domingo, 31 de dezembro de 2017

FELIZ ANO NOVO.

Momento de avaliação.
No encerramento de cada exercício e início de um novo, é inevitável para as empresas a estruturação de um balanço, em relação aos investimentos estabelecidos.
Receita e despesa, confrontados, resultam no saldo que caracteriza o acerto ou a incapacidade do administrador.
No que diz respeito à economia moral, é imprescindível fazer-se uma avaliação das conquistas realizadas durante a ocorrência de cada período.
Indispensável, para bem se aquilatar de como se vai e de como programar-se a etapa nova.
*   *   *
Os minutos sucedem-se, gerando as horas.
Os dias passam, estabelecendo meses.
Os anos se acumulam e as estruturas do tempo se alteram.
Quem conhece Jesus é convidado a investir, nos divinos cofres do amor, as moedas que a sabedoria lhe faculta em forma de maior iluminação, pela renúncia, caridade, perdão e esperança.
De tempos em tempos, impostergavelmente, torna-se necessário um cotejo do que foi feito em relação ao programado, para medir-se o comportamento durante o trânsito dos compromissos.
Façamos hoje, no encerramento ou início da experiência, uma avaliação-balanço.
Constatada a presença de equívocos, disponhamo-nos a corrigi-los.
Identificados os êxitos, preparemo-nos para multiplicá-los.
Logrados os sucessos, apliquemo-los em favor do bem geral.
Detectados os malogros e sofrimentos, abençoemos a dor e a dificuldade que nos devem constituir impulso e estímulo para o prosseguimento.
Tenhamos, no entanto, a coragem de uma avaliação honesta, sem desculpas, sem excesso de intransigência.
*   *   *
Hora de balanço é hora séria.
Proponhamo-nos à pausa da reflexão com a coragem de nos despirmos perante a consciência.
A ajuda dos amores ao redor é preciosa, uma vez que, por vezes, a autovisão poderá estar embaçada por desequilíbrios ou traumas vivenciados.
Perguntar como nos enxergaram durante tal período específico, sobre esse ou aquele aspecto, é bastante válido e propício.
São opiniões que devem ser levadas em conta nesta grande avaliação-balanço produzida em nosso mundo íntimo.
Suponhamos que a desencarnação nos surpreendesse e nos não fosse possível omitir, escamotear ou fugir à responsabilidade que adquirimos perante a vida, face à dádiva da reencarnação.
Experiência que passa, enseja lição que permanece.
E, de aprendizado em aprendizado, o relógio da eternidade nos propiciará o crescimento no rumo de Deus e na aquisição da virtude da paz.
Redação do Momento Espírita, com base no livro:-  
Alegria de viver, pelo Espírito Joanna de Ângelis, 
psicografia de Divaldo Pereira Franco

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Você lembrará.

