terça-feira, 29 de agosto de 2023

Anúncios de primavera.


Quando florescem os ipês em minha cidade, sei que a geada não tornará a se manifestar nesta estação invernosa.

Os ipês floridos, derramando seu amarelo na grama verde, em fantasias nacionais, são anúncios da primavera, que se prepara para reinar, por noventa dias.

São como batedores que vêm à frente, verificando as veredas e embelezando as estradas, as ruas, as avenidas e as praças.

Recordamos que, há cerca de dois mil anos, um homem se ergueu na Palestina, andando pelos caminhos, alertando as populações.

Semelhante aos ipês, Ele anunciava a nova estação que estava prestes a encher de flores de esperança o mundo. O Seu era o anúncio da primavera da renovação.

Preparai os caminhos do Senhor...

Depois de mim, virá Aquele do qual não sou digno de desatar as sandálias.

Eu sou a voz que clama no deserto... no deserto dos corações humanos.

E o Batista trazia as sementes fartas de profecias anunciadas há séculos.

O Rei se encontrava entre os homens. E escolheu o palco da natureza para entoar sua canção de amor. Compôs poemas e somente os corações de boa vontade registraram Seus versos, na intimidade do próprio ser.

Mas os versos ficaram ecoando, levados pelos ventos, repetidos pelas montanhas, acolhidos entre as paredes generosas dos que aderiam ao convite. Convite do amor. Convite para amar.

Era o auge da primavera. O Governador planetário viera para estar com os Seus.

Estou entre vós como quem serve. Eu sou o Bom Pastor.

Nenhuma das ovelhas que o Pai me confiou se perderá. O pastor dá a sua pela vida das suas ovelhas.

Crede em Deus. Crede também em Mim.

Versos recitados na montanha, no vale, nas estradas. E dedilhados no alaúde do lago de Genesaré.

Primavera celestial. Jamais igualada.

                                                                           *  *   *

Nos dias que vivemos, novos anúncios se fazem. A era da regeneração se aproxima e a pouco e pouco se instala.

Os arautos se multiplicam. A genialidade retorna ao palco do mundo e as crianças declamam, versejam, compõem sinfonias e executam peças magistrais, em evocações da Sublimidade Celeste.

Gênios avançam estudos nas ciências, sonhando com viagens interplanetárias, em mensagem de vera fraternidade.

E outros se debruçam sobre lâminas, livros, em laboratórios, academias, institutos, em investigações que objetivam a cura de males que afligem seus irmãos, o diminuir das dores.

Outros mais empreendem campanhas em prol dos que nada ou quase nada têm. As suas preocupações não são os folguedos da infância, mas sim o bem-estar de outras tantas crianças, amigos próximos ou desconhecidos distantes.

Primícias de primavera. Primavera nos corações. Primavera de um mundo novo, regenerado. Um mundo em que o homem abandonará as armas que aniquilam e abraçará a lira, a ciência, a arte, o amor.

Um mundo que já se faz presente. Como os ipês que bordam arabescos pelo chão, que enchem os olhos e afirmam: A primavera se aproxima!

Pensemos nisso e deixemo-nos penetrar pelo hálito primaveril do mundo novo.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 22 de agosto de 2023

Enfermidades.


Quando o assunto é doença, todos temos uma história para relatar. Não existe quem não a conheça, por si mesmo, ou através da experiência dos amigos, parentes, familiares, colegas.

Alguns a tememos tanto, que não nos permitimos sequer pronunciar a palavra, como se tal fato pudesse atrair a enfermidade.

De um modo geral, falamos muito a respeito das enfermidades do corpo. Conversamos sobre infecções, contágios, epidemias, traumatismos físicos, acidentes.

E, mais recentemente, todos conhecemos a pandemia que parou o mundo dos negócios, dos relacionamentos, exigindo protocolos severos de higiene e isolamento.

Sofremos perdas de toda ordem: materiais, afetivas, enchendo-nos de medo e tristeza.

Também mencionamos as várias enfermidades da mente, em seu quadro de fenômenos psicológicos e psiquiátricos, que se apresentam como insatisfações, desajustes, conflitos, alienações.

Contudo, nos esquecemos das doenças mais profundas, as do Espírito.

Enfermidades que nos permitem ouvir relatos assombrosos de dores amargas e continuarmos indiferentes.

Sabermos de crianças apartadas de seus pais, de pequeninos entregues a trabalhos árduos para sua tenra idade e não nos sensibilizarmos.

Padecemos da doença da impiedade que nos leva a arquitetar planos de vingança, espalhando dor e desesperança.

