homem triste.


Você passou por mim com simpatia, mas quando viu meus olhos parados, indagou em silêncio porque vagueio pelas ruas.

Talvez por isso apressou o passo e, ainda que eu quisesse chamar, a palavra desfaleceu na boca.

É possível que você suponha que eu desisti do trabalho, no entanto, ainda hoje, bati de porta em porta, em vão...

Muitos disseram que ultrapassei a idade para ganhar o pão, como se a madureza do corpo fosse condenação à inutilidade.

Outros, desconhecendo que vendi minha melhor roupa, para aliviar a esposa enferma, me despediram apressados, crendo que fosse eu um vagabundo sem profissão.

Não sei se você notou quando o guarda me arrancou da frente da vitrine, a gritar palavras duras, como se eu fosse um malfeitor vulgar.

Contudo, acredite, nem me passou pela mente a ideia de furto. Apenas admirava os bolos expostos, recordando os filhinhos a me abraçar com fome, quando retorno à casa.

Talvez tenha observado as pessoas que me endereçavam gracejos, imaginando que eu fosse um bêbado, porque eu tremia, apoiado ao poste.

Afastaram-se todos com manifesto desprezo, mas não tive coragem de explicar que não tomo qualquer alimentação há três dias.

A você, todavia, que me olhou sem medo, ouso rogar apoio e cooperação.

Agradeço a dádiva que me ofereça, em nome do Cristo, que dizemos amar, e peço para que me restitua a esperança, a fim de que eu possa honrar com alegria o dom de viver.

Para isso, basta que se aproxime de mim sem asco, para que eu saiba, apesar de todo meu infortúnio, que ainda sou seu irmão.

                                                    *   *   *

Essa é a mensagem de um homem triste, quiçá como tantos que vemos perambulando pelas ruas.

É bem verdade que alguns são de fato pessoas que se comprazem na ociosidade.

Todavia, há os desafortunados que, apesar de trabalhar a vida toda, não puderam ajuntar moedas para o sustento próprio e da família e que, chegada a madureza, são condenados pela sociedade a viver como réprobos, embora sejam pessoas dignas.

É comum observarmos homens e mulheres puxando um carrinho de papéis e outros objetos recicláveis, para prover o próprio sustento.

São nossos irmãos de caminhada evolutiva que não têm coragem de viver da mendicância. Por isso trabalham com dignidade.

Muitos de nós, no entanto, nos enfadamos com essas criaturas que atrapalham o trânsito com seus carrinhos indesejáveis.

O que não nos damos conta é que, além do peso do carrinho, têm ainda que carregar sobre os ombros o peso da humilhação e do desprezo impostos por uma sociedade indiferente.

É verdade que todos nós estamos colhendo o que plantamos, e que aqueles que passam por essas situações precisam dessas experiências para crescerem espiritualmente.

Entretanto, são nossos irmãos, filhos do mesmo Pai­ Criador e merecedores, sem dúvida, no mínimo, do nosso respeito.

Se não os podemos ajudar, que não os atrapalhemos jogando-lhes palavras amargas nem menosprezando-os, dificultando ainda mais a sua caminhada.

                                                  *   *   *

Você sabia que muitas pessoas que hoje vivem na miséria já foram pessoas muito ricas em outras existências e vice-versa?

As leis divinas a todos nos reservam as lições que necessitamos para progredir.

E a lógica diz que aquele que é rico e esbanja sua fortuna em futilidades e em proveito próprio, precisa passar por necessidades materiais para aprender a valorizar os tesouros que Deus lhe empresta, a fim de que possa progredir.

Redação do Momento Espírita.
www.Momento.com.br

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Qualidade de vida.


Muito se tem falado a respeito da qualidade de vida. Fazem-se comparações entre o passado e o presente. Fala-se das conquistas médicas, que possibilitam uma perspectiva maior de vida, do conforto que a tecnologia proporciona.

Tudo está correto. Contudo, estamos nos esquecendo de olhar para outro lado.

Referimo-nos aos idosos que são deixados entregues à ociosidade, ao não fazer nada.

Consideram alguns que basta ao idoso ter alimentação, estar asseado, ter um lugar para sentar, outro para dormir.

Estamos nos esquecendo de que são seres humanos, que foram produtivos até ontem.

Foram jovens, amaram, tiveram sonhos, criaram filhos, educaram e os entregaram ao mundo. A sociedade de hoje também é produto dos seus esforços.