Quando os cabelos nevados lhe aureolarem a face...
Quando os dias se fizerem frios, porque a gélida solidão faz presença ao seu lado...
Quando seus dias se fizerem de insistente saudade, você lembrará...
Lembrará das tardes quentes, quando levava a passear os pequenos e havia risos de alegria, lambuzeira de sorvete e pipocas espalhadas pelo carro.
Recordará das brincadeiras dos meninos, usando a mangueira do jardim para se molharem uns aos outros, em vez de regar as plantas.
Lembrará de sua voz recomendando menos bagunça, economia de água, de energia elétrica...
Lembrará das mãos pequeninas que mexiam em sua orelha, enquanto os olhinhos tentavam se fechar, entregando-se ao sono.
Lembrará do ursinho de pelúcia, de olhos grandes, deixado no banco de trás de seu carro, acompanhando-o em viagem de negócios, em visitas a clientes.
O ursinho que ficava ali, sempre à disposição, aguardando o retorno de seu dono, ao final do dia.
Lembrará das vozes perguntando: Pai, você me ergue? Não estou vendo nada daqui. Eu sou muito pequeno.
Você me carrega? Tô cansado.
Mami, você me gosta?
Lembrará do lanche da tarde, das visitas inesperadas portando sorrisos e flores; das festas surpresas nos aniversários; das cartas que chegavam com perfume de lembrei de você; das viagens com os amigos; dos amores, dos afagos, das lágrimas de emoção e contentamento.
Você lembrará...
Tudo passará no caleidoscópio das memórias, trazendo-lhe ao coração ternura e saudade.
*   *   *
Pense nisso, nos dias que vive e aproveite ao máximo o alimento do afeto, da presença, da alegria.
Mantenha a aparência jovial, embora o tempo teime em lhe colocar fios de prata nos cabelos bastos e arabescos na face.
Conserve o sorriso espontâneo e claro, mesmo que a alma esteja em trajes de luto.
Memorize os momentos felizes e arquive tudo no canto mais privilegiado de sua mente.
Não esqueça nenhum detalhe: o dia cheio de luz ou a chuva insistente; as roupas coloridas, o boné levado pelo vento; os risos, o machucado, o aconchego dos pequenos em seu colo; o adormecer cansado em seus braços, após as horas de corrida e travessuras pelo parque; o cheirinho de bebê, o perfume do xampu, os cabelos escovados ou despenteados, rebeldes, jogados aos ombros.
Observe tudo. Grave tudo. Um dia, quando a solidão se sentar ao seu lado, esses detalhes, essas pequenas grandes coisas lhe farão companhia.
Você as retirará, uma a uma, do baú de memórias e alimentará as suas horas, para continuar a ser feliz, como hoje o é.
E talvez nem se dê conta do quanto é feliz.
Preparando a felicidade do seu amanhã, você acabará por descobrir, ainda hoje, o quanto é feliz.
Pense nisso... E aja agora.

sábado, 23 de dezembro de 2017

FELIZ NATAL

À todos os nossos Amigos e Irmãos um Natal de Amor.

Que este Natal seja um momento especial, em que Jesus esteja presente em seu coração.

Que as palavras pronunciadas por Ele, há mais de dois mil anos, possam encontrar lugar em seu espírito, com a simplicidade, o trabalho e a confiança em Deus, essência dos ensinos de Jesus.

Que o Natal ganhe um novo significado em sua vida, para que brilhe a sua luz, para que você seja aquele que semeia a paz, que vivencia o amor universal.

Neste Natal, canta um poema de amor a Jesus, celebrando-Lhe o aniversário com a tua transformação moral para melhor, mantendo a tua aliança com Ele e levando-O em forma de bondade e de misericórdia a todos aqueles que cambaleiam nas sombras da dor, da revolta e do esquecimento social.


Este é o sentido do verdadeiro Natal: O amor de Deus para com os homens.


O amor dos homens uns para com os outros, em nome do Divino Amor que se chama Jesus. 


F e l i z - N a t a l ! ! !

Jornal Mundo Maior.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

A Estrela do Natal.

