terça-feira, 27 de abril de 2021

Deus e o silêncio.

 


No mundo há tantas vozes. Vozes que cantam, vozes que alertam, vozes que comandam, vozes infindas que ecoam as mais diversas palavras, fruto de incontáveis pensamentos.

Entretanto, palavras são prata. O silêncio, por sua vez, é ouro, ensina-nos o provérbio.

Relatam os Evangelhos que Jesus, inúmeras vezes, retirava-se para, no silêncio, conversar com Deus.

Em busca do progresso, meio pelo qual alcançamos a paz e a felicidade, tamanhas são as nossas dúvidas; grandiosas, as incertezas; incertos os passos.

Entretanto, o mundo é gigantesco para a todos nos envolver e é pequeno o suficiente para caber dentro de nossos corações. No Espírito do homem está o espírito do mundo.

E, para compreendermos o mundo, exterior e interior, necessitamos do silêncio. Para nos autoiluminarmos, dele somos necessitados.

Ouçamos nosso silêncio. Percebamos a harmonia entre nós e aquilo que nos cerca, dos desertos às pradarias floridas, das dores às alegrias.

É no silêncio que encontramos a melhor imagem de nós mesmos e alçamos o mais profundo de nossos corações. Ali Deus habita. Sintamos Sua presença. Silenciosos, ouçamos Seu falar.

A fala do Pai é mansa, é doce. Pétalas suaves que, delicadas, tocam o cerne de nosso ser.

Ouvindo-O, encorajamo-nos, encontramos esperança na desilusão, luz na escuridão, valor no perdão.

Escutando-O atentamente temos a certeza de que as nuvens escuras que, porventura, ocupam os céus de nossa alma vão seguramente passar.

O sol, todavia, que se esconde por trás delas, não passará jamais.

Assim, temos ânimo para novamente sorrir, coragem para vencer os desafios diários, segurança para deixar o homem velho para trás e construirmos o homem novo, objetivo maior de nossa existência.

É no silêncio que curamos nossas mágoas, que combatemos as más intenções que nos impedem de seguir, que nos livramos dos maus pensamentos que nos tiram a paz, que espantamos as más palavras que nos conduzem a dolorosos arrependimentos.

É no silêncio que nos tornamos mais sábios, pois ouvimos a voz de nossa própria consciência.

É no silêncio que o Espírito em marcha desperta, floresce, vislumbra o mundo, prepara-se para os desafios que lhe são próprios frente às responsabilidades intelecto-morais.

É no silêncio que nos encontramos conosco mesmos e com Deus.

                                                                 *    *   *

Pai de todos nós, permite-nos que Te ouçamos no mais solene silêncio de nossos corações.

Que, por meio do silêncio, a acústica de nossas almas vibre em comunhão perfeita Contigo.

Que, em nossas dores, em nossas alegrias, em nossas angústias, em nossa resignação, saibamos guardar o devido silêncio, a fim de Te louvarmos.

Que o silêncio seja, Senhor da Vida, nosso elo mais profundo de ligação e que seja ele a nos lembrar que Tu não és o Pai que habita distante, nos céus. Antes, Tu és Aquele que habita o mais íntimo de cada um de nós.

Silenciemos. Ouçamos a Voz de Deus a falar, a ensinar, a consolar, a cantar a mais harmoniosa melodia dentro de nós!

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 20 de abril de 2021

O respeito pela vida.


O respeito pela vida abrange o sentimento de alta consideração por tudo quanto existe.

Não apenas se detém na pessoa, mas em todas as expressões da natureza.

Quando não existe essa manifestação, os valores éticos se enfraquecem e todos os anseios superiores perdem a significação.

A criatura humana, impulsionada por ilusões da conquista do sucesso aparente, tem se esquecido disso, sem se dar conta da gravidade de tal atitude.

O egoísmo tem controlado os sentimentos, impondo o seu interesse, em detrimento de todos os valores mais dignos.

Os membros da sociedade têm sido separados lamentavelmente, dividindo-se em classes medidas pelos recursos sociais, econômicos, porém, nunca os morais.

Surge, então, um inevitável abismo entre os seres. Reações de animosidade se convertem em ódios tolos, abrindo campo para as batalhas da violência doméstica e urbana.

Quando mais intensos, se apresentam como atos de terrorismo e guerras odientas.

