terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Enquanto os ventos sopram.

Conta-se que, há muito tempo, um fazendeiro possuía muitas terras ao longo do litoral do Atlântico.
Horrorosas tempestades varriam aquela região extensa, fazendo estragos nas construções e nas plantações.
Por esse motivo, o rico fazendeiro estava, constantemente, a braços com o problema de falta de empregados. A maioria das pessoas estava pouco disposta a trabalhar naquela localidade.
As recusas eram muitas, a cada tentativa de conseguir novos auxiliares.
Finalmente, um homem baixo e magro, de meia-idade, se apresentou.
Você é um bom lavrador? Perguntou o fazendeiro.
Bom, respondeu o candidato, eu posso dormir enquanto os ventos sopram.
Embora confuso com a resposta, o fazendeiro, desesperado por ajuda, o empregou.
O homem trabalhou bem ao redor da fazenda, mantendo-se ocupado do alvorecer ao anoitecer.
O fazendeiro deu um suspiro de alívio, satisfeito com o trabalho dele.
Então, numa noite, o vento uivou ruidosamente, anunciando que sua passagem pelas propriedades seria arrasadora.
O fazendeiro pulou da cama, agarrou um lampião e correu até o alojamento dos empregados.
O pequeno homem dormia serenamente. O patrão o sacudiu e gritou:
Levante depressa! Uma tempestade está chegando. Vá amarrar as coisas antes que sejam arrastadas.
O empregado se virou na cama e calmo, mas firme, disse:
Não, senhor. Eu não vou me levantar. Eu lhe falei: posso dormir enquanto os ventos sopram.
A resposta enfureceu o empregador. Não estivesse tão desesperado com a tempestade que se aproximava, ele despediria naquela hora o mau funcionário.
Apressou-se a sair para preparar, ele mesmo, o terreno para a tormenta sempre mais próxima.
Para seu assombro, ele descobriu que todos os montes de feno tinham sido cobertos com lonas firmemente presas ao solo.
As vacas estavam bem protegidas no celeiro, os frangos estavam nos viveiros e todas as portas muito bem trancadas.
As janelas estavam bem fechadas e seguras. Tudo estava amarrado. Nada poderia ser arrastado.
Então, o fazendeiro entendeu o que seu empregado quis dizer. Retornou ele mesmo para sua cama para também dormir, enquanto o vento soprava.
*   *   *
Se os ventos gélidos da morte nos viessem, hoje, arrebatar um ser querido, estaríamos preparados?
Se reveses financeiros, instabilidade econômica levassem nossos bens de rompante, estaríamos preparados?
A religião que professamos, a fé que abraçamos devem nos preparar o Espírito, a mente e o corpo para os momentos de solidão, pranto e dor.
Enquanto o dia sorri, faz sol em nossa vida, fortifiquemo-nos, preparemo-nos de tal forma que, ao chegarem os tsunamis, soprarem os ventos e a borrasca nos castigar, continuemos firmes, serenos.
Pensemos nisso e comecemos ainda hoje a nossa preparação.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

A importância da família.