Naquela manhã, avó e neta carregavam diversos enfeites e diminutas lâmpadas coloridas. Chegara o esperado dia de enfeitar a árvore de Natal.
Aos poucos, o belo pinheiro foi se transformando: luzes cintilantes o iluminavam, bolas de cores variadas o adornavam e, no topo, uma estrela fulgurante arrematava a encantadora decoração.
Algumas horas depois, a árvore de Natal estava completamente enfeitada.
Vovó, eu gosto muito de decorar o pinheirinho de Natal com você! - Revelou a menina, aconchegando-se no colo da gentil senhora.
E eu gosto muito que você me ajude a fazer isso, minha filha, redarguiu a avó, sorrindo.
Mas você sabe, prosseguiu, é preciso também que enfeitemos o pinheirinho que todos temos dentro do coração.
Um pinheirinho dentro do coração? - Questionou a menina, sem compreender.
Sim, respondeu a avó. O Criador plantou no coração de cada um de nós um pinheirinho. É nossa responsabilidade enfeitá-lo, assim como enfeitamos a árvore que agora ilumina a nossa casa.
Mas, vovócomo podemos enfeitar o pinheirinho do coração?
Ora, minha filha, nós o enfeitamos com laços, bolas coloridas, luzes e até mesmo com uma estrela como esta, explicou a senhora, indicando a estrela que fora colocada, no topo da árvore, que ambas haviam enfeitado.
Mas como fazemos isso?
A avó abraçou a neta, correndo-lhe os dedos pelos cabelos, e respondeu:
Quando somos caridosos, quando perdoamos, quando amamos, criamos laços fraternos com aqueles que estão ao nosso redor.
São esses laços que enfeitam o pinheirinho que Deus plantou em nós.
Da mesma forma, a gentileza, o respeito, a humildade, a empatia, a generosidade, são as bolas coloridas com as quais enfeitamos a árvore do coração.
As luzes, prosseguiu a avó, são nossas orações. Todas as vezes que falamos com Deus, uma cintilante luz brilha em nosso interior, iluminando nosso caminho.
E a estrela, vovó? - Questionou a menina, olhos brilhantes, atenta à explicação.
A estrela é a fé. Fé que, quando cultivada, brilha no céu de nossas almas e transforma o choro e a tristeza em esperança.
E nos fortalece a vontade para continuar perseguindo nossos sonhos, até os vermos concretizados.
Abraçando a neta, a avó finalizou: Lembre que não há, minha filha, nenhuma estrela mais cintilante do que a fé e nenhuma luz mais brilhante que a oração.
*   *   *
A poetisa Cora Coralina escreveu certa vez: Enfeite a árvore de sua vida com guirlandas de gratidão.
Em sua lista de presentes, em cada caixinha embrulhe um pedacinho de amor, ternura, reconciliação, perdão!
No estoque do coração, a hora é agora!
Enfeite seu interior! Seja diferente! Seja reluzente!
*   *   *
Neste Natal, ofertemos para o desafeto, o perdão; para o oponente, a tolerância; para o próximo, o amor; para a criança, o exemplo; para o passado, a lição; para o presente, a oportunidade; para o futuro, a confiança; para nós mesmos, o nascimento de Jesus em nossos corações.
Feliz Natal para todos nós!

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Ser luz.

O crepúsculo descia num deslumbramento de ouro e brisas cariciosas. Ao longo de toda a encosta, acotovelava-se a multidão.

Centenas de criaturas se aglomeravam ali, a fim de ouvirem a palavra do Senhor, na paisagem que se aureolava dos brilhos singulares de todo o horizonte pincelado de luz.

Eram velhinhos trêmulos, lavradores simples e generosos, mulheres do povo agarradas aos filhinhos. Entre os mais fortes e sadios, viam-se cegos e crianças doentes, homens maltrapilhos, exibindo os vermes que lhes corroíam as mãos e os pés.

Todos se comprimiam ofegantes. Ante os seus olhares esperançosos, a figura do Mestre surgiu na eminência enfeitada de verdura, onde sopravam brandamente os ventos amigos da tarde.

Deixando perceber que se dirigia aos vencidos e sofredores do mundo inteiro,Jesus, pela primeira vez, pregou as bem-aventuranças celestiais.

Sua voz caía como bálsamo eterno, sobre os corações desditosos.

Aila estava entre eles. Nunca ouvira alguém falar assim. Algo naquele estrangeiro a encantava. O filho pequeno que carregava nos braços, antes agitado, assustado com os ruídos externos da multidão, agora estava calmo, de olhos abertos, como se também prestasse atenção nas palavras do Mestre.

Em determinado momento, ela teve a impressão de que seus olhares se entrecruzaram. Ele lhe parecia familiar... De onde O conhecia?

Sentiu algo singular que lhe tocou as cordas íntimas da alma. Parecia um convite... mas, um convite para quê?

Nesse exato instante, a voz marcante deixava no ar as palavras inesquecíveis:

Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre o monte.

Nem os que acendem uma candeia a colocam debaixo do alqueire, mas no velador, e ilumina a todos que estão na casa.

