terça-feira, 14 de novembro de 2017

Os dois montes.

No ano 100 a. C., foi edificada a fortaleza de Massada, nome derivado desse imenso planalto na Cordilheira da Judeia.
Toda a região era árida, o clima hostil e ardente. Poucas vezes, as chuvas amenizavam o tormento das pedras calcárias que os ventos e as poucas torrentes cavavam, produzindo abismos.
O deserto da Judeia pode ser comparado a muitos sentimentos humanos, nos quais não brotam as delicadas expressões da gentileza, do amor, da compaixão ou da solidariedade.
Na solidão do deserto são inevitáveis a morte ou a comunhão com a Divindade.
Após a queda de Jerusalém, algumas centenas de pessoas buscaram abrigo em Massada.
Então, oito mil soldados sitiaram a fortaleza. Depois de vários meses, conseguiram penetrar a forte muralha.
Mas, as novecentas e setenta pessoas, entre crianças, mulheres e homens haviam sido mortas e o autor se suicidara.
Tudo para não se renderem aos romanos.
Sobreviveram à tragédia duas mulheres e cinco crianças, que se esconderam, e mais tarde narraram o acontecimento pavoroso.
Massada passou para a História como o triunfo, a vitória da liberdade sobre a escravidão, pela prática generalizada de crimes de homicídio e suicídio.
*   *   *
Na fértil e verde Galileia existe um monte de menor altura de onde se contempla o mar generoso e rico de peixes.
A natureza ali é alegre, as flores desabrocham.
Tudo fala de vida social pacífica, de amizade, de lutas e de esforços para a sobrevivência no dia a dia existencial.
O rio Jordão é o responsável por aquele abençoado mar, que as barcas atravessam de um lado para o outro entre as inúmeras cidades que o embelezam, como pérolas num colar.
Nesse local, Jesus ensinou as mais valiosas lições da Sua doutrina.
As bem-aventuranças tornaram-se o hino internacional de beleza e de misericórdia, de vida exuberante e de esperança, de emoções sublimes e de venturas.
O poema tomou conta das mentes e dos corações dos simples em espírito, dos mansos e pacíficos, dos esfaimados e sedentos de paz e justiça, dos misericordiosos, dos perseguidos.
Aquela região é abençoada pela beleza e pelo perfume de uma quase eterna primavera, com lembranças felizes e alegrias renováveis.
No monte das bem-aventuranças o verde continua e a suave melodia, que ali foi cantada, permanece engrandecendo as vidas que se movem em sua volta como símbolo de grandeza do amor.
Ali foram estabelecidas as bases éticas e morais da doutrina de Jesus.
Nunca mais se ouviu nada que se igualasse ao que ali foi apresentado.
Na sociedade terrestre existem pessoas que fazem recordar Massada, temida e detestada, dominadas pela força bruta e pela ambição desmedida.
Também existem pessoas que são semelhantes às paisagens do outro monte, o das venturas excelsas, da generosidade ímpar, da renúncia e da abnegação, do sacrifício da própria vida em favor do seu irmão.
Massada continua ardente quase sempre ou gelada nos dias frios do inverno.
O monte esperança permanece agasalhador e vital para o ser humano, ameno e gentil, evocando o amor.
O que somos nós: o monte árido ou o monte da esperança?
Pensemos nisso.

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