terça-feira, 26 de março de 2024

Um homem, um pai, um protetor.


Ele foi um dos homens mais dedicados à missão da paternidade.

Alertado por vozes espirituais, durante o repouso das lides diárias, levantou-se, de imediato.

Obedecendo à informação privilegiada de que o filho corria risco de morte, ajuntou o imprescindível, despertou a esposa, tomou o filho e partiu.

Não aguardou que o dia raiasse ou sequer se deu ao luxo de preparar detalhes para a longa viagem ao exílio.

Foi um pai de tal forma atencioso àquela vida nascente que não temeu viver entre estrangeiros, longe de sua própria gente e das suas origens. Tudo para salvaguardar a vida preciosa do rebento.

Consciente da missão que lhe estava designada, manteve-se atento às orientações do Alto.

Homem nobre, Espírito de alta envergadura, jamais se permitiu desconectar dos Espíritos do bem.

Então, quando, mais tarde, as vozes retornaram, no sono da noite, ele se preparou para voltar à Judeia.

No entanto, novas orientações lhe disseram que optasse por outra localidade.

Isso porque ordens severas de eliminação do primogênito ainda estavam vigentes, determinadas pelo sucessor da tetrarquia da Judeia, da Pereia e da Idumeia.

Introduziu o filho nos ensinos da Torá, embora acreditasse que Ele de tudo aquilo tinha prévio conhecimento.

Falou-lhe do Deus de Israel, olhando-O nos olhos e completando: Você sabe tudo isso, não é, filho querido?

Comparecendo à festa em Jerusalém, levou o filho adolescente.

Surpreendido com Sua ausência no regresso, após o primeiro dia de caminhada, retornou para procurá-lO.

Como terá ficado oprimido aquele coração paterno, guardião de uma vida tão preciosa!

Ao encontrá-lO, no templo, tomou-se de apreensões.

Tão cedo estaria o filho amado assumindo a missão para a qual viera ao mundo? Seria já o tempo determinado pelo Pai Celeste?

Consciente do que falava Aquele Menino tão sábio, que deixou boquiabertos os sacerdotes do Templo, entendeu a resposta dEle ao afirmar que estava tratando dos negócios de Seu Pai.

Ele sabia não ser ele o pai de quem Ele falava. Ele era o pai terreno, o protetor, aquele a quem o Pai Maior confiara aquela vida, tão perseguida, desde o Seu nascimento.

Quantas vezes, nos anos seguintes, terá se sobressaltado, ante qualquer tumulto arbitrário do poder temporal vigente?

Quantas vezes terá repousado a cabeça para o sono e indagado: Até quando, Pai Celeste, terei as forças devidas e o bom senso preciso para proteger Essa Vida?

                                                                     *   *   *

Todo pai é protetor e guardião de seus filhos. Mas este tinha alguém extremamente grande sob sua responsabilidade.

Seu primogênito era o Rei Solar. Anunciado pelos profetas, aguardado pela ansiedade de um povo.

Chegara anunciado pelos mensageiros celestes, entre cânticos e uma estrela de extraordinário brilho.

Com a vida constantemente ameaçada por quem lhe descobrisse a realeza divina, viveu José entre a carpintaria, os deveres familiares e religiosos.

Foi tão grande em sua humildade que nem deixou registros precisos de sua heroica passagem pela Terra.

Um homem, um pai, um protetor. Gratidão, José, pelo excelente desempenho de sua missão.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 19 de março de 2024

O segundo casamento.