Assim, resplandeça a vossa luz adiante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.

Ela, então, compreendeu o suave chamado: Ele queria que ela fosse luz ao Seu lado.

                                                                          * * *

Num planeta onde se fala de tanta sombra, de tantas dificuldades, de tamanhanoite na alma, temos ideia do que significa ser a luz do mundo?

Parece algo pretensioso? Algo apenas para grandes Espíritos?

Não, não se trata de ser a luz do mundo, isto é, uma única luz que iluminará todas as trevas do globo. O que o Mestre quis dizer foi que a claridade na Terra virá de cada um de nós, de nossas potencialidades, de nosso esforço individual, de nossas virtudes.

Ele via em nós, em gérmen, tudo que tínhamos ainda por desenvolver. Via na semente pequenina a certeza da árvore frondosa.

Seu recado era simples: Brilhe, deixe sair essa luz que você já dispõe, não a esconda, não permita que suas imperfeições, suas mazelas, o impeçam de irradiar essa luminescência grandiosa.

E Ele foi e é a prova viva de que isso é possível, pois iluminou o mundo naqueles momentos benditos em que esteve entre nós.

Ele se fez Luz do mundo e veio nos convidar a sermos igualmente luz.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

O que te faz melhor.


Narra-se que Leonardo Boff, num intervalo de uma conversa de mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, perguntou ao Dalai Lama:
Santidade, qual a melhor religião?
O teólogo confessa que esperava que ele dissesse: É o budismo tibetano. Ou são as religiões orientais, muito mais antigas que o Cristianismo.
O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, olhou seu inquiridor bem nos olhos, desconcertando-o um pouco, como se soubesse da certa dose de malícia na pergunta, e afirmou:
"A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus. É aquela que te faz melhor."
Para quem sabe sair da perplexidade diante de tão sábia resposta, Boff voltou a perguntar:               O que me faz melhor?
"Aquilo que te faz mais compassivo; aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável"...
"A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião"...
Boff confessa que calou, maravilhado, e até os dias de hoje ainda rumina a resposta recebida, sábia e irrefutável.
O Dalai Lama foi ao cerne da questão: a religião deve nos ser útil para a vida, como promotora de melhorias em nossa alma.
Não haverá religião mais certa, mais errada, mas sim aquela que é mais adequada para as necessidades deste ou daquele povo, desta ou daquela pessoa.
Se ela estiver promovendo o Espírito, impulsionando-o à evolução moral e estabelecendo este laço fundamental da criatura com o Criador –independente do nome que este leve ela será uma ótima religião.
Ao contrário, se ela prega o sectarismo, a intolerância e a violência, é óbvio que ainda não cumpre adequadamente sua missão como religião.
O eminente Codificador do Espiritismo, Allan Kardec, quando analisou esta questão, recebeu a seguinte resposta dos Espíritos de luz:
Toda crença é respeitável quando sincera, e conduz à prática do bem. As crenças censuráveis são as que conduzem ao mal.
Dessa forma, fica claro mais uma vez que a religião, por buscar nos aproximar de Deus, deve, da mesma forma, nos aproximar do bem, e da sua prática cotidiana.
Nenhum ritual, sacrifício, nenhuma prática externa será proveitosa, se não nos fizer melhores.
Deveríamos empreender nossos esforços na vida para nos tornarmos melhores.
Investir em tudo aquilo que nos faz mais compreensivos, mais sensíveis, mais amorosos, mais responsáveis.
A melhor doutrina é a que melhor satisfaz ao coração e à razão, e que mais elementos tem para conduzir o homem ao bem.
*   *   *
Gandhi afirmava que uma vida sem religião é como um barco sem leme.
Certamente todos precisamos de um instrumento que nos dirija. Assim, procuremos aquela religião que nos fale à alma, que nos console e que nos promova como Espíritos imortais que somos.
Transmitamos às nossas crianças, desde cedo, esta importância de manter contato com o Criador, e de praticar o bem, acima de tudo.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Construindo a felicidade.

