terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Flor de estufa.

 


É natural o desejo de viver em paz e ser feliz.

Todos almejam levar a vida sem maiores percalços e desafios.

Entretanto, a realidade é bem diversa.

Qualquer que seja o contexto econômico ou social em que a criatura se apresente, ela enfrenta alguns problemas.

Esse fenômeno precisa ser entendido em sua justa configuração.

O instinto de conservação, inerente aos seres vivos, indica-lhes que devem buscar preservar-se ao máximo.

Trata-se de um recurso providencial, para que bem aproveitem a experiência terrena.

Caso não se cuidem como podem e devem, correm o risco de perecer antes do tempo.

Com isso, deixam de aprender a lição do momento em sua integralidade.

Ocorre que o aprendizado e o aprimoramento são a finalidade do existir.

O Espírito não renasce para se recrear, mas para se melhorar.

Assim, a condição de flor de estufa não lhe assenta.

Se fosse para permanecer em doce repouso, não necessitaria de um corpo físico.

As injunções materiais tornam necessárias certas atividades que viabilizam o progresso.

Porque precisa se manter, o homem disciplina-se a trabalhar.

Como os postos de trabalho são disputados, ele se habitua a estudar e a se aperfeiçoar constantemente.

Para se manter no emprego, precisa respeitar inúmeras regras.

Com isso, gradualmente incorpora em seu ser diversas virtudes.

Disciplina, polidez, humildade e todos os valores e talentos humanos não são presentes, mas conquistas.

Em sentido geral, as exigências ordinariamente se apresentam.

Algumas crises sempre precisam ser vividas e superadas.

Nesse contexto de desenvolvimento amplo e constante, dificuldades não são tragédias.

Elas representam uma lição preciosa.

Todo Espírito possui um destino glorioso.

Nele dormem os princípios das virtudes angélicas.

Constitui uma tola ingenuidade achar que se transitará pela vida ao abrigo de preocupações.

Os problemas que surgem não são injustiças e nem perseguições.

Seu sereno enfrentamento, em contexto de dignidade, é o próprio objetivo da existência.

O homem não pode ser uma flor de estufa, delicada e de pouco perfume.

Seu destino é se assemelhar a uma árvore frondosa, de madeira perfumada, cheia de frutos e flores.

Integralmente útil, qualquer que seja o contexto.

Na pobreza, pleno de dignidade e com muito amor ao trabalho.

Na abastança, modesto e disposto a partilhar e a se fazer instrumento do progresso.

Assim, não se ressinta dos desafios que se apresentam em sua vida.

Entenda-os como testes cuja solução exige apenas disciplina e serenidade.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Jesus está conosco.

 


Naquela quinta-feira, reunidos para a comemoração da Páscoa judaica, Jesus ofereceu aos Apóstolos as derradeiras instruções.

Instruções que valeriam para as horas seguintes e para a posteridade. São discursos profundos, anunciando dores e aflições.

Igualmente acenando com a Sua presença constante, frisando: Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós.

E asseverou: Tudo quanto pedirdes a meu Pai, em meu nome, Ele vo-lo há de dar. Pedi, e recebereis.

Nestes dias de insegurança e medo, que nos envolvem, Suas palavras nos constituem certeza de que não estamos sós.

Ele, nosso Senhor e Mestre, está a postos.

Estas horas de angústia, que nos impulsionam para o caos e para a dor são passageiras.

Já vivenciamos outros momentos graves. No século XIV, a peste negra foi das mais devastadoras pandemias na História humana.

Os números apontam que entre setenta e cinco a duzentos milhões de pessoas pereceram na Eurásia. Somente na Europa, foi dizimado um terço da população.

Mas, superamos. Tornamos a reerguer as cidades, as vilas, e, atestando nossa perseverança, tivemos filhos e netos.

Duas guerras mundiais nos mergulharam em pavor. Calcula-se que na Segunda pereceram entre setenta a oitenta e cinco milhões de pessoas.

Ainda aí, nos erguemos, demonstrando nossa coragem moral, atestando que somos essência do Pai Criador. E refizemos o panorama do mundo.

O terremoto, no Japão, em 2011, seguido de um tsunami, arrasou várias localidades ao longo da costa noroeste.

