terça-feira, 30 de outubro de 2018

Armas infantis.

É comum, na vida de alguns casais que, depois de certo tempo, o casamento entre em crise. Os esposos, que antes desfrutavam de prazer pelo simples fato de estarem juntos, começam a sentir desconforto um com a presença do outro e acabam optando pela separação.
É nesses momentos, em que a mágoa extravasa e a amargura se instala, que marido e mulher passam a utilizar os filhos como mísseis teleguiados, objetivando atingir o alvo em cheio.
São críticas acerbas feitas em presença dos pequenos e para eles, com o fim único de que as repitam para o outro cônjuge, quando com ele estiverem.
Ou, então, um dos cônjuges decide que, já que foi rompido o compromisso matrimonial, não há motivo algum para que o outro prossiga a visitar, a ver, a usufruir da companhia dos filhos.
Aquele que assim procede, esquece que as crianças não têm nada a ver com a problemática que envolve os pais.
Não são raros os casos em que o pai ou a mãe decide fugir com os pequenos, justamente para evitar a presença do companheiro que agora lhe é nociva.
Há os que buscam ocultá-los em casa de amigos, parentes, com a mesma finalidade. Em nenhum momento, pensam que os filhos amam o pai e a mãe, sem se importar com o que tenham feito ou deixado de fazer.
Mais do que isso, os filhos se ressentem do rompimento que, habitualmente, ocorre de repente, surpreendendo-os, na fragilidade de seus anos.
Grave igualmente é quando as crianças são utilizadas como motivo de chantagem, no intuito de tirar vantagens financeiras do outro ou conseguir algumas regalias a mais.
Qualquer que seja a situação, qualquer que seja o motivo, transformar os nossos filhos em armas para ferir não é moral e isso refletirá de forma negativa em suas vidas.
Os pequenos assim feridos e que se sentem como pontos de disputa, de chantagem ou de agressão, têm lesionados os centros do sentimento.
Irão se sentir feridos nas profundezas da alma, cujas cicatrizes só desaparecerão a custo de muitas lágrimas, com consequências desastrosas em seu campo afetivo.
Impedir que as crianças amenizem sua saudade com a presença do que se foi em busca de outros rumos para sua vida, por decisão unilateral ou de ambos, é atitude que denota egoísmo.
Como pais, responsáveis pelos Espíritos que Deus nos confiou, teremos que responder, perante as leis divinas, por essas ações que somente demonstram que não amadurecemos ainda, desde que estamos nos comportando como meninos a quem foi privado um capricho, um desejo e arquitetamos vingança.
Se as nossas atitudes impensadas de cônjuges magoados vierem a causar traumas nas almas dos nossos pequerruchos, isso será, hoje e amanhã, de nossa inteira responsabilidade.
*   *   *
Nenhum ser dispõe de regalias para abusar impunemente de outro.
Se nos reconhecermos lesados afetivamente, no relacionamento conjugal e optarmos por rescindir o contrato de matrimônio, não renunciemos ao dever de amparar os nossos filhos.
E não esqueçamos de que só pelo esquecimento das faltas uns dos outros é que nos credenciaremos à perfeição.
Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

O Brasil precisa de você.

O Brasil precisa de você, mãe dedicada, que tem feito tantas boas escolhas na vida de seus filhos, proporcionando-lhes o melhor alimento, a melhor escola, os mais adequados conteúdos educativos e seu mais sincero amor.

Precisa de você, pai atencioso, que tem se esmerado em estar presente no lar, que tem sido bom exemplo, que tem escolhido as palavras, as histórias e os melhores sentimentos para cultivar em família.

De você, jovem idealista, que escolheu enxergar na palavra crise oportunidades de mudança; que se envolve na comunidade que é sua, que se vê como agente transformador e que acredita no outro e em si mesmo.

Precisa de você, cidadão que ama sua pátria e acompanha atento seus passos, por vezes cambaleantes. Você que vez ou outra desanima, mas logo volta a crer com alegria e disposição, sempre dando a volta por cima.

O Brasil precisa de você, homem e mulher que já viveu de tudo nesta vida, poço de experiências valiosas; você das décadas e mais décadas de trabalho honesto e que tem tanto a oferecer aos que estão chegando agora.