E não é simplesmente por estarem em idade avançada que deixam de ter sonhos, de acalentar esperanças.

Somos nós mesmos, pelas nossas atitudes, que lhes incutimos a crença de que somente devem aguardar a morte, que já fizeram tudo o que podiam.

Dia desses, ouvimos de uma senhora que os idosos precisam de quietude e repouso, que não podem sair da rotina para não ficarem atrapalhados, confusos.

Que eles necessitam estar sozinhos, que a presença das crianças, com suas perguntas e brincadeiras, os prejudica.

Mas colocando-nos no lugar deles, será que almejaríamos ficar assim, em um quarto a sós, sem quem nos falasse, incentivasse, visitasse?

Será que o fato de envelhecermos faz com que o coração esqueça os afetos e desejemos a solidão?

Por isso é que os que entram na velhice e avançam no tempo, vivem de recordações. Nós não lhes alimentamos as horas com novas e felizes lembranças.

Por que não permitir que as crianças lhes façam companhia, brinquem com eles, os agradem?

Propiciemos ao idoso a convivência com a alegria, a música, a vivacidade dos pequenos, suas mil peripécias, enquanto ministramos às crianças a lição do afeto.

Afinal, se chegarmos à idade dos nossos avós, como gostaríamos de ser tratados? Desejaríamos ser isolados do restante da família, simplesmente porque já não seguramos com tanta firmeza o talher, ou derramamos o alimento?

Lembremos de como nos trataram nossos pais, quando éramos criança. Jamais fomos isolados num canto da casa, pelo simples fato de não sabermos sustentar a colher ou nos lambuzarmos, no aprendizado de levar o alimento à boca.

Se rodeamos a infância de cuidados e atenções, não nos esqueçamos dos nossos idosos, que envelheceram no labor e com seu suor nos forneceram bases para o que hoje somos.

Não afirmemos simplesmente: idoso é assim mesmo. Porque cada um deles é um ser único, com sua individualidade, sua gama de sonhos e carências.

Ornemos a vida dos nossos queridos velhos com nossa presença amiga, alegre, otimista. Afinal, se não morrermos antes, também chegaremos lá.

                                              *   *   *

Ante os que nos precederam nos anos e galgaram mais cedo os degraus da idade, tenhamos paciência.

Ofertemos-lhes o carinho e os amparemos, em suas necessidades.

Redação do Momento Espírita.
www.momento.com.br

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

A beleza de cada um.


No momento em que a mídia enfatiza a beleza como questão de êxito para o sucesso e condição para se enriquecer de forma muito rápida; no momento em que se observa que muitos dos nossos jovens estão mais preocupados em mostrar e explorar o corpo, do que em conquistar valores reais; cabe-nos proceder a uma pequena pausa para meditação a respeito dos caminhos que temos buscado trilhar e daqueles que estamos apontando para os nossos filhos.

Conta-se que um homem acabrunhado entrou em um templo para fazer as suas orações. Em determinado momento, confidenciou a Deus:

Senhor, eu estou aqui porque em templos não há espelhos, pois nunca me senti satisfeito com minha aparência.

Então, na intimidade da consciência, ele começou a ouvir uma voz que lhe dizia, com entonação paternal:

Meu filho, nenhuma das minhas obras surgiu ou ficou sem beleza, pois, lembre-se, que tudo criei com amor.

A aparente feiura é resultado da miopia dos homens, que não sabem, por vezes, descobrir a beleza oculta.

De toda forma, lembre que não importa se o seu corpo é gordo ou magro. O que tem capital importância é que ele é o templo do Espírito imortal. Merece toda a consideração, pois, graças a ele, o Espírito atua no mundo para seu próprio crescimento.

Não importa se seus braços são longos ou curtos. O que tem valor é o desempenho do trabalho honesto que executam.

Não importa se as suas mãos são delicadas ou grosseiras. Sua função é distribuir o bem às outras criaturas. É acarinhá-las e lhes transmitir bem-estar.

Não importa a aparência dos pés. Sua função é tomar o rumo do amor e da humildade.

Não importa o tipo de cabelo, cor, comprimento e se existe ou não numa cabeça. O que importa são os pensamentos que por ela passam e que ela transmite, como criação sua, beneficiando ou destruindo seus irmãos.

