quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Silenciar, meditar e orar

Ela estava com o coração apertado dentro do peito.

As lágrimas só esperavam as comportas cederem para que rolassem pelas faces.

Os pensamentos turbilhonavam em sua mente e não encontravam direção certa a seguir.

Os gemidos se espremiam na garganta.

O que fazer meu Deus, em momentos assim? Fazemos tudo com a melhor boa vontade, para vermos os nossos amores felizes, e somos interpretados de maneira tão equivocada...

Desgastamo-nos além do normal para lhes oferecer um agrado, e somos feridos verbalmente, por interpretações infelizes...

Ela se dirigiu ao quarto esperando desafogar aquelas incômodas sensações.

Foi nesse instante que se deparou com uma mensagem, que estava sobre a cômoda. Era um pequeno folheto sem autoria. Nem lembrava de tê-lo recebido e deixado ali.

Agora, sentou-se e leu:

Na hora da tempestade, quando os raios recortam os céus, os trovões bombardeiam os ares e a chuva cai pesada, muitas vezes em pedras de gelo, não tema, silencie e ore.

Não fazemos ideia do objetivo Divino por trás desse espetáculo assustador.

A atmosfera, embora sofrendo o ataque das forças da natureza, terá seu ar saneado, tornando-se mais leve e saudável.

Muitas vezes, as tempestades particulares que sofremos trazem consigo sagradas oportunidades de nos calarmos e orarmos, para que a nossa intimidade se torne mais suave.

*   *   *

Ela ficou a pensar: De onde terá vindo este papel com dizeres tão apropriados ao reequilíbrio do meu estado de ânimo, neste momento?

Ainda segurando o papelzinho nas mãos, sentiu as lágrimas quentes deslizarem pelo rosto.

Peito e garganta foram registrando um progressivo relaxamento e o pensamento começou a clarear.

Ela compreendia agora o fato de que estamos sempre mergulhados nas energias que criamos ou que recebemos.

Algumas, são energias especiais que nos fortalecem, geradas por palavras, músicas, leituras ou um abraço que nos aconchega...

Outras, pesadas ou negativas, que tanto podem ser criadas por nossos próprios pensamentos, palavras e atos como recebidas de pessoas que nos cercam, e que nos contagiam em momentos de descuido nosso.

Dependendo da forma como agimos ou reagimos, transformamos essa carga energética em uma verdadeira tempestade particular.

Para que o ambiente seja abençoado com novos ares mais leves e saudáveis, a receita é justamente silenciar e orar.

Silenciar para não tumultuar mais o ambiente, calar nosso orgulho ferido para não fazermos cobranças, e orar para afastar o pensamento da sintonia malfazeja e completar o saneamento necessário.

Uma prece que brote da nossa intimidade e rogue:

Senhor Deus de amor, quanto ainda precisamos aprender sobre as leis maiores da vida.

Ajuda-nos a ter sempre em mente que podemos melhorar nosso interior, o ambiente dos nossos lares e nossos relacionamentos.

E que para realizarmos esse intento, muitas vezes basta silenciarmos, meditarmos e orarmos.

Orarmos pedindo por nós mesmos, pelos nossos amores, pelo nosso próximo, pela Humanidade...

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Favor do coração

Era uma sexta-feira, cidade do interior, uma reunião importante levara aquela advogada e sua assessora até ali. 

As duas tinham passagem marcada para o voo das 19:30h, em outra cidade.

Seriam duas horas na estrada até chegar ao aeroporto. A reunião tardou além do previsto e ambas tomaram um táxi, pedindo pressa.

O taxista se dispôs a driblar o tráfego intenso da rodovia, enveredando por um atalho em estrada não asfaltada. Dizia conhecer bem o caminho, que lhes abreviaria a chegada ao destino.

Não demorou muito para as jovens perceberem que aquela ideia não fora nada boa.

A estrada era ruim e foi ficando pior. O carro começou a arrastar-se lentamente, e, por fim, o motor deu seu último suspiro. Ninguém nas redondezas que pudesse auxiliar.

E a chuva começou a cair. Pouco depois, uma caminhonete dos correios passou e, ao aceno de Lídia, a assessora, parou.

No entanto, o servidor público escusou-se dizendo que não poderia levá-las em seu veículo. Era contra o regulamento da empresa.

O desespero foi chegando devagarinho. Perderiam o voo, com certeza.

Nisso, surgiu a salvação. Um pequeno caminhão carregado de sacos de milho até o teto e no banco traseiro da cabine.

Antes que elas acabassem de explicar todo seu drama, o motorista foi dizendo:

Bom, se as senhoras não se importarem, não tem problema...

Ambas jogaram suas malas por cima do milho e se acomodaram no banco dianteiro.

Livres da chuva, logo verificaram que aquele transporte também não desenvolvia boa velocidade. E os ponteiros do relógio avançavam sempre mais rápidos.

