terça-feira, 28 de junho de 2022

Doando aconchego.

 


Tende cuidado em não praticar as boas obras diante dos homens, para serem vistas, pois, do contrário, não recebereis recompensa de vosso Pai que está nos céus.

Quando derdes esmola, não saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossa mão direita.

Jesus ensina a discrição na prática do bem e a orientação nos chega pelas anotações evangélicas.

Tudo deve ser feito no silêncio, sem divulgação a terceiros.

Mais profundamente, o ensino recomenda que não se aguarde reconhecimento, retribuição ou gratidão, de qualquer ordem.

Alguns de nós levamos a recomendação muito a sério. E providenciamos a cesta básica para a casa que sabemos necessitada, o leite especial para a criança portadora de dificuldade orgânica, o medicamento ao enfermo.

Há os que adotamos uma família por certo tempo ou período ilimitado e enviamos, toda semana, frutas, verduras, para que as crianças tenham alimentação sadia.

Outros adotamos um estudante, auxiliando-o no pagamento das mensalidades escolares.

Há muito bem sobre a Terra, praticado na surdina da generosidade.

Benefícios de que somente o beneficiário é conhecedor.

Vez ou outra, no entanto, algumas ações alcançam as mídias e surpreendem pelo desprendimento de certas pessoas.

Nessa guerra que nos machuca a alma, diariamente, acompanhamos o noticiário que informa o drama dos que abandonam seus lares, no intuito de salvar a própria vida.

A grande maioria é de mulheres e crianças, que chegam ao país estrangeiro com pouco mais de uma pequena valise, trazendo o extremamente essencial.

A Polônia, cuja fronteira com a Ucrânia dista apenas treze quilômetros, é um desses países que tem recebido refugiados.

Em uma estação de trem polonesa, um fotógrafo capturou a imagem surpreendente, enquanto documentava a chegada de pessoas em busca de asilo.

Ali, na estação, havia uma fila de carrinhos de bebê alinhados. Carrinhos sem bebês, mas com suprimentos, com cobertores, com ursinhos de pelúcia.

Mães polonesas, sem se identificarem, deixaram ali para as mães ucranianas, quando chegassem.

Elas nunca saberão quem lhes ofereceu aqueles mimos. Quem doou jamais saberá em que mãos foram parar as suas doações.

Que extraordinária prática do Evangelho.

Que gesto de delicadeza, de boas vindas. Gesto de quem, como mãe, sabe o que outra mãe apreciaria ter para o seu bebê.

E se sentem bem recebidas as que deixam tudo para trás. Com certeza, se emocionarão ao encontrar um carrinho aconchegante para depositar seu bem mais precioso: seu bebê.

O amor existe e suplanta tanto mal engendrado pelas bombas, pelos foguetes e pelos mísseis.

Ficamos a cogitar se os envolvidos nas lutas, ao tomarem ciência desse gesto tão acolhedor, não sentirão vontade de parar a batalha, pensando no outro como seu irmão.

Se um gesto de amor de um único ser humano tem o condão de alçar toda a Humanidade a um patamar mais alto, que se poderá dizer de tantos corações maternos que se unem para abraçar outros corações maternos?

Deus abençoe essas mães polonesas.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 21 de junho de 2022

Semeadura de bençãos.


 Henya estava grávida e muito preocupada. O marido e o irmão, que morava com eles, estavam desempregados.

Ela se perguntava se, após a licença maternidade, teria ainda o seu emprego, se não seria despedida.

Ela vira isso acontecer com outras companheiras, nessas circunstâncias.

Em meio a um jantar dos funcionários, o dono da empresa demonstrou interesse em saber a cidade de origem de cada um.

Quando Henya declinou o nome da sua cidade natal, ele manifestou curiosidade maior, perguntando onde, exatamente, ela residira, naquela cidade. Como se chamavam seus pais, seus avós.

A surpresa foi tomando conta de todos quando, emocionado, o empresário relatou:

Há muitos anos, viviam na sua cidade, dois eletricistas amigos.

Um deles conseguira um bom emprego e ia muito bem. O outro ganhava o suficiente para sobreviver.

Um dia, um infarto o levou, deixando esposa e filhos. O amigo soube e foi prestar condolências à família.