Sim, o Brasil precisa de você para arrumar a casa.

Uma pátria é também um lar. Assim, precisamos muito do esforço e dedicação de todos neste momento, para que esta casa de todos os que aqui habitam, esta nação, esteja bem.

Não podemos transferir para outros o trabalho que é nosso, de todos nós. O trabalho de preservar a harmonia, a dignidade e a paz.

Fala-se muito em ecologia, desta relação harmônica entre os seres e o meio ambiente.

Ecologia se inicia na limpeza e educação dos pensamentos de um povo, pois a ideia de meio ambiente vai muito além do que apenas nossos olhos limitados podem enxergar.

Se apenas falamos mal de nosso país, por exemplo, se insistimos em dizer que nada dá certo, que ninguém presta, estamos como que atirando barris de óleo viscoso nas águas límpidas das mais belas praias que possuímos.

Palavras negativas não constroem, não resolvem. Apenas pioram.

Pensamentos pessimistas, cruéis, acusadores, atraem outros similares, de Espíritos infelizes que ainda se comprazem na desavença, no ódio, e assim, temos um ciclo vicioso, em que uns envenenam os outros.

Por isso o importante alerta: cuidado com o que lemos, cuidado com o que divulgamos, cuidado com os assuntos que dominam nossas conversações corriqueiras.

Tudo precisa passar pelo crivo do bom senso, do razoável, do construtivo. Só assim a calúnia, as agressões à ética, a injustiça podem ganhar um basta definitivo.

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O Brasil precisa de todos nós.

Não sejamos nós porta-vozes da ira, dos ataques desrespeitosos, por vezes disfarçados na pele de ovelha do humor barato, que ainda seduz tanto as massas.

O Brasil precisa de todos nós. Nós que saibamos escolher representantes, mas que também saibamos ser bons modelos onde quer que estejamos.

O Brasil precisa de braços que trabalhem e não que apenas apontem e acusem.

Façamos a nossa parte em todas as esferas. Sejamos corretos em todos os ambientes em que atuamos e veremos a transformação do país chegando definitiva.

O mal não pode ser regra e nem recebido com naturalidade.

Preservemos a beleza de nosso país: beleza que passa pela conservação da natureza exuberante e chega até o compromisso perene da ética em todas as ações e pensamentos.

O Brasil precisa de todos nós.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Deus abençoe a juventude.

Os jovens são as primeiras luzes do amanhecer do futuro.

Cuidar de os preservar para os graves compromissos que lhes estão destinados constitui o inadiável desafio da educação.

Criar-se condições apropriadas para o seu desenvolvimento intelecto-moral e espiritual, é o dever da geração moderna, de modo que venham a dispor dos recursos valiosos para o desempenho dos deveres para os quais renasceram.

Os jovens de hoje são, portanto, a sociedade de amanhã, e essa, evidentemente, se apresentará portadora dos tesouros que lhes sejam fornecidos desde hoje para a vitória desses navegadores do porvir.

Numa sociedade permissiva e utilitarista como esta são muitos os convites para o consumismo e a irresponsabilidade.

Enquanto as esquinas do prazer multiplicam-se em toda parte, a austeridade moral banaliza-se, conforme as situações e circunstâncias que são oferecidas como objetivos a alcançar.

À medida que a promiscuidade torna-se a palavra de ordem, os corpos jovens, ansiosos de prazer afogam-se no pântano do gozo para o qual ainda não dispõem das resistências morais e do discernimento emocional.

Os apelos a que se encontram expostos desgastam-nos antes do amadurecimento psicológico para os enfrentamentos, dando lugar, primeiro, à contaminação doentia, em desperdício da própria existência.

Todo jovem deseja um lugar ao sol, a fim de alcançar o que supõe ser a felicidade.

Informados equivocadamente sobre o que é ser feliz, ora por questões religiosas, familiares, sociológicas, outras vezes, liberados excessivamente, não sabem escolher o comportamento que pode proporcionar a plenitude, derrapando em comportamentos infelizes…

Na fase juvenil o organismo explode de energia que deverá ser canalizada para o estudo, as disciplinas morais, os exercícios de equilíbrio, a fim de que se transforme em vigor capaz de resistir aos contratempos do processo evolutivo.

