quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Fórmulas de felicidade


Um homem foi informado, aos vinte anos, de que teria poucos anos de vida.

Mas, como novos medicamentos foram surgindo, ele chegou aos setenta anos, saudável e cheio de energia.

Apesar da expectativa de uma vida curta, ele se casou, teve filhos e uma carreira de sucesso.

Também percorreu toda a Europa num trailer, pintou quadros, praticou esportes e manteve fortes laços afetivos com parentes e amigos pelo mundo todo.

Teve, possivelmente, uma vida mais intensa do que muitos dos seus amigos e conhecidos.

A sua vida demonstra que é possível ser feliz na Terra. A vida é cheia de altos e baixos, mas a felicidade tem de ser conquistada, cultivada e valorizada.

Eis algumas reflexões para nos lembrar de como é bom viver e de como se pode ser feliz.

Mude sua forma de pensar  – é importante viver cada dia como se fosse o último. As pessoas que sobreviveram a uma doença terminal, a um desastre, assistiram a morte de um ser querido ou a uma tragédia, transmitem o ensinamento de que não se deve deixar para depois o que é importante. E importante é procurar um amigo agora, aprender algo de novo agora, viajar agora.

Esqueça a competição  – se o seu vizinho comprou um carro novo, foi passear na Europa ou tem o som mais moderno, que importa? O que importa é ter uma vida melhor, ver os amigos, poder estar com a família nos finais de semana.

Trabalhar um pouco menos significa ganhar menos dinheiro, mas proporciona o prazer do aconchego familiar, uma hora devotada a um trabalho voluntário, a oportunidade de ouvir boa música ou ler uma página edificante.

Diga eu te amo ao seu cônjuge, à família e aos amigos. Diga o que admira em cada um deles. Cumprimente-os quando fizerem algo de bom. Elogios são sempre bem-vindos.

Aprenda a dizer não  – você não é obrigado a fazer tudo que lhe pedem. Não precisa se colocar à disposição dos outros o tempo todo.

Reserve algum tempo e espaço para pensar e fazer algo por você mesmo.

Faça uma limpeza geral  – livre-se de tudo que você não usa. Roupas que não veste há um ano, utensílios de cozinha que somente estão atravancando o armário, brinquedos, livros, mobília. Dê tudo para instituições de caridade. Você terá ajudado famílias a começar a vida, crianças, estudantes e pobres.

Telefone ou escreva para os amigos – não importa que vocês tenham perdido o contato. Eles adorarão ter notícias suas.

Alegre-se com plantas. Colha flores no jardim. Elas enchem a casa de vida e energia.

Sorria – o sorriso é contagioso. Experimente. Comprove.

Crie alguma coisa. Pinte. Borde. Cozinhe. Plante. Ofereça algo seu para tornar melhor o lugar onde você vive.

E, finalmente, torne mais feliz a vida de alguém. Pratique uma boa ação. Ceda um pouco do seu tempo para uma instituição.

*   *   *

Alegria e tristeza fazem parte da vida humana. Dificuldades, perdas, também.

O ideal é não cultivar a erva daninha da tristeza, é esmerar-se no trato das flores perfumadas da alegria.

A propósito, para não esquecer das coisas boas que diariamente acontecem, que tal anotar?

Como é mesmo aquela palavra engraçada que sua filha disse hoje? A frase bonita que emocionou você?

Anote, para reprisar esse momento outra vez, quando a tristeza quiser fazer ninho em seu coração.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Injustiças

Raros somos aqueles que nunca sofremos uma injustiça na vida.

Impingem-nos adjetivos os quais temos certeza que não nos cabem.

Fazem julgamentos apressados por essa ou aquela atitude nossa, sem buscar entender o contexto e a situação em que ocorreu.

Comentam, dando vazão à imaginação, desdobrando fatos que nem sempre aconteceram, e, se ocorreram, distantes estão do colorido maledicente com o qual o passam à frente.

Em outros momentos, somos preteridos nessa ou naquela seleção, por critérios escusos e questionáveis.

Amargamos a indiferença de tantos que fazem pré-julgamentos sem ao menos se darem ao trabalho de efetivamente nos conhecerem.

Sofremos humilhações do chefe irascível, do parente em amargura, do colega desequilibrado.

