As tão almejadas férias chegaram.
Reservara para si algumas semanas num chalé, a fim de se distanciar da balbúrdia da cidade grande.
Quando lá chegou, deitou-se no confortável sofá e começou a ler um romance que trouxera consigo.
Em certo momento, interrompeu a leitura para preparar um chá. Nesse instante, observou, em cima da lareira, um livro.
Tomou-o em suas mãos. Na capa, escrito em letras douradas, lia-se Bíblia Sagrada.
É bem verdade que nunca fora apreciador de religiões. Não se julgava ateu, não negava a existência de uma força maior que rege o Universo. Porém, não se sentia capacitado para compreendê-la.
Assim, depois de abrir o livro e de ler alguns trechos, sem maior interesse, devolveu-o no mesmo local no qual o encontrara.
Dias depois, decidiu fazer um passeio pela floresta próxima ao chalé.
Encontrou cachoeiras, animais, flores belíssimas, os mais doces cheiros. Uma profunda paz.
Entretanto, por ter se distanciado muito, acabou por se perder mata adentro.
Horas se passaram. Estava exausto. Todos os caminhos que tomava pareciam idênticos.
Num instante de desespero, pensou: Meu Deus, que faço agora?
Lembrou-se do trecho bíblico, que lera poucos dias antes: O Senhor é meu pastor, nada me faltará.
Sentindo-se um pouco desconfortável, pois pouquíssimas vezes orara em sua vida, pediu a Deus que o ajudasse a encontrar o caminho de volta.
Enquanto andava a esmo, repetia aquilo que se tornara um mantra frente ao desespero: O Senhor é meu pastor, nada me faltará.
Pouco tempo depois, avistou a lâmpada da varanda do chalé brilhando longe.
Correu aliviado, abriu a porta e exclamou, com toda a sinceridade de seu coração: Obrigado, meu Deus!
Então, tomou a Bíblia novamente em mãos, procurou ansioso o delicado poema e leu para si todos os versos, bebendo cada palavra:
O Senhor é o meu pastor, nada me faltará.
Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas.
Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome.
Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.
Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda.
Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida. E habitarei na casa do senhor por longos dias.
* * *
Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida, sentenciou o Mestre Nazareno.
Não obstante o Cristo tenha deixado pegadas seguras em nosso caminho para que O sigamos, é tão fácil nos perdermos na senda que nos conduz ao progresso, à felicidade, à paz.
Imperioso que façamos um profundo mergulho em nós mesmos, ouvindo a voz divina que está em colóquio incessante conosco.
Tenhamos a humildade e a coragem de segui-La, pois, embora nos percamos nos vales das sombras de nossas mazelas morais, o Senhor é o pastor que nos guia em direção às águas tranquilas e cristalinas de Seu puro e infinito amor.
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita.