terça-feira, 27 de junho de 2017

A grave problemática da corrupção.

Conforme o dicionário, corrupção é adulteração, deturpação, alteração, desvirtuamento, entre outros significados.

Nos dias em que vivemos, muito se tem falado a respeito dela. E pensamos que corrupção esteja intimamente ligada aos que exercem o poder público.

Ledo engano. Está de tal forma disseminada entre nós, que, com certeza, somos poucos os que nela não estejamos envolvidos, de alguma forma.

Vejamos alguns exemplos.

Quando fabricamos um produto com qualificação inferior, para alcançar maiores lucros, e o vendemos como de qualidade superior, estamos sendo corruptos.

Quando adquirimos uma propriedade e, ao procedermos a escrituração, adulteramos o valor, a fim de pagar menos impostos, estamos disseminando corrupção.

Ao burlarmos o fisco, não pedindo ou não emitindo nota fiscal, estamos nos permitindo a corrupção.

É como se houvesse, entre todos, um contrato secretamente assinado no sentido de Eu faço, todos fazem e ninguém conta para ninguém.

Com a desculpa de protegermos pessoas que poderão vir a perder seus empregos, não denunciamos seus atos lesivos.

Atos como o do funcionário que se oferece para fazer, em seus dias de folga, o mesmo serviço, a preço menor do que aquele que a empresa a que está vinculado estabelece.

Ou daquele que orienta o cliente, no próprio balcão, entregando cartões de visita, a buscar produto de melhor qualidade e melhor preço, segundo ele, em loja de seu parente ou conhecido.

Esquece que ele tem seu salário pago pelos donos da empresa para quem deveria estar trabalhando, de verdade.

Desviando clientes, está desviando a finalidade da sua atividade, configurando corrupção.

Corrupção é sermos pagos para trabalharmos oito horas e chegarmos atrasados, ou sairmos antes, pedindo que colegas passem o nosso cartão pelo relógio eletrônico.

É conseguirmos atestados falsos, de profissionais que a isso se prestam, para justificarmos nossa ausência do local de trabalho, em dias que antecedem feriados ou outras datas de nossa conveniência.

É promovermos a quebra ou avaria de algum equipamento na empresa, a fim de termos algumas horas de folga.

Corrupção é aplaudirmos nosso filho que nos apresenta notas altas nas matérias, mesmo sabendo que ele as adquiriu à custa de cola.

E que dizer dos que nos oferecemos para fazer prova no lugar do outro? Ou realizar toda a pesquisa que a ele caberia fazer?

Examinemos com mais vagar tudo que fazemos.

Mesmo porque nossos filhos têm os olhos postos sobre nós e nossos exemplos sempre falarão mais alto do que nossas palavras.

Desejamos, acaso, que a situação que vivemos em nosso país tenha prosseguimento?

Ou almejamos uma nação forte, unida pelo bem, disposta a trabalhar para progredir, crescer em intelecto e moralidade?

Em nossas mãos, repousa a decisão.

Se desejarmos, podemos iniciar a poda da corrupção, hoje mesmo, agora.

E se acreditamos que somente um de nós fazendo, tudo continuará igual, não é verdade. Os exemplos arrastam.

Se começarmos a campanha da honestidade, da integridade, logo mais os corruptos sentirão vergonha dos seus atos.

Receberão admoestações e punições, em vez de aplausos e se perceberão desonestos em vez de espertos.

E, convenhamos, se não houver quem aceite a corrupção, aqueles que a propõem acabarão por si mesmos.

Pensemos nisso. E não percamos tempo. O mundo, para ser melhor, aguarda isso de nós todos.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 20 de junho de 2017

As energias da alma.

O quarto dele mais parecia um depósito. Sobre um móvel havia quadros, fotos, tudo amontoado, sem ordem alguma.

Pelo chão, estavam espalhadas caixas de aparelhos eletrônicos, há muito tempo sem utilidade.

Pastas, cadernos, livros, papéis faziam pilhas pelos cantos, em cima de mesas e cadeiras.