Alguns acreditam que, possuindo dinheiro e desfrutando de projeção política ou social, serão capazes de conseguir afeição e companheirismo. Amargo engano.

Afeto e amizade não se compram, nem tampouco se impõem. Alguns se deixam seduzir por esses recursos transitórios.

Iludem-se pensando que a criatura pode ser identificada pelo que possui e não pelo que realmente é.

Todas essas fantasias, no entanto, são passageiras, porque as riquezas trocam de mãos rapidamente.

A beleza e o poder não enfeitam as mesmas faces por longos anos.

Tocadas pela brisa do tempo, elas desaparecem a olhos vistos, e cedem lugar à verdadeira essência dos seres.

Ninguém consegue ser feliz individualmente no deserto que cria para si mesmo ou numa ilha isolada da convivência social.

Tentando ignorar essa verdade, muitos se valem de subterfúgios infelizes. Buscam no álcool, nas drogas químicas, na baixeza emocional e sexual, a fuga da solidão e do desconforto em que vivem.

Esse é outro equívoco que conduz a tragédias ainda mais dolorosas. A vida só se faz digna e próspera, quando se estrutura na pedra fundamental do respeito.

O respeito pela vida eleva o padrão de conduta, dignificando aqueles a quem é direcionado e elevando moralmente quem assim se comporta.

A honestidade, por sua vez, indispensável no sucesso dos relacionamentos humanos, proporciona confiança e bem-estar aos seres.

                                                                  *   *   *

Elaboremos uma lista de desafios íntimos que nos possam conduzir a situações embaraçosas.

Trabalhemos item a item, cada dia, experimentando as alegrias que decorrem do respeito pela vida.

Redescobriremos o amor e a satisfação de repartir e de compartilhar os júbilos com o próximo.

Constataremos o resultado decorrente da renovação íntima que nos dispomos realizar.

Respeitando a vida, passaremos a ser respeitados e estimados por todas as expressões dela própria.

Notaremos em nós mesmos a indescritível satisfação de estar em paz com a própria consciência.

Lembremos: a vida é sublime concessão de Deus, que não pode ser desconsiderada, por quem quer que seja.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 13 de abril de 2021

Esforço pessoal.


As grandes conquistas da Humanidade têm começo no esforço pessoal de cada um.

Disciplinando-se e vencendo a si mesmo, o homem consegue agigantar-se, alcançando resultados expressivos e valiosos. Essas realizações, no entanto, têm início nele próprio.

É possível que não consigas descobrir novas terras, a fim de te tornares célebre. Todavia, poderás desvelar-te para o bem, fazendo-te elemento precioso no contexto social onde vives.

Certamente, não conseguirás solucionar o problema da fome na Terra. Apesar disso, poderás atender a algum necessitado que defrontes, auxiliando a diminuir o problema geral.

Não terás como evitar os fenômenos sísmicos desastrosos que, periodicamente, abalam o planeta. Assim mesmo, dispões da oração, que envia a essas almas o amparo necessário para a amenização de suas dores.

De fato, não terás como impedir as enfermidades que ceifam as multidões que lhes tombam, indefesas, ao contágio avassalador. Apesar disso, tens condições de oferecer as terapias preventivas do otimismo, da coragem, da esperança.

As sucessivas ondas de alienação mental e suicídios, que desnorteiam a sociedade, não cessarão de imediato sob a ação da tua vontade. Mas, a tua paciência e bondade, a tua palavra de fé e de luz, conseguirão apaziguar aquele que as receba, oferecendo-lhe reajuste e renovação.

Naturalmente, o teu empenho máximo não irá alterar o rumo das leis da gravitação universal. Mas, se o desejares, contribuirás para o teu e o equilíbrio do teu próximo, em torno do sol de primeira grandeza que é Jesus.

Os problemas globais merecem respeito. Mas, os individuais, que se somam, produzindo volume, são possíveis de serem solucionados.

A inundação resulta da gota de água.

A avalanche se dá ante o deslocamento de pequenas partículas que se soltam.

A epidemia surge num vírus que venceu a imunização orgânica.

Desta forma, faze a tua parte, mínima que seja, e o mundo irá melhorar.

A sociedade, qual ocorre com o indivíduo, é o resultado de si mesma.

Reajustando-se o homem, melhora-se a comunidade.

Se teus sonhos almejam a felicidade plena no mundo, começa a busca de fazer felizes aqueles que se encontram ao teu redor.

Se teus desejos de paz são sinceros, busca a paz interior da consciência tranquila, e transmite paz àqueles que te cercam.

Se vês no futuro o amor reinante no planeta, principia amando intensamente tua família.

                                                           *   *   *

A escuridão não mais existe, quando na presença de uma minúscula faísca.

O sofrimento pensa em desaparecer, quando envolvido por uma leve brisa de esperança.

A chuva cinza decompõe-se em cores, quando recebe os raios do sol.

A raiva tem saudade da doçura, quando é abraçada com carinho.

A escuridão, o sofrimento, a chuva, a raiva: todos eles passam.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita. 

terça-feira, 6 de abril de 2021

Palavrão.

 


Está se tornando comum o palavrão. A pouco e pouco, palavras de baixo calão vão sendo incorporadas ao vocabulário. Passam a ser utilizadas, habitualmente.

Lá se foram os anos em que o palavrão era utilizado pelas pessoas ditas de má educação. Hoje, atingiu status. Políticos se permitem utilizá-lo para defesa das suas ideias ou para a própria defesa.

O teatro foi inundado por artistas que fazem dos palavrões meios de comunicação. Tudo em nome de uma pretensa arte.

A televisão exibe cenas de violência e sexo, manipulando gestos e palavrões. As empresas públicas, que exploram a telefonia, permitem que, com o simples discar de um número, se ouçam piadas maliciosas e se aprendam mais alguns palavrões.

Atores e atrizes não se limitam a dizer piadas fortes. Vão além. Fazem também gestos agressivos. E o pior: o público aplaude. Como se ouvissem frases de efeito que encerrassem uma filosofia ou um ensinamento.

Pais ensinam aos filhos os palavrões. E as ocasiões para os utilizar. Para ofender os brios de alguém. Para irritar simplesmente. Ou só para desabafar.

Observamos como a linguagem vai se tornando grosseira, grotesca.

Em O livro dos Espíritos aprendemos que se reconhecem os Espíritos pela linguagem. Entre os Espíritos, como entre os homens, a linguagem é sempre um indicativo de qualidade moral e intelectual.

Ao abordar a questão da palavra, Jesus foi enérgico: Aquele que disser a seu irmão: “Raca, merecerá condenado pelo conselho. Aquele que lhe disser: és louco, merecerá condenado ao fogo do inferno.”

Raca, entre os hebreus, era um termo desdenhoso. Significava homem que nada vale. Era pronunciado cuspindo e virando-se para o lado a cabeça.

Ao afirmar que mereceria o fogo do inferno, o que significa intenso sofrimento, Jesus vai bem longe. Como pode uma simples palavra, louco, se revestir de tanta gravidade que mereça tão severa reprovação?

É que toda palavra exprime um sentimento e vai carregada de vibração correspondente. Desse modo, toda palavra ofensiva exprime um sentimento contrário à lei do amor e da caridade. Constitui um golpe desferido na fraternidade.

Quando vemos nossa infância e juventude absorvendo tão rapidamente os palavrões, esquecendo as verdadeiras denominações dos objetos, lamentamos.

Alguns defendem o retorno aos antigos métodos repressores. Da pimenta na boca, palmada nos lábios à censura ostensiva em todos os veículos de comunicação.

A repressão, a agressão não resolvem o problema. Existem sempre os que afirmam que a lei existe para ser violada.

O problema é, pois, de educação. Educação do pensamento para uso da palavra devida.

A boca fala do que está cheio o coração. A boca expressa os sentimentos. A ideia é uma força criadora e nossas palavras aderem a ela elaborando formas e coisas.

De maneira simbólica, podemos comparar a palavra ao ferro gusa. Após escorrer do forno da nossa mente se solidifica nos trilhos, bons ou maus, sobre os quais o comboio da nossa existência seguirá.

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Habituemo-nos a falar o bem. Não incorporemos ao próprio vocabulário expressões de cunho malicioso ou grotesco.

Vigiemos o pensamento. Habituemo-nos à boa leitura.

Alimentemos a mente e o coração com o que é belo e bom.

A palavra tem vida. Vitalizemos o bem.

Redação do Momento Espírita.

Doe Sangue

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