O desânimo lhe pesava aos ombros, como nunca antes.

Embora tentasse ser otimista, buscar o melhor de cada situação, para ela, aqueles dias se mostravam desafiadores.

Dentro do lar encontrava a incompreensão a julgar todas as suas ações.

No trabalho, as exigências desmedidas de um chefe intolerante, a pedir mais e mais.

E as dificuldades financeiras habituais, equilibrando-se no orçamento entre lá e cá das dívidas e compromissos assumidos.

Naquele dia, as aflições pareciam tomar um volume mais intenso, a extravasar-lhe do coração.

Foi assim que encontrou velho amigo, que sempre fora seu conselheiro nas horas mais cruciais.

Reconhecendo-lhe na face as dores que a alma passava, convidou-a para uma conversa fraterna.

Parece que este mundo não é para a felicidade. – Desabafou ela, logo de início.

Será que somos condenados às dores, suplícios, dificuldades? Não temos direito de sermos felizes? – Questionou, com a voz embargada pelas lágrimas que insistiam em inundar seus olhos.

O amigo, profundo conhecedor da natureza humana, falou, com tranquilidade:

Não sei do que você está falando. Vejo você mesma, neste instante, construindo sua felicidade!

Você deve estar brincando, só pode... Não vê meu estado, não percebe o que estou passando?

Mesmo assim insisto, você está construindo sua felicidade. Muitas pessoas chamam de felicidade o sorriso fácil das festas sociais, ou o dinheiro gasto para amealhar bens, ou a quantidade de posses em seu nome.

Essa é uma felicidade que logo se esvai... Logo que o dinheiro mude de mãos, a saúde não permita mais as extravagâncias, e as ilusões se encerrem em um golpe de dor.

Existem, sim, aqueles que trafegam por estradas estreitas, em desafiadoras provas. Porém, toda prova bem entendida, corretamente vivenciada, constrói virtudes em nossa intimidade.

E as virtudes que vamos conquistando serão a fonte permanente da felicidade que poderemos usufruir sem medo, quando se implantarem, em definitivo, em nós.

Hoje você passa pela incompreensão no lar. Mas é lá que você está desenvolvendo a paciência.

No trabalho, enfrenta a intolerância do chefe desmedido. Mas é lá que você se faz aprendiz da humildade e da compreensão.

As dificuldades financeiras que lhe surgem lhe dão o ensejo de ser comedida, paciente, resignada perante a vida.

Nos dias mais atribulados, nas dificuldades mais intensas, estamos realizando os esforços necessários para cultivarmos as virtudes e valores nobres de que ainda não dispomos.

Imaginar que ser feliz é ter dinheiro, comprar tudo que se deseja, ou dar vazão a todas as nossas extravagâncias é tolice de nossa imaturidade emocional.

Para concluir a conversa, ponderou o velho amigo:

Lembre-se de que as dores e dificuldades pelas quais está passando, logo mais deixarão de existir.

Entretanto, as virtudes, insculpidas a duros golpes nestes dias difíceis, acompanharão você para sempre.

Um breve silêncio se fez entre ambos. Ela olhou o amigo, abraçou-o e, aconchegando-se a ele, como alguém que sente ter encontrado um porto seguro, agradeceu.

Estava renovada para prosseguir nas lutas, enfrentando as dificuldades.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Amados e amáveis.