Numa grande estante, estavam fitas cassete, de vídeo, DVDs e CDs. Notava-se, além da desorganização, o desleixo, porque uma grossa camada de poeira podia ser vista.

O armário, por sua vez, mal podia ter as portas encostadas, abarrotado que estava de roupas, casacos, sapatos, chinelos.

Interessante que a quase totalidade desses itens já não lhe servia. No entanto, tudo ficava ali guardado para ser utilizado, algum dia.

A casa toda era uma grande confusão, demonstrando que organização e limpeza, andavam longe dali, há muito tempo.

*   *   *

A organização do ambiente em que vivemos ou no qual trabalhamos, dos móveis, objetos, roupas, retratam o nosso mundo interior.

Por causa disso, importante aprendamos a renovar a energia dos ambientes em que nos encontramos, abrindo janelas, permitindo que os raios do sol a tudo invadam e que o vento realize a sua visita benfazeja, varrendo para longe os miasmas acumulados.

Da mesma forma, nos disciplinarmos para manter estantes e armários organizados, descartando ou doando a terceiros tudo o que não mais nos seja de utilidade.

Roupas que permanecem o verão, primavera, outono e inverno sem deixarem as gavetas, as prateleiras, estão exigindo doação.

Quando abrimos espaços em caixas, baús, estantes, ao mesmo tempo estamos dilatando nossas próprias percepções mentais.

Arejando a casa, o escritório, igualmente arejamos a mente.

E se nos dispomos a doar roupas e utensílios que não nos estão sendo úteis, pensemos em quantos benefícios poderemos proporcionar a quem deles necessita.

Dilatando espaços físicos, nos sentiremos mais leves, com um ar de renovação a nos envolver.

*   *   *

Com o nosso ambiente externo organizado, é igualmente importante analisar mais profundamente outra situação.

Na maioria das vezes, também costumamos guardar entulho dentro de nós mesmos.

São mágoas, desgostos, tristezas, sofrimentos passados, lembranças de dores vividas e revividas que vamos arquivando na intimidade.

E se objetos amontoados se enchem de poeira e roupas encerradas em armários tendem a ficar emboloradas e se tornarem alimento para traças, esses sentimentos e emoções retidos em nossa intimidade, somente nos causam incômodos, desconforto, gerando doenças.

E, da mesma forma que a luz solar fica impedida de adentrar um local abarrotado de coisas, a luz do amor fica impossibilitada de adentrar um coração cheio de sentimentos negativos.

Para nosso próprio bem, façamos circular as energias, as boas energias.

Ventilemos os ambientes externos, organizando e retirando o que não usamos, e renovemos nossos sentimentos, deixando o amor fluir.

A higiene física nos auxilia a ter boa saúde. As boas energias da alma nos auxiliam a manter o equilíbrio interior.

Pensemos nisso.

terça-feira, 13 de junho de 2017

Renascendo das cinzas.

O termo resiliência se deslocou do mundo da física para o comportamental. Em princípio, traduz a capacidade de um corpo se deformar por conta de agentes externos e, em seguida, se recuperar.

No campo comportamental, o papel da resiliência corresponde à capacidade humana de enfrentar, vencer e sair fortalecido de situações adversas.

Ser resiliente é um processo que se ativa dentro de nós de acordo com as necessidades impostas pelas dificuldades da vida.

Todos dispomos dessa ferramenta e ela se fortalece através das características pessoais de cada um.

Tais características determinam nossa maneira de enxergarmos uma situação penosa, bem como a forma pela qual reagimos diante dela.

Uma jovem que se tornou viúva na reta final de sua gravidez, escreveu:

Um homem tem uma morte súbita dois meses antes do nascimento do seu único filho. Assim nasce esse blog, tentando entender e explicar dois sentimentos opostos e simultâneos vividos pela viúva e mãe, que, no caso, sou eu. Uma pressa em falar para Francisco sobre seu pai, sobre o mundo e sobre mim mesma.

Para conseguir lidar simultaneamente com duas emoções tão fortes e contrárias – de um lado o luto e, de outro, as alegrias da maternidade, ela criou o blog, a fim de contar ao filho as histórias dela e do pai.