Para tornar a situação ainda mais tensa, o motorista, em certo momento, fez um comentário: As senhoras não deveriam andar por esta estrada. Este é o caminho do tráfico.

Por fim, estressadas, roupas e cabelos molhados, chegaram ao aeroporto, em cima da hora do embarque.

A advogada trazia em mãos uma sacola de uvas, que lhe havia sido presenteada por um dos colegas. Desejando agradecer àquela alma generosa que desviara sua rota para as deixar no aeroporto, ela lhe ofereceu as uvas. Também uma nota de cinquenta reais.

O homem simples avaliou a situação e respondeu: Dona, as uvas eu aceito. Mas, o dinheiro, não. Eu fiz esse favor com o coração.

E, tornando a ligar o motor do seu pequeno caminhão, se foi, abrindo caminho entre carros particulares, táxis e ônibus que deixavam passageiros naquele terminal.

*   *   *

Pessoas corretas, desejosas de auxiliar o próximo existem muitas.

Por vezes, ante tantos noticiários tristes de assaltos, corrupção, desonestidade, esquecemos que homens e mulheres de boa índole somam-se às centenas neste imenso mundo de Deus.

Encontram-se em toda parte, à espreita de uma oportunidade de servir.

Sequer declinam seus nomes. Simplesmente auxiliam. E, depois, com a mesma simplicidade, retomam seu caminho e suas vidas, que, a muitos, podem parecer pequenas.

Almas simples, almas boas. Quantos de nós já fomos auxiliados, em algum momento, por uma dessas, em nossa jornada?

Filhos de Deus, servidores do bem. Pessoas que prestam favores com o coração. Exemplos de que nós também, onde nos encontremos, podemos agir de igual forma.

Pensemos nisso.

Riqueza e Pobreza

Aquela mãe era muito especial. Com dez filhos, ela conseguiu educar sua filha até a segunda série, sem que ela se desse conta da pobreza em que vivia.

Afinal, a menina tinha tudo de que precisava: nove irmãos e irmãs para brincar, livros para ler, uma boneca feita de retalhos e roupas limpas que ela, habilidosamente, remendava ou, às vezes, fazia.

À noite, ela lavava e trançava o cabelo da filha para que ela fosse à escola no dia seguinte. Seus sapatos estavam sempre limpos e engraxados.

A menina era feliz na escola. Adorava o cheiro de lápis novos e do papel grosso que a professora distribuía para os trabalhos.

Até o dia em que, subindo os degraus da escola, encontrou duas meninas mais velhas. Uma segredou para a outra: Olha, esta é a menina pobre. E riram.

Mary ficou transtornada. No caminho para casa, ficou imaginando porque as meninas a consideravam pobre. Então olhou para seu vestido e, pela primeira vez, notou como era desbotado, um vinco na bainha denunciando que tinha sido aproveitado.

Olhou para os pesados sapatos de menino que estava usando e se sentiu envergonhada.

Quando chegou em casa, sentia pena de si própria. Também, pela primeira vez, descobriu que o tapete da cozinha era velho, que havia manchas de dedos na pintura meio descascada das portas.

Tudo lhe pareceu feio e acanhado. Trancou-se em seu quarto até a hora do jantar, se perguntando porque sua mãe nunca lhe contara que eles eram pobres.

Decidiu sair e enfrentar sua mãe. Nós somos pobres? Perguntou de repente.

Ficou esperando que sua mãe negasse ou desse uma explicação satisfatória.

Pobres? - Repetiu a mulher, pousando a faca com que descascava batatas. Não, não somos pobres. Olhe para tudo que temos.

E apontou para os filhos que brincavam na outra sala.

Através dos olhos de sua mãe, a menina pôde ver o fogo da lareira que enchia a casa com seu calor, as cortinas coloridas e os tapetes de retalhos que enfeitavam a casa.

Viu o prato cheio de biscoitos de aveia sobre a cômoda. Do lado de fora, o quintal que oferecia alegria e ventura para dez crianças.

Talvez algumas pessoas pensem que somos pobres em matéria de dinheiro, mas temos tanto...

E com um sorriso, a mulher se virou para preparar mais uma refeição para sua família. Em sua grandeza, ela nem se dava conta que, a cada noite, ela alimentava muito mais do que estômagos vazios.

Ela alimentava o coração e a alma de cada um dos filhos.

*   *   *

Riqueza e pobreza podem ser tidas como formas de se encarar o mundo. Para quem idealiza que recursos amoedados lhe poderão conceder tudo o que deseje em coisas materiais, riqueza será ter muito dinheiro à disposição.

Para quem pense na vida como uma extraordinária experiência, em que os sentimentos sejam prioridade, com certeza pensará que pobre é quem não tem a quem amar ou que o ame.