Não é fácil manter-se jovem e saudável num grupo social viciado e sem objetivo dignificante…

Não desistam os jovens de exigir os seus direitos de cidadania, de clamar pela justiça social, de insistir pelos recursos que lhes são destinados pela vida.

Direcionando o pensamento para a harmonia, embora os desastres de vário porte que acontecem continuamente, trabalhar pela preservação da paz, do apoio aos fracos e oprimidos, aos esfaimados e enfermos, às crianças e às mulheres, aos idosos e aos excluídos, é um programa desafiador que aguarda a ação vigorosa.

Buscar a autenticidade e o sentido da existência é parte fundamental do seu compromisso de desenvolvimento ético.

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Juventude formosa e sonhadora!

Necessário que pares na correria alucinada pelos tóxicos da ilusão e reflexiones, pois que estes são os teus dias de preparação, a fim de que não repitas, mais tarde, tudo quanto agora censuras ou te permites em fuga emocional, evitando o enfrentamento indispensável ao triunfo pessoal.

O alvorecer borda de cores a noite sombria na qual se esconde o crime.

Faze luz desde agora, não te comprometendo com o mal, não te asfixiando nos vapores que embriagam os sentidos e menosprezam a criatura humana.

És o amanhecer!

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

A alma infantil.

A alma infantil, nos diz Cecília Meirelles, como aliás, a alma humana, não se revela jamais completa e subitamente, como uma janela que se abre deixando ver todo um cenário.
É necessário ter cuidado para entendê-la, e sensibilidade no coração para admirá-la.
A autora nos narra que, certa vez, ouviu o comentário de uma professora que contava sobre alguns presentes recebidos de alunos seus:
Os presentes mais engraçados que eu já recebi de alunos, foram, certa vez, na zona rural: um, levou-me uma pena de pavão incompleta: só com aquela parte colorida na ponta. Outro, uma pena de escrever, dourada, novinha. Outro, um pedaço de vidro vermelho...
Cecília afirma que seus olhos se alargaram de curiosidade, esperando a resposta da professora sobre sua compreensão a respeito de cada um dos presentes.
A amiga, então, seguiu dizendo: O caco de vidro foi o que mais me surpreendeu. Não sabia o que fazer com ele. Pus-me a revirá-lo nas mãos, dizendo à criança:
“Mas que bonito, hein? Muito bonitinho, esse vidro...”
E procurava, assim, provar-lhe o agrado que me causava a oferta.
Ela, porém, ficou meio decepcionada, e, por fim, disse: “Mas esse vidro não é para se pegar, não... Sabe para que é?
Olhe: a senhora põe ele assim, num olho, e fecha o outro, e vai ver só: fica tudo vermelho... Bonito, mesmo!”
A professora finalizou dizendo que esses presentes são, em geral, os mais sinceros. Têm uma significação muito maior que os presentes comprados.
Cecília Meirelles vai além, e busca ainda fazer uma análise de caráter psicológico:
O que me interessou, no caso relatado, foram os indícios da alma infantil que se encontraram nos três presentes. E os três parecem ter trazido a mesma revelação íntima: uma pena de pavão incompleta – reparem bem -, só com aquele pedacinho “colorido” na ponta, uma pena de escrever “dourada” novinha, e um caco de vidro “vermelho” são, para a criança, três representações de beleza.
Três representações de beleza concentradas no prestígio da cor e desdobradas até o infinito, pelo milagre da sua imaginação.
Essas três ofertas, portanto, da mais humilde aparência (para um adulto desprevenido), não devem ser julgadas como esforço entristecido da criança querendo dar um presente, sem ter recursos para comprar.
A significação de dinheiro, mesmo nas crianças de hoje, ainda é das mais vagas e confusas.
E sua relação de valor para com os objetos que a atraem é quase sempre absolutamente inesperada.
Eu tenho certeza - diz a autora ainda – de que uma criança que dá a alguém uma pena dourada, uma pena de pavão e um caco de vidro vermelho, os dá com certo triunfo.
Dá com certa convicção de que se está despojando de uma riqueza dos seus domínios, de que está sendo voluntariamente grande, poderosa, superior.
*   *   *
A infância não é somente útil, necessária, indispensável, mas é, ainda, a consequência natural das leis que Deus estabeleceu, e que regem o Universo.
Com ela, aprendem os Espíritos que reencarnam – mais dóceis e influenciáveis quando no estado infantil.
Aprendem também as almas que as cercam, colhendo desse período de inocência e magia o exemplo da pureza e da simplicidade de vida, que devemos todos encontrar em nosso íntimo.
 Redação do Momento Espírita

