terça-feira, 30 de março de 2021

A empatia em tempos de crises


A vivência da empatia é de fundamental importância nestes tempos de crises, pelos quais estamos passando quando urge a necessidade de buscarmos respostas que justifiquem o porquê e o para quê dos acontecimentos atuais e do nosso envolvimento neste contexto, não apenas no tocante às crises existenciais e à pandemia da covid-19, mas também aos preconceitos alusivos à desigualdade social, ao gênero, à sexualidade, à etnia, etc.

Embora para muitos de nós, à primeira vista, tratam-se de tempos de dores e de sofrimentos, na verdade o fundo da questão nos remete às oportunidades de aprendizagem moral, chamando-nos para que, através da força do autoconhecimento, do resultado dos momentos de reflexão e da vivência de maneira resignada, libertemo-nos das amarras que nos impedem do avanço na senda evolutiva, e que possamos, através desses exercícios, promover a nossa transformação moral.

Como já sabemos, a empatia é a palavra-chave para o momento em que estamos vivendo e convivendo, como se estivéssemos nos abarcando no mesmo barco, em plena tempestade, unindo forças para o enfrentamento de desafios, a fim de vencermos estes tempos de pandemia e demais tipos de crises que envolvem a sociedade como um todo.

O mestre Jesus, através dos evangelhos, ensina-nos a empatia, que se praticada em tempos de normalidade, na aprendizagem das lições, na lida do dia a dia, servirá de base para a aplicação em tempos de crises, assim vejamos o seguinte exemplo:

“Fazei ao outro somente aquilo que gostaríamos que nos fosse feito”. (Mateus 7:12)

Dessa recomendação do mestre Jesus, podemos extrair para todos nós o ensinamento de que se trata do maior senso de justiça, equilíbrio das relações interpessoais.

Fazer ao outro somente o que gostaríamos que nos fosse feito é nos colocarmos no lugar do outro, fazendo ao outro as coisas que desejamos que o outro faça por nós.

Esse ensinamento é, também, ministrado pelo Espírito de Verdade, na questão 876 de O Livro dos Espíritos, sendo a sua aplicação à base da justiça, segundo a lei natural.

Portanto, temos no mestre Jesus, o exemplo maior da empatia, sendo Ele o tipo mais perfeito oferecido por Deus à Humanidade, para lhe servir de guia e modelo, conforme nos ensina a questão 625 de O Livro dos Espíritos.

Que nestes tempos de crises diversas, possamos nos colocar no lugar do outro, fazendo-lhe somente aquilo que gostaríamos que nos fosse feito, a fim de auxiliá-lo nestes momentos difíceis pelos quais todos estamos vivenciando, quando passamos a desenvolver a virtude da misericórdia, externando a pureza do coração em favor um do outro.

Dessa forma, juntos entenderemos o porquê e o para quê destes tempos de crises, e venceremos o mundo, ou seja, começando, cada qual, pelo seu próprio “mundinho” íntimo.

Yé Gonçalves

Texto publicado em 07/01/2021 na Agenda Espírita Brasil e, gentilmente, cedido aos irmãos(ãs) do Jornal Mundo Maior.

terça-feira, 23 de março de 2021

Quem é essa criatura ?

 


Quem é essa criatura que toma de uma folha de árvore e a esculpe, transformando-a em uma verdadeira obra de arte, que reproduz cenas da natureza?

Quem é essa criatura que se serve da areia para erguer minuciosas esculturas na praia?

Quem é essa criatura que toma um instrumento e reproduz sons da natureza, sons que parecem vir de outra dimensão, para nos encantar os ouvidos, extasiar a alma e curar enfermidades?

Quem é essa criatura que descobre como viajar pelas estrelas, conquistando, a pouco e pouco, o Universo sem fim?

Quem é essa criatura que perpetua a própria espécie e a conduz pelos caminhos do progresso, entre ternura e carinho?

Quem é essa criatura que imita o voo dos pássaros na coreografia espetacular dos palcos, que dá saltos fenomenais como a dizer que o Espírito comanda o corpo e o exercício garante o resultado almejado?