Andando com pressa, esbarrei em um estranho. Reconhecendo minha imprudência, voltei-me e lhe pedi que me perdoasse.
De imediato, ele respondeu: Desculpe-me, por favor, também não o vi. 
Fomos muito educados um com o outro. Sorrimos e demos prosseguimento ao nosso caminho.
Mais tarde, em casa, envolvido em tarefas, pensava no ocorrido, em como me comportara de forma tão urbana.
Imerso nessas reflexões, não percebi meu filho de apenas sete anos, que se aproximou e se postou atrás de mim.
Ao me virar, assustei-me, quase o derrubei e acabei gritando com ele, que se retirou triste. E nem me dei conta de como agira de forma equivocada.
Foi depois que vi umas flores lindas no chão, perto da porta, que algo me tocou.
Pensei: Fui tão gentil com o estranho na rua, e tão ríspido com meu filho em casa.
Recolhi as flores e o procurei para me desculpar. Mas foi ele quem falou primeiro, se escusando, dizendo que entrara de mansinho para me surpreender.
Senti-me mal e constrangido.
Tudo bem, disse, abraçando-me, amo você de qualquer jeito.
Foi nesse momento que decidi valorizar mais aqueles amores que Deus colocou ao meu lado, na formação do valioso grupo familiar.
*   *   *
A família é referência fundamental para qualquer criança. É o seu primeiro espaço de convivência.
O mundo se transforma constantemente, os conceitos mudam, os valores se alteram, mas nada destrói a importância da família.
Não importa qual seja a sua aparência, a sua formação, o seu ritmo, é na família que se aprende e se fortalecem os valores éticos.
É onde se vivem sagradas experiências afetivas, emocionais e morais.
É o primeiro espaço que ocupamos no mundo, e nada a substituirá em nossos corações.
Verdadeiro ninho de sobrevivência e proteção onde o grupo cria e alimenta laços de estima insuperável, capaz de promover a solidariedade e instaurar as bases do amor.
É no seio familiar que se faz a transmissão de valores, costumes e tradições de um clã.
Quando se realiza uma boa educação dentro do lar, seus elementos levarão consigo uma base sólida e segura para os desafios da sociedade.
Mesmo com os problemas que ocorrem cotidianamente, é junto da família que construímos a fortaleza que nos protegerá e sustentará nas lutas da vida.
Sem a família, com toda a importância que representa para as criaturas, o mundo seria um verdadeiro caos.
O diálogo, a amizade, o carinho familiar conferem a estrutura emocional para uma vida repleta de bons sentimentos e o cultivo das virtudes que tanto nos enriquecem.
Podemos afirmar que a família é a esperança sempre viva para uma Humanidade melhorada.
É a instituição capaz de solidificar atitudes afetivas e sentimentos mais profundos e significativos.
Reveste-se de especial importância por seu valor inestimável.
Ao reunirmos nossos amores no recinto familiar não percamos a oportunidade de lhes declararmos nosso amor, carinho e respeito.
E, em nossas orações, agradecidos a Deus, peçamos a bênção suprema para a nossa maior riqueza na face da Terra.
Valorizemos agora e sempre, a nossa família!

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Festa de carnaval.

O Brasil é um país de inúmeras festas.
É assombroso o número de feriados no calendário anual.
Mas, se somarmos os dias que são emendados, teremos ao longo do ano, mais de quinze dias parados. Segundo especialistas do assunto, os prejuízos são enormes para o país.
Agora, nesta época, temos o feriado de carnaval.
Em alguns lugares perde-se mais de uma semana de trabalho.
É o festejo da alegria num país de quase quarenta milhões de miseráveis.
Desde o início de janeiro a mídia vem explorando as folias de Momo, como se fosse o acontecimento mais importante do ano.
Fala-se em alegria, festa, colocar para fora as angústias contidas durante o ano passado. Infelizmente, os caminhos propostos nada têm a ver com alegria ou alívio de tensões.
Ligamos a televisão e ouvimos a batida repetitiva das escolas de samba, cujo valor folclórico e cultural foi lentamente sendo perdido. Há muita gente que busca fazer do carnaval um momento de esperança, oportunizando empregos, abrigando menores e isso é muito valioso.
Entretanto, o grande saldo da festa se resume em duas palavras: ilusão e sensualidade.
Referimo-nos à ilusão dos entorpecentes, dos alcoólicos.
A ilusão de grandeza, que falsamente produz um imenso contraste entre a beleza da avenida e a subvida dos barracos.
Falamos da sensualidade que se torna material de venda, nos corpos desnudos e aparentemente felizes por fora, mas muitas vezes profundamente infelizes por dentro.
As emissoras não cansam de exibir os bailes, os concursos de fantasias, os desfiles, levando-os a todos os que se comprazem em observar a loucura.
Mas, ao longo do caminho, multiplicam-se os doentes de AIDS, os abortamentos, a pobreza e o abandono, a violência.
Com o risco de sermos taxados de moralistas, num tempo em que se perdem as noções de moralidade, não podemos deixar de analisar criticamente esses disparates do mundo brasileiro.
Em nenhum momento nos colocamos contra a alegria. Porém, será justo confundir euforia passageira com alegria real?
Alegria de verdade seria viver num lugar onde não houvesse fome, violência, tráfico de drogas e tráfico de influências.
Não podemos nos colocar contra o alívio de tensões. Entretanto, alívio real seria encontrar um caminho para os graves problemas que o país atravessa.
O carnaval é bem típico da alienação espiritual que a sociedade se permite. De um lado, as falsas aquisições sociais de alguns, negadas pela agressividade de muitos; de outro, a falsa felicidade de quatro dias de folia, e trezentos e sessenta e um dias de novas e renovadas angústias.
Vale a pena?
Nessas horas, pessoas embriagadas, perdidas, usam um segundo de falso prazer, em troca de um enorme tempo de arrependimentos. Por quê?  - Perguntamos.
As pessoas pulam, vibram, e nem ao menos sabem o motivo da festa. Vão porque as outras pessoas também vão.
Enquanto a sociedade agir dessa forma, sem personalidade digna, dando valores justamente aos desvalores, as pessoas continuarão sofrendo as consequências de seus próprios atos.
Vamos fazer desses dias de feriado, dias de alegria verdadeira, em paz conosco mesmos.
Vamos meditar, ler, pensar. Vamos conviver com nossa família e amigos, trocar ideias salutares.
Vamos orar também por aqueles que ainda não tiveram consciência de fazer o bem conforme o Cristo nos recomendou, e padecem nesses instantes de euforia descontrolada.
Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Circulo de amor.