Ele concluíra o curso de contabilidade. Então, a vontade de ser médico, de fazer algo mais pelo semelhante, o levou a entrar para a Faculdade de Medicina.
E foi ali que, um dia, ele viu uma jovem morena, que lhe chamou a atenção. Ela parecia ser do Nordeste, e tinha um jeitinho de japonesa.
Enfim, alguém que lhe fez bater o coração de forma diferente.
O tempo foi passando. Ele descobriu o nome dela, falou com seus colegas ou seja, foi chegando devagar, mas com certeza.
Em julho de 1970, ele fez o que considerou a sua mais importante aquisição: um par de alianças. Também uma geladeira, já pensando no futuro próximo.
E naquele mesmo ano, antes mesmo dela terminar o curso, se casaram. Isso permitiu que ao conquistar o diploma ostentasse o sobrenome de casada.
Foram anos maravilhosos. Vieram os filhos, somaram-se genros, noras e netos.
As alegrias foram se sucedendo. De vez em quando, uma surpresa, um pequeno susto. Uma cirurgia cardíaca, um problema de saúde adiante.
Quando 2018 quase estava para se despedir, foi que o inusitado aconteceu.
O casal viajou para outro Estado, na casa de um dos filhos, para a comemoração do primeiro aniversário de mais uma netinha.
Foi quando Laertes se deu conta de que estava casado há cinquenta anos. Meio século.
Que coisa incrível. Como o tempo passara. Parecia-lhe que ontem ainda estava propondo casamento para Célia. E, agora, eram avós.
Ele pensou que precisava tomar uma atitude. Cinquenta anos é um bocado de tempo. Teve uma ideia brilhante. Sem nada confidenciar a ninguém, foi comprar um par de alianças, mandou gravar os nomes.
Então, em plena festa de aniversário da menina, com a presença dos familiares, amigos, conhecidos, ele fez o inesperado.
Sentados um de frente ao outro, em alto e bom som, ele perguntou para a esposa: Célia, você quer casar comigo?
Ela ficou surpresa. Olhou para os filhos, os netos, todos que no salão haviam parado para contemplar a cena.
Foram alguns segundos de silêncio quase constrangedor. O coração dele parecia saltar do peito.
Finalmente, ela sorriu e estendeu a mão esquerda. E, com o mesmo nervosismo de cinquenta anos atrás, Laerte colocou-lhe no dedo a aliança de ouro reluzente.
Ela repetiu o gesto dele, rindo, feliz. Um sorriso, como disse ele, jamais visto tão iluminado.
E, ante o aplauso dos presentes, eles se beijaram.
Foi assim que eles se casaram pela segunda vez.
                                                            *   *   *
Em tempos nos quais os relacionamentos adquiriram foro de rapidez, desfazendo-se pela manhã o prometido da véspera, contemplar um matrimônio de meio século é emocionante.
Emocionante por se verificar uma vida rica, plena, uma vida construída e alicerçada no tempo.
Uma vida de tantos frutos. Uma família. Que belo exemplo a seguir.
E o seguem os filhos, um a um, pois para cada um deles, já se somam igualmente anos de consórcio com a multiplicação dos filhos.
Isso se chama amor. Amor que não arrefece porque alguns arabescos estão enfeitando a face do outro. Ou porque o cônjuge tem alguns problemas de saúde.
Ou porque o passo se tornou mais lento e a memória prodigiosa empalideceu.
Amor. Sublime amor, que mantém apertados os laços e enfloresce, no transcorrer dos anos.
Redação do Momento Espírita.
www.momentoespírita.com.br

terça-feira, 12 de março de 2024

Servir, perdoar e passar.



Nestes dias de tumulto e violência, os que nos dizemos cristãos não devemos aderir ao murmúrio, à lamentação e à rebeldia.
O mundo já se encontra plenamente servido de pessoas que nada somam além de reclamações.
Nosso Mestre aguarda que acendamos claridade na "noite escura da alma". Que nos tornemos promotores da esperança nos instantes da aflição e semeadores do otimismo onde a desesperação se apresente.
Jesus continua sendo Modelo e Guia, percorrendo a Jerusalém desses dias de caos moral e vazio existencial, resgatando as sementes pisoteadas pelas fúrias da incompreensão e da ignorância.
Não nos afastemos do bem porque nos faltem recursos amoedados.
Privados dos afetos, por qualquer motivo, insistamos na conquista de novos amigos.
Criticados por entes queridos, perseveremos em silêncio em nossa semeadura de amor.
Atacados na honra, deixemos que o Celeste Amigo seja nosso defensor.
Ofereçamos nosso alento e esclarecimento para os que nos desejem ouvir. Mobilizemos nossos braços em favor dos paralisados de toda ordem.
Permaneçamos otimistas e confiantes nas trilhas que livremente escolhemos com Jesus.
Tenhamos a certeza de que, neste momento, seria muito difícil escolher outra opção que não fosse a do combatente silencioso, fazendo luz onde a sombra impera, esclarecendo onde a ignorância predomina e silenciando onde a algazarra perturba.
Quando aceitamos o propósito do bem, dificilmente encontraremos no mundo lugar de repouso.
Estaremos sempre em lutas íntimas, no objetivo de nos fazermos, hoje, melhores do que ontem e, amanhã, melhores do que hoje.
Só uma meta nos deve abrasar: servir, perdoar e passar.
                                                                             *   *   *
O serviço nos mantém a consciência em paz e o coração dedicado ao próximo.
Servir ao bem, servir à sociedade, servir à família, conservando-nos como verdadeiras mãos do Cristo na Terra.
Certamente Ele irá agir por nós. E que honra imensa sentiremos toda vez que isso for possível.
Servir é buscar o equilíbrio nas relações, buscar atender os mais fracos e levar luz para os que ainda estão em profunda escuridão.
Perdoar é refutar o ódio e a vingança. É escolher o caminho da cura e não o do agravamento da doença.
Causar feridas no outro não é a solução para cicatrizar a nossa própria. Assim, perdoar é iniciar o caminho do entendimento, do equilíbrio perdido depois da loucura.
Não nos permitamos vestir com as roupas da vítima injustiçada. Talvez hoje não enxerguemos as razões, mas muitas vezes estamos apenas colhendo o que um dia plantamos. Por isso, serenemos o coração e deixemos passar.
São tempos que nos exigem paciência diante de tantas insanidades, de tantas ideias absurdas que ganham vida e aplausos aqui e acolá.
Deixemos passar a tempestade. Deixemos passar as guerras. Deixemos passar as crises, trabalhando sempre e confiando que tudo que não é bom é transitório.
Tudo que não está de acordo com as leis divinas tem pouca duração.
Dessa maneira, sejamos aquele que serve, perdoa e deixa passar.
Redação do Momento Espírita.
www.momentoespírita.com.br

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