terça-feira, 28 de novembro de 2023

A dor e a imperfeição.


O ditado popular diz que Quem com ferro fere, com ferro será ferido.

Sem levar para a tradução literal, entendamos que isso significa que não podemos fugir dos efeitos dos atos que praticamos.

É impossível semear dores e desgraças na vida do próximo e não responder por isso.

A implacável resposta, às vezes, vem rápida. De outras, demora um pouco.

Como a justiça humana é falha, inúmeros criminosos terminam seus dias na Terra, ricos e em liberdade.

Porém, a justiça divina é perfeita e se baseia em leis naturais.

Cedo ou tarde, a criatura vivencia a experiência necessária ao enfrentamento das consequências de seus atos.

Doenças, miséria, inibições e bloqueios podem ser o resultado de equívocos do passado.

Existem, no entanto, grandes almas que nascem na Terra para exemplificar as mais sublimes virtudes.

Renúncia, paciência, pureza, amor desinteressado, tudo isso habitualmente, figura na programação de vida de um Espírito elevado.

São criaturas sublimes, cujo lar verdadeiro não é este planeta.

Elas vêm para cá exclusivamente no cumprimento de missões.

Consequentemente, embora tenham a consciência tranquila, partilham das misérias humanas à exaustão.

Não estão reparando equívocos do passado, mas dando exemplo de como o homem deve portar-se em face das tribulações.

Por amor, vivem uma realidade distinta da que merecem.

Para todos nós, Espíritos medianos, nem sempre a dor que nos chega significa reparação de algo errado que tenhamos feito, em algum momento.

Certo que nossos erros e vícios geram sofrimento.

Contudo, importante tenhamos em conta que a dor é consequência da nossa imperfeição.

Vejamos como geramos, para nós, certos sofrimentos, pelos defeitos de que ainda somos portadores.

Se alimentamos o ciúme, ele nos impede que possamos viver em paz.

A ganância não nos permite sermos felizes com o que temos.

A avareza é um tormento.

O ódio nos impede agir de forma racional e semeia desgraças.

De outro lado, o homem rude e indiferente necessita de dores para desenvolver a sensibilidade.

Quem observa a dor alheia sem sentir compaixão precisa passar por experiência semelhante.

Dessa maneira, se não somos uma alma missionária, plena de virtudes, acreditemos que a dor que nos alcança tem um propósito.

Ela é um convite para que melhoremos nossa performance como seres humanos.

Por enquanto, nos visitam doenças, envelhecimento, ausência de seres queridos, desemprego, morte.

O único modo de sairmos dessa faixa de dores é aperfeiçoarmos o próprio ser.

Isso importa em, gradualmente, domarmos as paixões inferiores e deixarmos os vícios para trás.

Enamorarmo-nos das virtudes, elevar nossos gostos e hábitos.

Tornarmo-nos uma pessoa amorosa, leal, trabalhadora.

Deslocar o foco de nossa atenção.

Não pensar apenas em nosso bem-estar, mas investir tempo e esforço para fazer feliz o próximo.

Assim agindo, gradualmente, as pequenas coisas deixarão de nos infelicitar.

Ocupados em promover o bem, seremos por ele promovidos a faixas superiores da existência.

E, finalmente, viveremos felizes e em paz!

É um longo caminho. Comecemos hoje.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 21 de novembro de 2023

Harmonia das diferenças.


De um modo geral, nosso grande problema, nas relações pessoais, é que desejamos que os outros sejam iguais a nós.

Em se falando de amigos, desejamos que eles gostem exatamente do que gostamos, que apreciem o mesmo gênero de filmes e música que constituem o nosso prazer.

No âmbito familiar, prezaríamos que todos seus membros fossem ordeiros, organizados e disciplinados como nós.

No ambiente de trabalho, reclamamos dos que deixam a cadeira fora do lugar, papel espalhado sobre a mesa e que derramam café, quando se servem.

Dizemos que são relaxados e que é muito difícil conviver com pessoas tão diferentes de nós mesmos. Por vezes, chegamos às raias da infelicidade, por essas questões.

E isso nos recorda da história de um menino chamado Pedro. Ele tinha algumas dificuldades muito próprias.

Por exemplo, quando tentava desenhar uma linha reta, ela saía toda torta.

Quando todos à sua volta olhavam para cima, ele olhava para baixo. Ficava observando as formigas, os caracóis, em sua marcha lenta, as florzinhas do caminho.

Se ele achava que ia fazer um dia lindo e ensolarado, chovia. E lá se ia por água abaixo todo o piquenique programado.

Um dia, de manhã bem cedo, quando Pedro estava andando de costas contra o vento, ele deu um encontrão em uma menina e descobriu que ela se chamava Tina. E tudo o que ela fazia era certinho.

Ela nunca amarrava os cordões de seus sapatos de forma incorreta nem virava o pão com manteiga para baixo.

Ela sempre se lembrava do guarda-chuva e até sabia escrever o seu nome direito.

Pedro ficava encantado com tudo que Tina fazia. Foi ela que lhe mostrou a diferença entre direito e esquerdo. Entre a frente e as costas.

Um dia, eles resolveram construir uma casa na árvore. Tina fez um desenho para que a casa ficasse bem firme em cima da árvore.

Pedro juntou uma porção de coisas para enfeitar a casa. Os dois acharam tudo muito engraçado. A casa ficou linda, embora as trapalhadas de Pedro.

Bem no fundo, Tina gostaria que tudo que ela fizesse não fosse tão perfeito. Ela gostava da forma de Pedro viver e ver a vida.

Então Pedro lhe arranjou um casaco e um chapéu que não combinavam. E toda vez que brincavam, Tina colocava o chapéu e o casaco, para ficar mais parecida com Pedro.

Depois, Pedro ensinou Tina a andar de costas e a dar cambalhotas.

Juntos, rolaram morro abaixo. E juntos aprenderam a fazer aviões de papel e a lançá-los, voando, para muito longe.

Um com o outro, aprenderam a ser amigos até debaixo d'água. E para sempre.

Eles aprenderam que o delicioso em um relacionamento é harmonizar as diferenças.

Aprenderam que as diferenças são importantes, porque o que um não sabe, o outro ensina. Aquilo que é difícil para um, pode ser feito ou ensinado pelo outro.

É assim que se cresce no mundo. Por causa das grandes diferenças entre as criaturas que o habitam.

                                                                *   *   *

A Sabedoria Divina colocou as pessoas no mundo, com tendências e gostos diferentes umas das outras.

Também em níveis culturais diversos e degraus evolutivos diferentes.

Tudo para nos ensinar que o grande segredo do progresso está exatamente em aprendermos uns com os outros, a trocar experiências e valorizar as diferenças.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 14 de novembro de 2023

Faxina de todo dia.


Toda casa bem cuidada espera uma boa faxina pela manhã.

Tomemos essa referência para a casa da alma e atentemos para alguns conselhos importantes:

Comecemos o dia buscando esquecer as ocorrências infelizes da véspera.

A faxina começa por aí. A casa necessita desse tipo de cuidado. Retirar resíduos dos eventos ruins do dia anterior.

Se a imagem de alguém, que nos machucou, permanece em nossa mente, inquietando-nos, envolvamos essa pessoa no bálsamo de uma prece.

Uma chaga no corpo exige esse tipo de recurso cicatrizante.

Joguemos no cesto do esquecimento boatos e injúrias recebidas ou ouvidas.

A moradia claramente limpa reclama a presença do esgoto. Então, tudo aquilo que nos faz mal deverá ser dirigido para lá.

Evitemos iniciar assuntos que façam alusão à delinquência, à criminalidade e a notícias deprimentes.

Ninguém lava as mãos num vaso de lama.

Sirvamo-nos do calor do trabalho para dissipar tentações.

A ocupação nobre nos salva da hora vazia, perigosa para a alma imatura e seus muitos vícios morais em tratamento.

Não permitamos, pela inatividade, que se criem teias de aranha em nossas horas. Busquemos eliminá-las com o espanador de ações úteis.

Evitemos comentários deprimentes.

Resguardemos o coração nas fontes superiores, pensemos no bem e procuremos falar e agir para o bem.

Servir ao bem dos outros é a melhor forma de atividade preventiva contra enfermidades, evitando acúmulo de lixo tóxico em nossa casa mental.

Que possamos promover diariamente esta faxina preventiva, antes da instalação de focos de fungos ou de sujeiras de difícil limpeza no coração.

Recebamos cada novo dia com gratidão, dando a tudo e a todos uma nova chance, lembrando que nosso maior compromisso é conosco mesmo.

Uma casa mental bem cuidada dura mais. Uma casa mental tratada com capricho, esmero, consegue receber melhor as visitas e fazê-las se sentirem bem.