Ele estava um pouco apressado, mas viu a senhora, com o automóvel parado no acostamento. Percebeu que ela precisava de ajuda.
Parou seu carro e se aproximou. O veículo dela era novo, contudo, apresentava problemas.
Mesmo com o sorriso que o homem estampava na face, ela ficou preocupada.
Ninguém tinha parado para ajudar durante a última hora. Quais seriam as intenções daquele estranho? Pensou.
Ele percebeu que ela estava receosa e lhe disse: Eu estou aqui para ajudar, senhora. Pode esperar dentro do carro que está mais quentinho. A propósito, meu nome é Bryan.
O problema era só um pneu furado.
Logo, estava trocado. Enquanto Bryan finalizava o serviço, a senhora abriu a janela do carro e começou a conversar.
Contou que estava de passagem por ali. Morava noutra cidade, e não sabia como agradecer pela preciosa ajuda.
Bryan apenas sorriu. Ela perguntou quanto devia. Qualquer quantia teria sido muito pouco para ela.
Já tinha imaginado todas as terríveis coisas que poderiam ter acontecido se a noite a tivesse surpreendido sozinha, naquela estrada.
No entanto, Bryan não pensava em dinheiro. Gostava de ajudar quando alguém tinha necessidade.
Aquele era seu modo de viver e nunca lhe ocorreu agir de outra maneira.
Se realmente quiser me reembolsar, disse Bryan, da próxima vez que encontrar alguém que precise de ajuda, dê a ela a ajuda que precisar. E acrescentou: E pense em mim.
Ele esperou até que ela saísse com o carro e também se foi. Aquele havia sido um dia frio e cinzento. Ainda assim, ele se sentia muito bem.
Alguns quilômetros depois, a senhora encontrou um pequeno restaurante e entrou para comer alguma coisa. Não era um restaurante daqueles que ela costumava frequentar.
A garçonete veio até ela e lhe dirigiu um doce sorriso. Um sorriso que, mesmo com os pés doendo por um dia inteiro de trabalho, não se apagara.
Notou que a jovem estava nos últimos meses de gravidez e, ainda assim, não deixou a tensão e as dores mudarem sua atitude.
A senhora ficou curiosa em saber como alguém que tinha tão pouco, podia tratar tão bem a uma estranha. Então se lembrou de Bryan.
Terminada a refeição, enquanto a moça buscava o troco para a nota de cem reais, a senhora se retirou.
A garçonete voltou e procurou localizar a cliente. Achou apenas algo escrito no guardanapo, sob o qual havia mais cinco notas de cem reais.
Havia lágrimas em seus olhos quando leu: Você não me deve nada, já tenho o bastante. Alguém me ajudou há pouco e da mesma forma estou lhe ajudando. Se você realmente quiser me reembolsar não deixe este círculo de amor terminar em você.
Quando a jovem foi para casa, deitou-se ao lado do marido e ficou pensando no dinheiro e no que a senhora deixara escrito.
Como ela podia saber o quanto ela e o esposo precisavam de dinheiro? Com o bebê para o próximo mês, tudo estava difícil!
Virou-se para o marido, que dormia tranquilamente ao lado, deu-lhe um beijo carinhoso e sussurrou: Tudo ficará bem, Bryan. Eu amo você.
*   *   *
O amor produz um efeito positivo em quem o recebe e, de maneira mais intensa, em quem o pratica.
Por essa razão, o amor é e sempre será a melhor opção.
Pensemos nisso.

Doe Sangue

Doe Sangue