Percebeu como tudo era velho na casa: o sofá, a mobília escassa, os poucos objetos.

Viu a geladeira e as prateleiras vazias. Nos dias que se seguiram, furtivamente, entrava pela porta da cozinha e deixava algumas provisões.

Dois meses depois, a viúva entrou em contato com ele.  Contou que, no porão da casa, havia muito material elétrico e ofereceu para venda.

Então, durante três semanas, o amigo visitou o porão, separando pilhas de equipamentos, ferramentas, máquinas úteis e inúteis.

Ela não sabia, mas ele não tinha intenção de comprar nenhum daqueles materiais.

Quando terminou a seleção, chamou todos os empreiteiros e mestres de obras que conhecia e anunciou uma venda de material elétrico.

Conseguiu arrecadar três vezes mais do que o preço que a viúva estipulara.

Todo o arrecadado, ele depositou nas mãos dela. A quantia deu para sustentar a família, durante meses.

Nessa altura da história, o empresário deu um suspiro e revelou:

Henya, o eletricista que ajudou a família do amigo era seu avô. Eu era um dos órfãos. Foi meu pai que morreu. Sua generosidade e bondade salvaram nossa família.

E, conluiu:

Não precisa se preocupar com seu emprego. Prometo que sempre terá um em minha empresa.

E caso seu marido e irmão queiram vir ao meu escritório, terei prazer em dar emprego a ambos.

Naquela noite, Henya escreveu uma carta a seu avô, que ainda residia na mesma localidade.

Relatou toda a história e finalizou: Muito obrigada, vovô. Saiba que o senhor não salvou somente a família de seu amigo. Salvou a minha também.

                                                                  *   *   *

O bem que se faz sempre gera benefícios. Por vezes, nós mesmos colhemos, ainda em vida, as bênçãos da sua semeadura, das mesmas mãos que beneficiamos.

De outras, e são muitas, o que fazemos se multiplica em dádivas para outras vidas.

Assim, semear bênçãos é sempre motivo de alegria a quem o faz.

Por isso, a sabedoria do Cristo lecionou que façamos ao outro o que desejaríamos que ele nos fizesse.

Pensemos nisso!

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 14 de junho de 2022

O sol da esperança.

 


Por vezes, a vida nos oferece maus momentos. Sofrimento, lágrimas e infelicidade nos visitam e nos sentimos desesperançados e infelizes.

Nesses momentos amargos, em que a alma dolorida se volta para Deus e indaga Por que passo por essas provações?, é a hora em que devemos lembrar de uma palavra luminosa: a esperança.

Narra a tradição grega que uma jovem chamada Pandora recebeu uma bela caixa com a recomendação de jamais abri-la.

Mas Pandora era curiosa e desobediente. Ao abrir a caixa, ela liberou todos os males, misérias e sofrimentos no Mundo.

Desesperada, Pandora chorou. Mais tarde, viu que, após saírem todas as mazelas, havia ficado, no fundo da caixa, a esperança.

Brilhava sozinha a esperança - um fiozinho de luz que pulsava. Mas que poder possuía!

                                                            *   *   *

O mito de Pandora deve ser refletido profundamente, em especial quando estamos atravessando momentos difíceis.

Observe que, na lenda grega, é um ato da própria Pandora que liberta os males do Mundo. Na nossa vida não é muito diferente: em geral, somos nós mesmos que, de alguma forma, provocamos muitos males que nos atingem.

Por isso, cada momento difícil é uma oportunidade de meditarmos e analisarmos qual foi a nossa contribuição para aquela situação.

No entanto, a lenda de Pandora vai além: ela mostra que - apesar da gravidade dos sofrimentos - não estamos completamente sós: há uma luz posta por Deus para nos consolar e devolver o brilho em nossos olhos.

Essa luz é a esperança.

Esperança que restaura as forças, reequilibra o coração, acalma as emoções.

A esperança é a mão generosa que acende a luz quando estamos mergulhados na treva profunda. É medicamento quando nos contorcemos em dores.

Esperança é canção suave, que nos acalenta quando nos sentimos desamparados. É um olhar de compaixão no instante em que o Mundo nos rejeita.

A esperança nasce de gestos de generosidade, de atitudes espontâneas, de palavras corretas.