Enfim, tantas são as vezes que somos acometidos por ações desequilibradas,  por atitudes intencionais ou não, amargando pesos e consequências que julgamos não merecer...

Natural pensarmos que todo ato de injustiça é reprovável e, por essa razão, deve ser refutado e combatido.

Porém, inevitável questionarmos: se devemos lutar pelas igualdades, e bem-estar de todos, por que Deus ainda permite tantas injustiças?

É natural pensarmos que devemos nos esforçar para que a justiça seja feita, para que todos sejamos tratados no mesmo patamar de igualdade e direitos.

Porém, sem aprovar ou justificar falta nenhuma, ou atitude injusta de quem quer que seja, podemos analisar a situação por outro ângulo.

Se somos atingidos pela injustiça, que nos pesa no coração, nele instalando mágoas e ressentimentos, também boas lições ela pode nos oferecer.

Uma vez que ela é inevitável, face à leviandade de uns, descuido de outros, e insensibilidade de muitos, que possamos tirar boas lições das injustiças, quando elas nos alcançarem.

Se a vaidade e a dignidade são afetadas, o convite se faz para exercitarmos um tanto mais a humildade.

Se são a nossa cidadania e nossos direitos que são atropelados, oportuno se faz o cultivo da paciência.

Se somos feridos pelo julgamento ácido daquele que nos trai a amizade, a compreensão nos convida a vivenciá-la.

Assim, a cada ação de injustiça que sofremos, podemos perceber o convite da vida para cultivar essa ou aquela virtude.

De forma alguma podemos justificar ou apoiar qualquer ação indigna ou injusta.

De maneira nenhuma devemos aceitar qualquer situação deliberada a prejudicar quem quer que seja.

Lembramos que sempre será possível tirar boas lições das situações mais doloridas.

Quando Jesus nos alerta que, em nosso mundo, ainda são necessários os escândalos, nos leciona que é essa a lição que trará ensinos ao nosso coração ainda teimoso.

Porém, igualmente ele não deixa de nos alertar a respeito da responsabilidade de nossos atos, completando: Ai daqueles por quem venham os escândalos.

Por tudo isso, Jesus, entendendo nossas dores e dissabores na vida vem nos consolar, lembrando que serão bem-aventurados os que têm sede e fome de justiça, porque eles serão saciados.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Jesus, o Bom Pastor

Desde muito Ele era esperado. Cantado pelas bocas proféticas de Israel, todo aquele povo aguardava Sua vinda.

Na imaginação daquele povo sofrido, Ele seria o herói do mundo, o guerreiro da grande nação.

Retomaria o que se havia perdido, e reposicionaria Israel nas glórias do mundo.

No entanto, Ele preferiu vir ao mundo no anonimato de uma estrebaria.

Por trinta anos, Seu cotidiano foi a simplicidade da casa paterna, no burgo quase esquecido de Nazaré.

O Rei Solar fez-se carpinteiro, homem comum, entretido com as coisas comezinhas daquela gente simples e humilde, esperando Sua hora chegar.

E quando saiu ao mundo para pregar as coisas de Deus, nunca mais a Humanidade foi a mesma.

Conhecedor da alma humana, foi capaz de revelar os segredos profundos da Lei de Deus na linguagem simples daqueles que O ouviam.

Se as meretrizes, leprosos, cegos e coxos eram Sua companhia, e os amava em intensidade, também sabia conviver com as autoridades, os sábios e os amoedados.

Ele veio para os doentes pois, conforme Ele mesmo afirmou, os sãos não precisam de médico. E os doentes da alma estão em todo lugar.

Fez-se o médico de todos, a oferecer do Seu remédio para curar os males da alma.

Para tanto, exemplificou e vivenciou à exaustão o amor ao próximo e o amor a Deus sobre todas as coisas, como Ele bem lembrara, ser o maior mandamento da Lei do Pai.

Entendendo as dores da alma, posicionou-se como o Bom Pastor, prometendo cuidar de cada um de nós, as ovelhas de Seu rebanho.

Vinde a mim todos vós que vos encontrais cansados e aflitos e eu vos aliviarei.

Eis a promessa que todo coração sedento de paz desejava ouvir.