Uma casa mental agradável proporciona alegria de viver, amor à vida, estímulo constante, e nos protege contra as investidas sorrateiras do desânimo, da descrença e do desamor.

O trabalho da faxina da alma não é difícil como parece e traz benefícios imediatos. Por outro lado, o acúmulo de detritos, o descuido, a indiferença, só nos trazem arrependimento e dores desnecessárias.

Dessa maneira, estabeleçamos como regra começar o dia com uma prece. E terminá-lo também com uma prece.

Não consideremos isso como um ritual, mas como uma disciplina de higiene.

Da mesma forma que mantemos a disciplina com a higiene do corpo, com o banho diário, a escovação dos dentes após as refeições, estabeleçamos disciplina para nossa alma.

Mantenhamos, através da oração, o contato com a Espiritualidade superior e perceberemos a faxina sendo feita, as boas intuições que começam a surgir.

Perceberemos que podemos contar com esse grande instrumento sempre que desejarmos.

A faxina de todo dia é o cuidado da alma. Se desejamos viver melhor, pensemos um tanto mais sobre isso.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 7 de novembro de 2023

Você vencerá.


Não desanime. Persista mais um pouco.

Não cultive o pessimismo.

Concentre-se no bem a fazer e não abrace as sugestões do medo destrutivo.

Continue em frente mesmo que seja por entre lágrimas.

Trabalhe sempre.

Não permita que o gelo do desencanto entorpeça o seu coração.

Não se impressione com as dificuldades. A vitória, em qualquer questão, é construção para o dia a dia.

Não desista da paciência. Não há realizações sem esforço.

Não permita que os irmãos em desequilíbrio destruam o seu panorama de esperança.

Perdoe a quem o agride. Desculpe a quem o maltrata. Desconsidere a ofensa de quem está mal consigo mesmo.

E, caso você tenha se enganado em algum trecho do caminho, reajuste a própria visão e procure o rumo certo.

Não conte vantagens nem fracassos. Não dramatize os problemas.

As dificuldades, nesta Terra, são de todos. Ora alcançam uns, ora a outros.

Conserve o hábito da oração para que tenha luz na vida íntima.

Persevere no trabalho que Deus lhe confiou.

Ame sempre, fazendo pelos outros o melhor que possa realizar.

Auxilie, sempre que possa. Sirva sem apego.

Guarde a certeza de que assim você vencerá.

                                                             *   *   *

Talvez um dos conselhos que mais ouvimos quando, em certos momentos da vida, desanimamos ou caímos é: Siga adiante. Não desanime.

Fácil na boca de quem fala, difícil para quem ouve é o que pensamos, de imediato.

No entanto, a existência na Terra é uma sequência de passos e quedas, de avanços e decepções, de alegrias e frustrações.

Quando imaginamos que as coisas estão indo bem, começando a se acalmar, quase que ficamos aguardando a outra bomba que deve estar a caminho.

Isso acontece porque a existência na Terra não corresponde a um período de férias. Não se trata de uma viagem maravilhosa para um lugar de descanso e diversão.

Podemos dizer que se parece mais a um período de guerra. Estamos em trincheiras, vivendo a expectativa dos bombardeios. A expectativa de viver mais um dia. Por vezes, apenas sobreviver.

Isso não significa que não possamos ter momentos de tranquilidade, de refazimento e até de profunda alegria.

Significa apenas que não devemos esperar que eles sejam frequentes, que se reprisem quase continuamente.

Temos tarefas graves a realizar. Temos um compromisso com o pelotão, pois estamos em período de batalhas graves.

Talvez isso explique a expressão matar um leão por dia. E também nos console diante de tantos desafios ao mesmo tempo.

São as aflições naturais do mundo no atual estágio em que nos encontramos. Aflições num mundo de aflitos.

Somos almas aflitas buscando, nas barricadas, resolver nossos conflitos íntimos e assim, de uma vez por todas, encerrar a guerra.

Quando isso tudo irá terminar? Podemos nos perguntar.

Quando todos quisermos, quando cansarmos de nos ver como competidores, ou como inimigos. Quando, finalmente, nos enxergarmos como irmãos.

Enquanto isso, sigamos firmes, fazendo nossa parte e construindo o entendimento de uma vida com mais amor, mais auxílio mútuo e menos aflições.

Agindo dessa forma, tenhamos certeza: venceremos.

Redação do Momento Espírita.

Doe Sangue

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