Todos desejamos ser amados. Mas será que já compreendemos a necessidade de sermos amáveis?
A História nos conta que todos os que foram hóspedes de Theodore Roosevelt, o presidente americano, ficaram espantados com a extensão e a diversidade dos seus conhecimentos.
Fosse um vaqueiro ou um domador de cavalos, um político ou diplomata, Roosevelt sabia o que lhe dizer.
E como fazia isso? A resposta é simples: Todas as vezes que ele esperava um visitante, passava acordado até tarde, na véspera, lendo sobre o assunto que sabia interessar particularmente àquele hóspede.
Porque Roosevelt sabia, como todos os grandes líderes, que a estrada real para o coração de um homem é lhe falar sobre as coisas que ele mais estima.
O ensaísta e outrora professor de literatura em Yale, William Phelps, aprendeu cedo esta lição.
Narra a seguinte experiência:
Quando tinha oito anos de idade, estava passando um final de semana com minha tia.
Certa noite chegou um homem de meia idade que, depois de uma polida troca de gentilezas, concentrou sua atenção em mim.
Naquele tempo, andava eu muito entusiasmado com barcos, e o visitante discutiu o assunto, de tal modo, que me deu a impressão de estar particularmente interessado no mesmo.
Depois que ele saiu, falei vibrante: “Que homem!”
Minha tia me informou que ele era um advogado de Nova York, que não entendia coisa alguma sobre barcos, nem tinha o menor interesse no assunto.
“Mas, então, por que falou todo o tempo sobre barcos?”
“Porque ele é um cavalheiro. Viu que você estava interessado em barcos, e falou sobre coisas que lhe interessavam e lhe causavam prazer. Fez-se agradável!”
*   *   *
Inspirados nessas duas ricas experiências, indagamos: Será que nos esforçamos para nos tornarmos agradáveis aos outros?
Será que encontramos neste mundo cavalheiros com tais características de altruísmo e polidez?
São raros, infelizmente. Por isso, a lição nos mostra mais um caminho para a verdadeira caridade, ou mais uma sutil nuança dessa virtude.
Se desejamos ser amados, obviamente que precisamos nos esforçar para sermos amáveis!
A amabilidade é esta qualidade ou característica de quem é amável, por definição.
É ser polido, cortês, afável. É agir com complacência.
Allan Kardec, ao estudar a afabilidade e a doçura, na obra O  Evangelho segundo o Espiritismo, conclui:
A benevolência para com os semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que são a sua manifestação.
*   *   *
Não será porque sorrias a todo instante que conseguirás o milagre da fraternidade. A incompreensão sorri no sarcasmo e a maldade sorri na vingança.
Não será porque espalhes teus ósculos com os outros que edificarás o teu santuário de carinho. Judas, enganado pelas próprias paixões, entregou o Mestre com um beijo.
Por outro lado, não é porque apregoas a verdade, com rigor, que te farás abençoado na vida.
Na alegria ou na dor, no verbo ou no silêncio, no estímulo ou no aviso, acende a luz do amor no coração e age com bondade.
Cultiva a brandura sem afetação. E a sinceridade, sem espinhos. Somente o amor sabe ser doce e afável.

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Os dois montes.