Não importa a forma ou a cor dos olhos. O que importa é que eles vejam o valor da vida e, assim ilustrados, colaborem para demonstrar esse valor a outros tantos seres que não gozam da mesma facilidade.

Não importa o formato do nariz. O que importa é inspirar e expirar bom ânimo, entusiasmo, fé.

Não importa se a boca é graciosa ou sem atrativos. O que importa são as palavras que dela saem, edificando vidas ou destruindo pessoas.

                                                              *   *   *

Se você não está feliz com a sua aparência física, medite a respeito. Olhe-se no espelho, outra vez, e descubra o brilho dos seus olhos graças ao amor que lhe vai na alma.

Agradeça a possibilidade de um corpo para viver sobre a Terra, nosso lar e nossa escola.

Finalmente, recorde de grandes vultos da Humanidade que não ganharam prêmios extraordinários ou foram admirados pela sua beleza física, mas transformaram as comunidades, influenciaram o mundo com seus gestos extraordinários.

Lembre da pequenina Irmã Dulce, da Bahia, da também pequena em estatura Madre Teresa de Calcutá.

Por fim, de nosso Francisco Cândido Xavier que de sua casa, em Uberaba, portador de variadas complicações físicas, espalhava luz para o mundo através das suas mãos envelhecidas pelo tempo.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

O valor inestimável da família.


A cantora Celine Dion, décima quarta filha de uma família canadense, após o grande sucesso com a canção tema do filme Titanic, tomou algumas decisões.

A mais importante: ser mãe. Casada, desde 1994, com seu empresário, decidiu que era hora de ficar mais perto de casa. Há três anos seu marido recebera diagnóstico de câncer. Ela optou igualmente, por se dedicar a ele.

Foram dois anos de folga dos palcos, dos shows, da vida artística. Tornou-se mãe e, para não ficar distante do filho, optou por negociar um contrato que a mantivesse perto do lar.

Mudou-se para Las Vegas, saindo somente para os shows noturnos.

Disse ela: Meu filho é a prioridade. Todos os anos são importantes, mas os primeiros na vida da criança são fundamentais.

Não me importa que ele seja lixeiro, bombeiro, guitarrista, advogado, dentista, pai. Só quero que seja uma boa pessoa. Que seja generoso, responsável e tenha a mente aberta.

Às vezes, a pessoa não é ninguém na vida. Não tem dinheiro, nem sucesso, nem beleza, mas tem boas intenções e um bom coração. Deveríamos prestar mais atenção a pessoas assim.

De onde é que lhe vêm esses valores? Celine diz que tem certeza de que isso se deve à sua criação numa família sem dinheiro. Embora seus pais só tivessem o bastante para colocar comida na mesa, a porta estava sempre aberta para quem batesse.

Os quatorze filhos foram educados na base do amor. Eles me deram segurança, diz a cantora. O que quer que aconteça, quando temos essa base de amor, essa certeza de poder contar com pais e irmãos, sabemos que sempre existe alguém para nos apoiar. Com uma família grande, sei que vou ter muita gente por perto. Minha maior riqueza é a família, as pessoas que me cercam, o amor e o apoio que me dão.

A voz, continua ela, é só algo mais. Se ela não tivesse voz para cantar e fazer sucesso, seria feliz sendo mãe ou trabalhando numa loja. Sua verdadeira felicidade, confessa, são suas raízes e seus valores.

E, conclui, falando a respeito da família: Se Deus quiser, ficaremos juntos o maior tempo possível. Somos afortunados por viver cada dia. Devemos agradecer e dar valor ao que temos. Quando a morte nos vier separar, acharemos força para enfrentá-la. Assim é a vida. Ela não nos foi dada, mas emprestada.
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Os mensageiros espirituais nos ensinam que os Espíritos dos pais exercem grande influência sobre os Espíritos dos seus filhos.

Eles têm por missão desenvolver esses Espíritos pela educação, pois que têm que contribuir para o progresso deles.

Também nos ensinam que os anos primeiros da infância são de grande importância pois se constituem na base para a nova vida que iniciam.

Por isso, a família é tão importante. Nada substituirá, no mundo, o carinho, os cuidados e os valores que os pais transmitem aos seus filhos.

Valores que transcendem o tempo, o espaço, a vida terrena, pois transmigram de uma para outra etapa reencarnatória, como herança pessoal inalienável.

Redação do Momento Espírita.

Doe Sangue

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