Recursos como saúde, família, afeto não se adquirem senão com zelo, empenho e amor.

Humanizar-se

O que difere o ser humano dos outros seres?

Talvez alguns pensem que a pergunta carece de propósito, pois somos tão diferentes dos animais.

Porém, se perguntarmos a um biólogo, esse diria que, geneticamente, pouco nos diferenciamos de inúmeras espécies animais.

Segundo o filósofo alemão Immanuel Kant, o que nos distingue dos animais é a capacidade de nos educarmos, de nos tornarmos humanos.

Para ele, a nossa condição de humanos é adquirida, é conquistada pela educação.

Sem ela, diria Kant, estaríamos muito próximos dos animais.

Percebemos que, biologicamente, fisicamente, guardamos várias semelhanças às espécies animais que habitam o nosso planeta.

Porém, somos infinitamente diferentes deles, justamente porque não somos apenas um ser biológico.

Somos um ser espiritual, com a capacidade de nos educarmos, de alçar voos no rumo da humanização.

Educar é formar e transformar o homem, para que ele desenvolva todas as suas potencialidades e capacidades.

É pelo processo de educação que ganhamos sabedoria e angelitude.

Assim, à medida que investimos em nossa educação, não só intelectual, mas também moral, vamos progredindo, afastando-nos sempre mais da pura condição animal, cada vez mais humanos.

Não é raro encontrarmos pessoas com atitudes que se igualam, por vezes, a das espécies animais, pelo barbarismo, violência ou grosseria.

São almas onde o processo de educação ainda engatinha, ensaia os primeiros e vacilantes passos.

Outros apresentam grandes conquistas intelectuais, porém ainda com valores morais torpes e vis.

Esses desenvolveram sua humanidade em apenas um aspecto, esquecendo-se que também somos seres morais.

E há aqueles sábios em verdade, onde seus profundos conceitos e reflexões ganham coerência com atitudes nobres, pautadas no bem.

Esses são os que já deram passos largos rumo às potencialidades maiores da alma.

Considerando tudo isso, podemos pensar que nossa vida, nossa reencarnação é uma grande oportunidade de nos educarmos, de nos humanizarmos.

Todo o investimento que fizermos para desenvolver nosso intelecto, os estudos e conquistas acadêmicas, nos apoiam nesse sentido.

Porém, também são necessários esforços para adquirirmos e desenvolvermos valores morais.

Jesus, modelo e guia da Humanidade, tinha desenvoltura intelectual para travar diálogos de profundos significados com os mais sábios doutores.

E da mesma forma, a doçura de seu coração era capaz de curar as feridas da carne e as dores da alma de todos que o buscavam.

Por isso Ele é o grande modelo de homem integral para todos nós.

Não somente pleno de conhecimento e sabedoria, mas também sublime nos sentimentos.

Essas são as conquistas que nos aguardam, que esperam nossos esforços.

A larga estrada, que nos conduz, da simplicidade e ignorância até a angelitude e sabedoria.

domingo, 1 de janeiro de 2017

Nossos votos de um Feliz Ano Novo aos nossos leitores

SAUDAÇÃO

Irmãos, eu vos saúdo com o dia nascente da alegria de viver, aureolada pela gratidão de Deus.
Cada novo dia é abençoada oportunidade de crescimento espiritual e de iluminação interior.

Te convido a atravessar o rio dos problemas, de uma para outra margem, onde se encontram as formosas atividades de engrandecimento moral, na tarefa inteligente da pessoa que almeja pela conquista da felicidade.

Quando se abre a mente e o coração à alegria, é possível descobri-la em toda parte, bastando olhar-se para a vida e ei-la jubilosa.

Quando se adquire a consciência da responsabilidade, de imediato sente-se que se é livre, mas essa liberdade é sempre conquistada pela ação que se converte em benção de amor.

Eis porque o trabalho de qualquer natureza deve ser realizado com o sentimento do amor, o que equivale a uma postura de liberdade em ação.

Quando o amor se instala, a alegria de viver explende como resultado da própria alegria de ser consciente.

Adapta-te, desse modo, às ocorrências existenciais, alegrando-te por estares no corpo, fruindo a oportunidade de corrigir equívocos, de realizar novos tentames, de manter convivências saudáveis de enriquecimento incessante.

A vida com alegria é, em si mesma, um hino de louvor à Deus, quem cultiva a alegria de viver já possui um tesouro.

Espalhe-o onde te encontrares e oferta-o a quem se te acerque, tornando mais belo o dia a dia de todos os seres com o sol do teu júbilo.

Alegra-te com a vida que desfrutas e agradece sempre a Deus a glória de saber e de amar para agir com acerto.

Que assim seja por todo o sempre.

FELIZ 2017!

São os votos de toda a equipe do Jornal Mundo Maior.

Doe Sangue

Doe Sangue