No ano 100 a. C., foi edificada a fortaleza de Massada, nome derivado desse imenso planalto na Cordilheira da Judeia.
Toda a região era árida, o clima hostil e ardente. Poucas vezes, as chuvas amenizavam o tormento das pedras calcárias que os ventos e as poucas torrentes cavavam, produzindo abismos.
O deserto da Judeia pode ser comparado a muitos sentimentos humanos, nos quais não brotam as delicadas expressões da gentileza, do amor, da compaixão ou da solidariedade.
Na solidão do deserto são inevitáveis a morte ou a comunhão com a Divindade.
Após a queda de Jerusalém, algumas centenas de pessoas buscaram abrigo em Massada.
Então, oito mil soldados sitiaram a fortaleza. Depois de vários meses, conseguiram penetrar a forte muralha.
Mas, as novecentas e setenta pessoas, entre crianças, mulheres e homens haviam sido mortas e o autor se suicidara.
Tudo para não se renderem aos romanos.
Sobreviveram à tragédia duas mulheres e cinco crianças, que se esconderam, e mais tarde narraram o acontecimento pavoroso.
Massada passou para a História como o triunfo, a vitória da liberdade sobre a escravidão, pela prática generalizada de crimes de homicídio e suicídio.
*   *   *
Na fértil e verde Galileia existe um monte de menor altura de onde se contempla o mar generoso e rico de peixes.
A natureza ali é alegre, as flores desabrocham.
Tudo fala de vida social pacífica, de amizade, de lutas e de esforços para a sobrevivência no dia a dia existencial.
O rio Jordão é o responsável por aquele abençoado mar, que as barcas atravessam de um lado para o outro entre as inúmeras cidades que o embelezam, como pérolas num colar.
Nesse local, Jesus ensinou as mais valiosas lições da Sua doutrina.
As bem-aventuranças tornaram-se o hino internacional de beleza e de misericórdia, de vida exuberante e de esperança, de emoções sublimes e de venturas.
O poema tomou conta das mentes e dos corações dos simples em espírito, dos mansos e pacíficos, dos esfaimados e sedentos de paz e justiça, dos misericordiosos, dos perseguidos.
Aquela região é abençoada pela beleza e pelo perfume de uma quase eterna primavera, com lembranças felizes e alegrias renováveis.
No monte das bem-aventuranças o verde continua e a suave melodia, que ali foi cantada, permanece engrandecendo as vidas que se movem em sua volta como símbolo de grandeza do amor.
Ali foram estabelecidas as bases éticas e morais da doutrina de Jesus.
Nunca mais se ouviu nada que se igualasse ao que ali foi apresentado.
Na sociedade terrestre existem pessoas que fazem recordar Massada, temida e detestada, dominadas pela força bruta e pela ambição desmedida.
Também existem pessoas que são semelhantes às paisagens do outro monte, o das venturas excelsas, da generosidade ímpar, da renúncia e da abnegação, do sacrifício da própria vida em favor do seu irmão.
Massada continua ardente quase sempre ou gelada nos dias frios do inverno.
O monte esperança permanece agasalhador e vital para o ser humano, ameno e gentil, evocando o amor.
O que somos nós: o monte árido ou o monte da esperança?
Pensemos nisso.

terça-feira, 7 de novembro de 2017

O manacá.

O manacá é uma planta conhecida da Mata Atlântica e espalhada por todo o Brasil.
Ela se adapta bem aos solos pobres, por isso mesmo recomendável para o povoamento de áreas devastadas.
Possui considerável valor ornamental, podendo ser usada em maciços ou isoladamente, na composição dos jardins.
De um modo geral, a coloração das flores ao abrir é branca, alterando depois para o lilás e o roxo-violáceo.
Um manacá em flor proporciona um verdadeiro show natural, que merece admiração.
Possivelmente por esse motivo aquele projeto de árvore, miúdo, baixinho, nos chamou a atenção.
Na sua pequenez, apresentava-se carregado de flores. Não se sabia, de imediato, se era um arbusto florido ou um ramalhete de flores coloridas que alguém plantara na terra.
Ele mostrava todo seu viço ao sol da manhã e nos detivemos alguns minutos contemplando-o.
Como podia aquela árvore minúscula assim se mostrar rica de flores? Ela mal colocara o caule reduzidos centímetros acima do solo...
E, olhando-o, entre o espanto e a admiração, é como se ouvíssemos o manacá nos dizer: Eu sou um manacá. Fui plantado para florir, para embelezar este lugar.
Então, veja o que eu fiz. Eu floresci. Não importa que eu seja minúsculo, eu fiz a minha parte, eu cumpri a minha missão.
Sou flores, cores, beleza.
*   *   *
Deveríamos ser como o manacá: atender nossa missão, não nos considerando pequenos, ou inúteis.
Importante é que façamos aquilo para o qual viemos para este mundo. Ou seja, progredir.
E para progredir temos que estudar, reflexionar, ler, meditar.
Aprender e executar. Realizar a parte que nos toca no concerto da Criação.
Viemos ao mundo para cumprir um plano. E ninguém é pequeno demais para atender o que lhe foi estabelecido ou escolheu, por vontade própria, antes de nascer.
Podemos não conquistar o primeiro lugar no curso em que nos matriculamos, mas podemos conclui-lo com honra, extraindo dele o melhor.
Podemos não ser o funcionário número um em desempenho, mas podemos realizar a função que nos cabe com seriedade, disciplina, da melhor forma que nos permitam nossas habilidades.
Podemos não falar várias línguas mas podemos utilizar palavras preciosas do nosso idioma, como obrigado, por favor, é possível?
Podemos não ter o QI mais elevado da equipe profissional, mas podemos desenvolver a consciência do dever retamente cumprido.
Podemos ser os únicos a atravessar a rua na faixa de pedestres, a ceder nosso lugar no coletivo a quem reconhecemos ter alguma dificuldade na sua mobilidade.
Podemos ser os únicos a cumprir todos nossos deveres, a pagar todas as nossas contas, a honrar nossos compromissos.
Podemos, enfim, ser como o manacá. Um ser minúsculo que acredita não será jamais notado.
Mas, exatamente imitando-o, podemos surpreender a quem se aproxime de nós pela nossa gentileza, nossa disposição de servir, nossa vontade de ajudar.
Permitamos, pois, que qualquer que se nos aproxime receba o perfume da nossa boa vontade, as cores da nossa fraternidade, a beleza da nossa solidariedade.
Pensemos nisso. Sejamos no mundo, o manacá minúsculo, na aridez das pedras, explodindo em cores e perfumes, embelezando as veredas, surpreendendo as pessoas.