Tomai sobre vós o meu fardo que é leve e meu jugo que é suave.

Falava Ele da Sua proposta de convencer-nos a nos deixar arrastar pelo amor.

Nunca antes, e nem depois dEle, alguém vivenciou o amor ao próximo em tão elevada pureza.

E amava com tal intensidade que curava leprosos com Seu toque, estancava hemorragias com Suas virtudes, e processos obsessivos intensos se desfaziam sob o Seu comando.

Na Sua pureza incomparável legou-nos as lições mais belas que a Humanidade jamais houvera tido, muito embora ainda incompreendidas, quando não esquecidas, por nós.

Mas, eis que nestes dias de aflição e angústia, de transição e tumulto pelos quais passa a Terra, novamente a voz dEle ecoa em nossos corações.

Vinde a mim todos vós que vos encontrais cansados e aflitos...

Somos todos nós, os cansados e aflitos, necessitados do Seu regaço amoroso a amparar nossas dificuldades, a nos sustentar o caminhar, a nos encorajar a seguir em frente.

Não nos esqueçamos, então, de que Ele será sempre o Bom Pastor, a cuidar de cada um de nós, as Suas ovelhas.

Permitamo-nos adentrar no Seu redil, seguir a Sua voz, o Seu comando.

Nenhuma das ovelhas que o Pai me confiou se perderá. Eu sou o Bom Pastor. Conheço as minhas ovelhas e elas conhecem a minha voz.

Sigamos com Ele. Sintamos e vivamos a Sua paz.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Além do tempo

Seguiam a nossa frente. Passos vagarosos, cadenciados. Mãos dadas. As cabeças nevadas e a lentidão do passo lhes denunciavam a idade avançada.

Um homem. Uma mulher. Um casal de idosos. De mãos dadas, enamorados. As mãos seguravam firme, como a dizer que um se constituía no apoio do outro. Assim no físico, assim no afeto.

Ficamos a imaginá-los, na esteira do tempo, jovens, rindo e correndo pelo parque, sob as bênçãos do sol. Brincando no lago, jogando água um no outro, gargalhando.

Pudemos quase vê-los, de forma nítida, abraçados, quietos, olhando enlevados o concerto da primavera em flor, mãos entrelaçadas, cabeças apoiadas, tecendo sonhos e fantasias.

Terão imaginado quiçá que alcançariam esta idade, unidos?

São eles mesmos. Atravessaram os anos e prosseguem apaixonados. Casaram, tiveram filhos, passaram as mil dificuldades de educar, instruir e amar a prole, renunciando muito a benefício deles.

Quando os filhos se foram, um a um, como aves de arribação, deixando o ninho para construir o seu próprio e eles ficaram sós, souberam retomar o enlevo dos primeiros dias.

O segredo dessa união sólida? O amor. Só o amor tem o poder de atravessar os anos e se tornar mais intenso. Só ele pode enfrentar com dignidade o encarquilhar das mãos, o aparecimento das rugas, o andar mais demorado.

Somente ele, porque possui lentes especiais, que transcendem o físico e alcançam a alma.

Relação assim regida prossegue para além da vida corpórea. Um parte como flor que fenece ao vento gélido e fica aguardando o outro.

Enquanto espera o amado, a sua é a tarefa de amparar, zelar pelo que ficou nas estradas do mundo. Nas noites de solidão, fala-lhe à intimidade do logo mais e insufla-lhe coragem para não se abater ante os percalços que lhe faltam vencer.

Aguarda-o, no mundo espiritual, como o noivo espera a amada, em dia festivo. E, quando, finalmente, chega o dia da partida, prepara-lhe a chegada e o retoma nos braços em suave amplexo demonstrando que o amor vence a dor, o sofrimento e a morte.

Muitas almas que assim se amam, na Terra, intensamente, retornam mais tarde, em nova roupagem, novamente juntos e, porque amam verdadeiramente, unem-se outra vez para idealizar grandes coisas a bem da comunidade.

É dessa forma que encontramos casais na ciência, na arte, na devoção ao semelhante, doando-se muito além do dever.

Tendo experienciado o amor na sua essência mais profunda aprenderam que quanto mais ele se divide, mais se multiplica.

Doe Sangue

Doe Sangue