Mas não se habitue apenas a aguardar que a esperança venha gratuitamente se aninhar no seu coração. Abra as portas da alma para ela!

Para isso, é necessário educar o coração.

A esperança é como um visitante importante. Devemos nos preparar adequadamente para recebê-la. A primeira atitude é retirar a poeira do pessimismo.

Depois, varrer as sujeiras acumuladas pela mágoa. Essas sujeirinhas têm vários nomes: rancor, maledicência, desejo de vingança.

Em seguida, com a casa mental bem limpa, é hora de perfumá-la com bons pensamentos, sorrisos, serenidade e otimismo.

Então, quando menos se espera, eis que chega a esperança. Viaja em uma carruagem dourada, espalha flores pelo caminho e se instala no Espírito fazendo festa.

É uma presença tão forte, tão bela, que transforma de imediato o ambiente em que se hospeda: impregna a alma de coragem e de alegria.

Esperança é um sol que nasce após uma longa noite escura. Chega trazendo calor e a luz dourada de um dia cheio de boas realizações. Ela aponta, firme, para um futuro radioso. Basta recebê-la.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 7 de junho de 2022

Abra seu coração.

 


A sala estava repleta de convidados, todos curiosos para ver a obra de arte que ainda estava oculta sob o pano.

Falava-se que o quadro era lindo.

As autoridades do local estavam presentes, entre fotógrafos, jornalistas e outros convidados, porque o pintor era muito famoso.

Na hora marcada, o pano que cobria a pintura foi retirado e houve caloroso aplauso.

O quadro era realmente impressionante.

Tratava-se de uma figura exuberante de Jesus, batendo suavemente na porta de uma casa.

O Cristo parecia vivo. Com o ouvido junto à porta Ele desejava ouvir se lá dentro alguém respondia.

Houve discursos e elogios.

Todos admiravam aquela obra de arte perfeita.

Contudo, um observador curioso achou uma falha grave no quadro: a porta não tinha fechadura.

Dirigiu-se ao artista e lhe falou com interesse:

A porta que o senhor pintou não tem fechadura. Como é que o Visitante poderá abri-la?

É assim mesmo, respondeu o pintor calmamente.

A porta representa o coração humano, que só abre pelo lado de dentro.

                                                                     *   *   *

Muitas vezes mal interpretado, outras tantas desprezado e grandemente ignorado pelos homens, o Cristo vem tentando alcançar nossa casa íntima há mais de dois milênios.

Conhecedor do caminho que conduz à felicidade suprema, Jesus continua sendo a visita que permanece do lado de fora de muitos corações.

Nós O chamamos de Mestre, mas não aceitamos que Ele nos ensine sobre as verdades da vida.

Falamos que Ele é o médico das almas, mas não seguimos Suas prescrições.

Dizemos que Ele é o Irmão maior, mas não permitimos que coloque a mão sobre nossos ombros e nos conduza por caminhos seguros.

Enquanto Jesus espera que abramos as portas do nosso entendimento, nós saímos pelas janelas da ilusão e desperdiçamos a oportunidade de seguir com quem possui a chave que abre as portas do infinito.

Pense nisso. E se deseja se dar essa oportunidade e não sabe por onde iniciar, comece por conhecer a proposta de renovação moral, trazida pelo Mestre de Nazaré.

Jesus dividiu a História da Humanidade e Seus ensinamentos têm a lucidez de quem conhece as leis que regem o Universo.

Portanto, orientar-nos por Suas sábias lições é uma questão de inteligência. Afinal, Ele conhece o caminho que nos conduzirá na direção da felicidade plena que tanto desejamos.

Pense nisso!

O olhar de Jesus dulcificava as multidões.

Seu coração magnânimo acolhia todos aqueles que O buscavam com desejo sincero de aprender.

Seu abraço de luz envolvia as almas sedentas de paz.

Seus sábios ensinamentos são atuais e capazes de impulsionar a Humanidade por caminhos seguros.

Seu convite é ao amor e à instrução, as duas asas que nos farão gravitar acima da ignorância e nos conduzirão ao encontro da liberdade efetiva.

Pense nisso, e destrave as portas do seu entendimento.

Redação do Momento Espírita.

Doe Sangue

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