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Morrer lentamente.


Morre lentamente quem não sorri para uma nova manhã, quem esqueceu de olhar as estrelas na noite anterior e quem não se encanta com a grandiosidade da natureza à sua volta.
Morre lentamente quem não encontra graça em si mesmo, quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor, ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão seu guru, ou sua única companhia.
Morre lentamente quem não toma iniciativa alguma quando está infeliz com seu trabalho, quem não arrisca nem um pouco que seja, para ir atrás de um sonho.
Morre lentamente quem passa os dias se queixando de sua má sorte ou da chuva incessante ou do sol intenso.
Morre lentamente quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, quem não pergunta sobre um assunto que desconhece, ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Morre lentamente quem não mais agradece a Deus pelos filhos que lhe deu, ou pelos pais que o receberam neste mundo.
Morre lentamente quem não retribui o sorriso de um bebezinho, e quem não acha fascinante a forma pela qual chegamos todos a este mundo.
Morre lentamente quem não abraça, quem não beija, quem não expressa carinho de alguma forma – mesmo que através de um olhar.
Morre lentamente quem é adepto de expressões como este mundo não tem jeito mesmo, ou a coisa está cada dia pior.
Morre lentamente quem se desespera com a perda de um amor, e não consegue perceber que há muitos que podem ser amados por nós, e muitos que podem nos amar profundamente.
Morre, sem perceber, dia após dia, quem não se dedica à felicidade de alguém, quem não se doa, quem não divide o que tem - material e espiritualmente – com outras pessoas.
*   *   *
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar.
Estar vivo pressupõe agir, e não apenas reagir. Toda reação é perigosa, pois comumente não passa pelo processamento seguro da razão.
Estar vivo implica em fazer avaliações constantes, não avaliações dos outros, mas de nós mesmos e de nosso viver.
Quem não se avalia perde grandes chances de se aprimorar, de poder mudar de rumo quando percebe que a direção poderia ser outra.
Estar vivo significa: entusiasmo - carregar Deus em nossa alma, levar a certeza de Sua presença em nossas vidas e a vontade de conquistar os altos páramos da felicidade.
*   *   *
Vivo para que o sol tenha sentido, e é minha luminescência que ele espelha e devolve ao orbe, agradecido.
Vivo para que a chuva lave o ar, e leve volte ao éter com meu perfume elegante, de árvore vigorosa de seiva sã.
Vivo para que o amor tenha vazão, e não deseje razão – pois de condição o amar não precisa.
Vivo para florescer outros jardins, e sem perceber o meu se abarrota de lírios, ciclames, girassóis...
Vivo cada dia como se fosse cada dia. Nem o último nem o primeiro - o único.
Redação do Momento Espírita, com base no
texto Quem morre, de Martha Medeiros.

Doe Sangue

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