Dezenove mil pessoas morreram ou desapareceram com o avanço da água por terra firme, devastando tudo à sua passagem.

A massa de água inundou a Central Nuclear de Fukushima, danificando os reatores, no pior acidente nuclear, desde o registrado na Central Soviética de Chernobyl, em 1986.

Superamos. Desenvolvemos técnicas avançadas para prevenir eventuais acidentes de igual ordem.

Reerguemo-nos e prosseguimos vivendo. Somos, com certeza, uma raça de infinitas possibilidades. Somos criaturas imagem e semelhança de um Poderoso Senhor.

Dessa forma, ergamos nosso olhar. As preocupações que ora nos martirizam, passarão. Tudo passa nesta Terra. Os ventos fortes, a ação destruidora dos vulcões, dos tsunamis.

Também a ação nefasta dos vírus passará. Temos a ciência ao nosso lado, conhecimentos que no passado não detínhamos. E nos aprimoraremos sempre mais, em total demonstração da nossa capacidade intelectiva, inventiva e pesquisadora.

Redescobrimos formas de comunicação, ante a necessidade de isolamento, na pandemia que se instalou.

Aprendemos a nos importar com nosso irmão. Confinados no lar, produzimos máscaras e as oferecemos aos hospitais.

Sem poder sair, utilizamos a tecnologia para nos vermos, comunicarmos, orarmos juntos. Não pedimos somente por nós, mas todos os nossos irmãos, que adoecem, que morrem.

Jesus, descrevendo essas dores que nos acometeriam, as aflições do mundo, afirmou:

Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.

Confiemos. Seremos vencedores, com Ele, mais uma vez.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Lições de amor e perdão.

 


O mundo conheceu o drama da mulher nigeriana que, por ter concebido fora do casamento, foi condenada a morrer apedrejada.

Sua história comoveu o Mundo, mas poucos a sabem em detalhes.

Poucos sabem que ela, aos treze anos foi dada em casamento, pelos pais, a um homem de mais de cinquenta anos.

Após ela ter quatro filhos, foi repudiada por esse marido, com a alegação de que não cuidara de forma eficiente das crianças, permitindo que duas viessem a morrer.

Diga-se, de catapora, em uma região desolada, na savana nigeriana, com total falta de recursos.

Quando o médico chegou, era tarde demais.

Depois disso, ela se casou mais três vezes, tendo ao todo sete filhos.

Conforme a Lei Islâmica, foi repudiada por mais duas vezes e, do último marido, ela mesma pediu o divórcio.

Um primo distante, pertencente à família de seu pai começou a corteja-la.

Toda vez que ela saía, ele a encontrava. Falava-lhe coisas gentis, agradáveis, que a foram seduzindo.

Prometeu-lhe casamento. Ela acreditou ter encontrado a felicidade.

Quando engravidou, feliz, lhe deu a notícia. Ele a aconselhou a fazer um aborto clandestino, que ela não aceitou.

Quando a gravidez não podia mais ser ocultada, ela foi denunciada à Corte Islâmica.

Quem a denunciou? Não foram os vizinhos, parentes ou curiosos. Foi seu irmão. O irmão mais querido.

Aquele que ela, ainda menina, auxiliara a cuidar, levando amarrado às costas muitas vezes.

O drama vivido por essa mulher foi pungente. Humilhada, várias vezes, ao ter sua sentença de morte decretada, seu maior pesar foi que sua filhinha, Adama, ficaria sem mãe.

Duas grandes lições essa mulher passou ao Mundo.

A primeira, é que o fruto da sua ligação com o homem que a abandonou, o motivo da sua sentença de morte, é intensamente amado por ela.

Em momento algum, ela deixou de olhar para a menina com olhos de muito amor.

Mesmo condenada à pena capital, continuou a amamentá-la, acarinhá-la, considerando-a um presente de Deus.

Minha filha me dá forças, ela é o meu alento. - Dizia.

A outra grande lição é a do perdão incondicional. Quando foi decretada sua sentença, o irmão que a denunciara a foi visitar.

Sem esperar que ele falasse, ela se aproximou dele e o abraçou.

Ele estava arrependido do que fizera. Dera ouvidos a amigos, não pensara nas consequências finais.