A doença do ódio que tanto mais nos consome quanto mais lhe fornecemos combustível, tornando-nos seres destruidores da paz alheia, semeando calúnias, difamações, envenenando pessoas umas contra as outras.

Enfermidade do ciúme que nos infelicita as horas e nos torna insuportáveis para aqueles a quem afirmamos amar de forma total.

É a falta de finalidade aplicada à existência que cria a ociosidade, que fomenta a maldade, que nos faz desperdiçar o tempo.

Sem ideais a perseguir não há ações nobres a realizar e as horas passam com lentidão, sem ter algo proveitoso que as preencha.

Sofremos da doença do orgulho, que nos faz acreditar que somos melhores do que os outros, que ninguém mais do que nós merece a felicidade, as compensações da vida, tudo de bom que se possa imaginar.

Portadores de tal vírus, desprezamos afeições, esquecemos da gratidão e do quanto necessitamos uns dos outros para viver.

Todas as enfermidades do Espírito, em resumo, nos levam a esquecer e desrespeitar as leis humanas e as divinas.

E seria tão fácil acabar com todas essas doenças. Bastaria que colocássemos em pauta a nossa vontade e eliminássemos do mapa dos nossos comportamentos o egoísmo, a raiva, o medo, o ódio, a ansiedade.

O conhecimento e o respeito aos mecanismos de funcionamento da vida alteram a nossa maneira de ser e nos proporcionam a saúde real, aquela que emana do Espírito para o corpo, refletindo a nossa harmonia interior.
                                                               *   *   *
Jesus jamais adoeceu. Mestre por excelência, a Sua vida era de amor e pelo amor.

Com Seus atos e palavras demonstrou a grandeza da verdadeira saúde convidando-nos a vencer as nossas paixões inferiores e a nos tornarmos semelhantes ao Pai que nos criou tendo como meta a perfeição.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 15 de agosto de 2023

Imagem de Pai.


Existe um homem que se esmera no cumprimento do dever para dar bom exemplo.

Quando precisa chorar, o faz à distância, a fim de não ser visto, nem preocupar os que o cercam. Mesmo porque, por vezes, são eles mesmos a causa das suas lágrimas doridas.

Esse homem quase sempre é chamado de desatualizado, embora esteja sempre pronto para ofertar uma palavra orientadora ou relatar fatos felizes que podem ser imitados.

Poderia se exaltar, muitas vezes, mas não o faz, preferindo a serenidade para melhor ensinar.

Em certas oportunidades, passa noites mal dormidas a pensar na melhor maneira de transmitir ensinamentos aos que são sua responsabilidade.

Fisicamente, passa distante o dia inteiro. O seu é o objetivo de um futuro melhor para os que tem sob a sua guarda. Mesmo extremamente cansado, arranja forças para distribuir confiança.

Humano e sensível tem capacidade de chegar às lágrimas de emoção ao perceber o triunfo daqueles que ama. Emociona-se e se orgulha dos feitos dos seus amados.

Quando retorna ao lar, ao final da jornada, distribui carinho, dá do seu tempo, mesmo que não receba na mesma intensidade. Sem cobranças. Sem exigências.

Quando deixa de existir na Terra, toma dimensões imensuráveis e passa a ter um grande valor.

Falamos a respeito do melhor amigo, o pai. Normalmente, quando crianças, acreditamos que o pai é aquela criatura que tudo sabe. Ele é o maioral, tudo pode.

Quando aportamos à adolescência, nossa opinião se modifica e principiamos a cogitar de que nosso pai se engana em quase tudo o que diz.

Quando chegamos à juventude e enfrentamos o mercado de trabalho, acreditando-nos semideuses, o nosso conceito é de que nosso pai está bastante atrasado em suas teorias. Meio desatualizado, ultrapassado.

Mais alguns anos e a nossa é a certeza de que ele não sabe nada mesmo. Iludidos pelo sucesso aparente dizemos que, com a nossa experiência, nosso pai poderia se tornar um milionário.

Basta, contudo, que a madureza nos alcance para principiarmos a pensar um pouco diferente. Passamos à posição de que, talvez, ele pudesse nos aconselhar. Afinal, ele tinha ideias notáveis, nem sempre bem aproveitadas, é certo.

É a hora em que gostaríamos muito de ter nosso pai ao lado para nos falar da sua sabedoria. É o momento que lamentamos, muitos de nós, que ele já não esteja na Terra e lastimamos a sua ausência física.

                                                            *   *   *

Quase sempre passamos a apreciar o valor das coisas e dos conceitos de tudo quanto nos cerca, na medida dos conhecimentos e valores que tenhamos já sedimentado no íntimo.

Não há dúvida de que nos pouparemos de muitos dissabores e riscos, se soubermos dar mais atenção ao que nos dizem as pessoas mais experientes.

Será bastante inteligente de nossa parte se soubermos nos servir daqueles que já passaram pelos caminhos que pretendemos trilhar. E, em se tratando dos pais, uma certeza a mais podemos guardar: a de que são nossos melhores amigos.

 Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 8 de agosto de 2023

Conceito de felicidade.


Nos dias atuais, temos conceitos sobre tudo. Os mais variados, os que se assemelham e os que se mostram totalmente diferenciados.

O filósofo Platão alertava que não há nada pior do que os conceitos, as palavras esvaziadas, pois isso impede a transmissão do conhecimento.

Felicidade é um deles.

O ser feliz de hoje parece desconsiderar todas as boas contribuições do conhecimento que já tivemos nesse sentido.

Bons pensadores, grandes filósofos, almas missionárias nos deixaram legados valiosos.

É ainda Platão quem nos fala da felicidade como resultado de uma vida e um conhecimento progressivo até atingir a ideia do bem.

Para Aristóteles, a felicidade está na virtude, na conquista desses valores do Espírito que nos colocam em contato com nossa essência.

Para Epicteto, outro filósofo, a verdadeira felicidade é um verbo. É o desempenho contínuo, dinâmico e permanente de atos de valor.

Buscando essa vida em expansão, segundo ele, nossa alma amadurece, nossa vida tem utilidade para nós mesmos e para as pessoas que tocamos.

Percebemos que todos eles, embora trazendo nuances distintas, apontam para o caminho de dentro do ser e nunca de fora.

Felicidade não depende de acontecimentos externos, não depende de circunstâncias nem dos outros ao nosso redor.

Fica mais fácil entender que associar a felicidade à mera busca de satisfação de desejos ou prazeres momentâneos é diminuí-la, menosprezá-la, ou pelo menos confundi-la com sensações ou sentimentos.

Momentos de alegria, momentos de desfrute, de prazer, quando dignos, podem até compor parte da edificação de nossa felicidade, mas não são a felicidade em si.

Assim, pode-se ser feliz vivendo momentos de alegria e de tristeza, momentos de lutas, de dor e instantes de júbilo. São paisagens e cenários do caminho de todos.

Felicidade é construção na alma e da alma.

Quando Jesus traz a proposta do amor nas três grandes dimensões para nossa vida - a Deus, ao próximo e a nós mesmos - sintetiza o caminho para a construção do nosso ser feliz.

Só é feliz aquele que cumpre os deveres para com Deus, para com o próximo e para consigo mesmo.

Entendendo aqui, não um cumprir deveres impositivo, de uma força externa que nos obrigue a realizar algo contra nossa vontade.

Pelo contrário, dever no sentido de encontro com nossa essência, de buscar aquilo que nos pertence, que dá sentido à nossa vida.

Entendendo, por fim, a felicidade como construção diária, como edificação íntima, o que nos impede de vivê-la ainda hoje?

Mesmo que seja um pouco, mesmo que seja tímida, mas alguma porção já pode ser desfrutada.

Felicidade de quem é grato pela vida.

Felicidade de quem luta e faz a sua parte.

Felicidade de quem se supera sempre que possível.

Felicidade de quem está vencendo suas imperfeições.

Felicidade de quem está se conhecendo, acolhendo-se como está e percebendo quanto ainda pode vir a ser.

Felicidade de quem ama e que se ama.

É tempo de ser feliz.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Momentos de saúde e de consciência.


Momentos de saúde e de consciência.

"Há uma imperiosa necessidade de vida interior, a fim de lograr-se identificação com a realidade.

O mundo dos sentidos físicos, face ao seu significado e às suas finalidades de pôr o ser em contato com as manifestações exteriores, afasta-o das percepções profundas, ao mesmo tempo sutis, da vida plena.

Fixando-o no campo das manifestações objetivas, bloqueia-lhe a capacidade de ampliar os registros paranormais, que lhe abrem as portas para captar o infinito campo das causalidades.

Mergulhado no oceano das vibrações, da energia, da mente, envolto por ondas e pensamentos incessantes, deve dilatar a capacidade psíquica para inundar-se dos conteúdos extrafísicos, que o afetam, mesmo quando lhe são ignorados."

Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Franco.

Doe Sangue

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