Eu não queria deixar de viver o luto porque tinha acabado de me tornar mãe. E não queria deixar de ficar feliz por ter acabado de me despedir do meu amor, conta ela.

Mais tarde, as histórias se transformaram em um livro, intitulado para Francisco.

*   *   *

Resiliência.

Cada dia é uma nova oportunidade diante dos sonhos a serem realizados, dos objetivos a serem alcançados, dos limites a serem superados.

Os desafios são inúmeros, é verdade. As dores, por vezes, enormes, parecendo quase insuportáveis. As lágrimas, incontáveis.

Todavia, o sofrimento é responsável por nos fazer descobrir quem realmente somos, distanciando-nos das ilusões que possuímos acerca de nós mesmos.

Quando nos julgamos pobres, o desafio das minguadas condições materiais nos ensina que o pouco é sempre mais do que suficiente.

Quando reclamamos de nossa família, imperfeita e desarmoniosa, as lágrimas saudosas do ente querido que retornou para o outro plano da vida nos mostram o quão felizes somos na companhia de nossos familiares.

Quando nos esquecemos dos amigos e, egoístas, nos negamos a estar em sua companhia, a dor da solidão nos recorda de que a mão de Deus nos alcança através do nosso próximo.

*   *   *

A mitologia nos fala de uma ave de penas brilhantes, douradas e vermelho-arroxeadas que, após viver muitos anos, ao se aproximar sua morte, entra em autocombustão, renascendo das próprias cinzas, algum tempo depois.

O que nos falta para renascer, sorrir e sermos felizes?

Podemos, sob a luz da resiliência, transformar as lágrimas ontem derramadas nessa capacidade de enxergar todas as possibilidades do hoje, do amanhã e de nós mesmos.

Pensemos nisso!
                                                                           Redação do Momento Espírita.

sábado, 10 de junho de 2017

FELIZ DIA DOS NAMORADOS

Casar todos os dias.

Para nós, quando efetivamente uma pessoa se casa? Quando entendemos que alguém está casado com outro alguém?
Para alguns de nós, a resposta pode ser no sentido legal. Afirmamos, portanto, que casar é mudar o estado civil, é regulamentar uma situação perante a sociedade, é registrar a relação a dois em um cartório.
Se entendemos dessa forma, a concretização se dá com a certidão de casamento.
Mas, outros entendemos que o casamento se efetiva com uma cerimônia religiosa.
Independente de culto ou rito, da liturgia ou do credo, imaginamos que nos casamos após as promessas trocadas e o vincular a Deus a relação a dois.
Entretanto, não poucos de nós cremos que para estarmos casados basta ter a vida em comum, uma vida de relação na intimidade, dividindo o teto, o tempo vago, as preocupações.
Então, quando, efetivamente, casamos?
Todo relacionamento inicia com um certo encantamento, um sentimento diferente no peito, uma atração peculiar, quase irresistível.
A convivência ao longo dos dias, as experiências compartilhadas, permitem que o sentimento passe a diferentes patamares, ganhando raízes e profundidade.
Sutil no seu desenvolver, quando nos damos conta esse sentimento vai nos vinculando a quem nos permitimos nessa vida de relação.
Portanto, o casar é apenas o coroamento de uma relação que iniciou despretensiosa, e que se instalou, ganhando importante espaço emocional em nossa intimidade.
Não importa se para essa relação buscamos uma cerimônia civil, ou se nos vinculamos sem o compromisso da certidão de casamento.
Não importa se buscamos ou não alguma cerimônia religiosa.
Estar casado será muito mais a postura íntima que temos para com quem elegemos estar conosco do que as exterioridades que possam nos indicar o vínculo matrimonial.
E essa postura íntima se constrói aos poucos, e para a vida toda.
Ninguém está definitivamente casado e nenhum sentimento está pronto, acabado e congelado no tempo.
Casar é o reafirmar do compromisso, diariamente, em pequenos detalhes, ou grandes momentos.
Isso quer dizer que casamos todos os dias.
Casamos com o outro quando chegamos em casa à noite com o doce preferido do nosso par, porque lembramos de fazer uma pequena parada, na confeitaria, a fim de surpreender e agradar.
Casamos quando as preocupações do outro passam a ser as nossas, em uma postura não invasiva, mas de solidariedade, a fim de estarmos sempre prontos quando nos requisitar o apoio.
Casamos quando vibramos com as conquistas do outro como se nossas fossem, seja no reconhecimento profissional, nas conquistas pessoais, nas lutas que vence.
Casamos quando na doença conseguimos nos colocar como enfermeiro, nas dores como psicólogo, nas frustrações como amigo solidário, nas conquistas como aquele que mais vibra.
Sem esses cuidados e conquistas diárias, talvez o casamento feneça, arrefeça seu brilho e se perca no emaranhado de emoções desencontradas, que ainda carregamos no peito.