Misturaram as lágrimas. Ele se ofereceu para auxiliar a pagar o advogado que faria a apelação perante a Corte Islâmica.

Safiya foi perdoada. Considerada inocente.

Graças ao esforço de seu advogado e da grande pressão internacional.

A sua história auxiliará, em seu país, a outras mulheres, com certeza.

As suas lições de amor e perdão, contudo, se fazem exemplo para o Mundo inteiro.

                                                         *   *   *

Safiya vive no mesmo lugarejo, ao norte da Nigéria. Ela tornou a se casar.

Um jornalista italiano transformou em livro a sua história. Parte dos proventos vindos da venda do livro são doados a um projeto de apoio e assistência às mulheres e crianças nigerianas.

Tudo realizado por uma ONG italiana, fundada em 1965. Ao todo, essa ONG trabalha em trinta e seis países da África, América Latina, Ásia e nos Bálcãs, envolvendo quase mil e oitocentos operadores.

Isso demonstra que a solidariedade não tem fronteiras.

Redação do Momento Espírita, com base no livro: Eu, Safiya de Raffaele Masto.

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Saber usar.

 


O casal adentrou o restaurante, acompanhado por seus dois filhos, que aparentavam ter aproximadamente cinco e oito anos.

Assim que se acomodaram à mesa, o garçom os abordou, anotando os pedidos para aquela refeição.

No momento seguinte, a mãe retirou da sua bolsa dois smarthphones e os entregou a cada um dos meninos.

As crianças demonstraram a intimidade que tinham com os aparelhos. Colocaram seus fones de ouvido, selecionaram o que desejavam e imergiram em um mundo próprio, alheios ao seu entorno.

A cena chamou a atenção dos mais próximos.

Logo que o jantar foi servido, as crianças colocaram seus pratos em sua frente e se mantiveram conectados aos seus aparelhos.

E assim permaneceram durante toda a refeição. O casal, comendo e conversando calmamente e os filhos, ilusoriamente comportados, se alimentando e atentos, cada qual ao seu próprio interesse.

Difícil saber se sentiam o sabor do que estavam digerindo, tão imersos estavam nas telinhas dos seus aparelhos.

                                                            *  *  *

Essa situação nos conduz a alguns questionamentos.

Onde está o diálogo entre os familiares durante o momento da refeição?

Onde está o respeito ao alimento, que nos traz a saúde e o bem-estar e que nos permite a manutenção da vida?

Onde está o limite que devemos nos impor ao uso da tecnologia, em relação a quando, onde e em que tempo devemos dela usufruir?

Quando nos sentarmos à mesa para nos alimentar, saibamos valorizar a companhia dos familiares e dos amigos, respeitando a presença de cada um e aproveitando esse convívio.

Quando nos alimentamos de qualquer maneira, sem dar a devida atenção ao que estamos ingerindo, estamos dando pouco valor ao fato de termos o acesso ao alimento e também à sua qualidade.

É certo que o avanço tecnológico se faz hoje com uma velocidade que dificilmente acompanhamos. A inteligência humana é capaz de produzir feitos que, há pouco tempo, jamais imaginávamos possíveis.

Devemos agradecer a Deus a oportunidade de viver em um mundo onde, a cada dia, surgem mais possibilidades de manutenção da vida, através de descobertas que permitem vencer enfermidades antes tidas como incuráveis.

Através da criatividade e da inteligência humana, surgem criações que colaboram para que as pessoas se mantenham constantemente informadas e conectadas entre si.

Surgem, também, formas diversas de lazer e entretenimento que encantam e envolvem pessoas de todas as idades.

Diante de todo esse avanço tecnológico, saibamos usar a nossa sensibilidade e os valores pessoais para que possamos usufruir dele sem cometer excessos.

Que saibamos os exatos limites de tempo e de espaço ao lançarmos mão do uso desses modernos equipamentos.

Saibamos nos servir de toda essa tecnologia que temos hoje à nossa disposição de forma positiva.

Não deixemos que o uso dela interfira negativamente ou substitua os ricos momentos de convívio com a família e com os amigos, nos quais devemos exercitar o diálogo, o respeito e a fraternidade.

Redação do Momento Espírita.

Doe Sangue

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