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

O equilíbrio do Universo.

A Terra flutua sem ruído na imensidão.

Essa massa de quarenta mil quilômetros de circunferência desliza sobre ondas do éter como um pássaro no espaço.

Nada denuncia sua marcha imponente. Nenhum rangido de rodas, nenhum murmúrio sequer. Silenciosa, ela passa, rola entre suas irmãs do céu.

Toda a potente máquina do Universo se agita. Os milhões de sóis e de mundos que a compõem, mundos junto dos quais o nosso é apenas uma criança, todos se deslocam, se entrecruzam, prosseguem suas evoluções com velocidades apavorantes, sem que nenhum som, nenhum choque venha trair a ação desse aparelho gigantesco.

O Universo permanece calmo.

É o equilíbrio absoluto. É a majestade de um poder misterioso, de uma inteligência que não se impõe, que se esconde no seio das coisas, mas cuja presença se revela ao pensamento e ao coração.

Se a Terra evoluísse com ruído, se o mecanismo do mundo se restabelecesse com tumulto, os homens, apavorados, se curvariam e acreditariam.

Mas, a obra formidável é executada sem esforços. Globos e sóis flutuam no infinito, tão livres quanto plumas sob a brisa. Avante, sempre avante!

A ronda das esferas se desenvolve, guiada por uma potência invisível.

A vontade que dirige o Universo passa despercebida a todos os olhares. As coisas estão dispostas de maneira que ninguém seja obrigado a acreditar nelas.

Se a ordem e a harmonia do cosmo não bastam para convencer o homem, ele é livre para imaginar. Nada constrange o descrente para ir a Deus.

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Acontece o mesmo com as coisas morais. Nossas existências se desenvolvem e os acontecimentos se sucedem sem ligação aparente.

Porém, a permanente Justiça domina do Alto e regula nossos destinos segundo um princípio irresistível, pelo qual tudo se encadeia numa série de causas e de efeitos.

Seu conjunto constitui uma harmonia que o Espírito, liberto de preconceitos, iluminado por um raio de sabedoria, descobre e admira.

O ser gravita um a um os degraus da escada gigantesca que conduz a Deus. E cada um desses degraus representa para ele uma longa série de séculos.

Se os mundos celestes nos aparecessem de repente, sem véus, em toda a sua gloria, ficaríamos ofuscados, cegos.

Mas, nossos sentidos exteriores foram medidos e limitados. Eles aumentam e se apuram na medida que nos elevamos na escala do aperfeiçoamento.

Acontece o mesmo com o conhecimento, com a posse das leis morais. O Universo se desvenda aos nossos olhos na proporção que a nossa capacidade de compreender as suas leis se desenvolve e engrandece.

Assim é a progressão dos mundos. Assim é a progressão das almas.

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Reclina tua cabeça, jovem Espírito.

Reverencia aquilo que é maior que tu, maior que tua compreensão, maior que teus próprios sonhos e imaginação.

Aprecia o equilíbrio do Universo e te submete a ele alegremente, agradecido por fazer parte de algo tão majestoso.

Teu crer ou não crer não abala as estruturas perfeitas do cosmo que te guarda, humilde, em seu regaço seguro.

Influencia, no entanto, teus dias, tua esperança, tuas forças diante dos abalos que sofres a todo instante. Assim, a escolha sempre será tua.

No Universo reina equilíbrio absoluto, independente de ti. Em tua intimidade, porém, a estabilidade estará sempre sob teu controle.

Redação do Momento Espírita

Doe Sangue

Doe Sangue