terça-feira, 6 de junho de 2017

Perdão libertador.

Ela se chamava Megan e tinha uma chefe terrível.
Quando Megan chegava pela manhã e falava bom dia, ela respondia com uma pergunta: Por que não chegou mais cedo?

Se chegasse antes da hora, a chefe não estava lá, mas ficava sabendo e lhe perguntava se ela não sabia qual o horário do expediente, mesmo depois de trabalhar ali há tantos anos.

Era uma mulher má. Implicava com tudo. Até que um dia Megan se cansou e decidiu se demitir.

Vou sair, mas antes vou dizer tudo o que tenho vontade. - Foi o que pensou.

Exatamente naquele dia ela estava almoçando, quando encontrou a doutora Casarjian, que a convidou para assistir a um curso, à tarde.

Não posso, foi a sua resposta.

Por que não?

Megan falou sobre a chefe que vivia implicando com ela e a doutora Casarjian disse que pior a situação não poderia ficar.

Além do que, se recebesse uma bronca por faltar ao trabalho, naquela tarde, ao menos haveria um motivo.

Ao se lembrar de que no dia seguinte iria se demitir, Megan resolveu ir ao curso. Ali ouviu referências a respeito do perdão.

O perdão é bom para você, falava a doutora. Se você perdoar alguém que o ofendeu ele continua do mesmo jeito. Mas você se sentirá bem.

Se você perdoar o mentiroso, ele continuará mentiroso, mas você não se sentirá mal por causa das mentiras dele.

Ao final daquelas horas, Megan concluiu que a sua chefe estava muito doente.

No dia seguinte, tomou uma resolução: Não vou deixar que ela me atormente mais. E nem vou abandonar o trabalho que eu gosto.

Megan chegou e cumprimentou: Olá.

A chefe foi logo lhe perguntando o que tinha acontecido. Ela estava diferente. Megan falou que havia participado de um curso, que estava bem consigo mesma e a convidou para tomar chá, ao final da tarde.

A reação veio logo: você está me convidando só para eu não reclamar de você?

Pode reclamar, até mandar descontar as horas da minha ausência. Mas insisto no chá.

E foram. Durante o chá, a chefe falou da sua surpresa em ter sido convidada. Ela sabia que era intratável. Também falou da sua emoção. Nunca ninguém a convidara para um lanche, um café.

Acabou por falar das suas dores. O marido lhe batia, o filho vivia no mundo das drogas. Por isso ela odiava as pessoas. Era infeliz e reagia, agredindo.

Semanas depois, era a própria chefe que comparecia ao novo curso da doutora Casarjian a respeito do perdão.

*   *   *

Perdoar é libertar-se. Quem agride é sempre alguém a um passo do desequilíbrio.

Quem persegue nem pode imaginar o quanto se encontra enfermo.

Sem dúvida, a felicidade pertence sempre àquele que a pode oferecer, que a possui para dar.

Nosso maior exemplo é Jesus. Poderia ter reagido às agressões, mas preferiu perdoar e amar, por saber que aqueles que o afligiam eram Espíritos atormentados em si mesmos. Por essa razão, dignos de perdão.

De nossa parte, se tivermos ainda muita dificuldade para perdoar, pensemos que tudo passa. Passam as coisas ruins, passam as pessoas que as provocam. Só o bem permanece para sempre.

Doe Sangue

Doe Sangue