Quem é essa criatura capaz de amar, de criar, de enfeitar o mundo, de erguer edifícios que parecem escalar os céus?

Quem é essa criatura que toma das letras e escreve poemas, canções, produz maravilhas e tudo oferece a todas as demais criaturas?

                                                                            *    *    *    *   

Essa criatura se chama homem. Colocado neste mundo para progredir e mudar o próprio ambiente em que vive.

Um ser que olha ao seu redor, toma da madeira e constrói abrigos e modela belezas com as próprias mãos.

Um ser concebido por uma Inteligência Suprema, Causa de todas as coisas. Um Criador que lhe deu um corpo, formado do húmus da terra, para nela viver.

Um ser que recebeu, com o sopro da vida, a essência imortal, que migra de corpo a corpo, através das idades, através dos mundos.

Essência que traz do Criador a possibilidade da grandeza, Sua criatividade inesgotável. Por isso, contempla as estrelas e as deseja alcançar.

E, enquanto as suas naves espaciais não podem dominar o espaço sideral, ele sonha e escreve, extrapolando as fronteiras da matéria.

Sua alma viaja pelos sonhos, pelos ideais mais nobres.

E quando retorna dos seus passeios, reproduz para os demais o que viu, sentiu, ouviu, concebendo pinturas de beleza sem igual, versos de poesia, sons de lugares ainda não explorados.

Homem, ser criado por Deus. Espírito Imortal, que ora está aqui, ora se vai, buscando novos estágios.

Como o definiu o Mestre de Nazaré, o mais Excelso Cantor de todos os tempos, um Espírito que não sabemos de onde vem, nem para onde vai.

Semelhante ao vento, sopra, acaricia nossas vidas por um momento e segue, beneficiando outras tantas vidas.

Semelhante ao seu Criador, a quem aprendeu a chamar de Pai, d'Ele traz a herança da Imortalidade, da possibilidade de criar, sem cessar.

                                                                       *    *    *    *

Não nos cansemos de louvar a Deus por nos ter criado seres tão excepcionais, com capacidades inigualáveis.

Capazes de amar, de termos filhos, de gerar maravilhas.

Exerçamos nosso poder sobre este planeta, enchendo-o de beleza, de excelências extraídas da nossa essência imortal.

Tenhamos nosso olhar nas estrelas, em tudo que representa a Divindade excelsa, infinita, insuperável.

Somos Sua Criação. Seus filhos. Herdeiros do Universo inteiro.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 16 de março de 2021

O ano em que nos descobrimos.

 


O ano de 2020 se foi. Foram nove meses de isolamento social, intercalados por lockdown, toque de recolher, hospitais sem vagas para os infectados com a COVID.

Talvez nossos avós e bisavós tenham experienciado alguma dessas questões, de forma semelhante, na gripe espanhola que manteve o mundo em polvorosa por dezoito meses.

Muitos afirmam que esse ano foi perdido. Não valeu nada.

São os pessimistas, aqueles que somente conseguem ver o que é ruim, desastroso, mau.

Os que temos olhos de ver, ouvidos de ouvir, com certeza nos demos conta do quanto crescemos nesses meses.

Para sobreviver, tivemos que nos reinventar, criando formas diferentes de vender nosso produto.

Nosso pão caseiro, bolachas, nossas hortaliças passaram a ser ofertadas pelo site que elaboramos. Nosso pequeno negócio precisou se adequar a regras de controle: álcool gel, máscara, circulação contida.

Entrega a domicílio. Inauguramos nosso próprio delivery. Cada um de nós a seu modo, do seu jeito, conquistando clientela.

Os religiosos, com nossos templos de portas cerradas, criamos atendimento on-line para os necessitados da alma.

E horários diversificados para a entrega das cestas básicas aos carentes do corpo.

Passamos a utilizar as plataformas digitais que estavam aí, há tanto tempo. Descobrimos os seus grandes benefícios.

Nosso Evangelho no lar, feito portas familiares adentro, se estendeu para o mundo. Convidamos amigos, parentes para participarem, enchendo as janelinhas de uma ou outra plataforma digital.

E a dimensão foi se ampliando, amigo enviando a amigo até perdermos a conta de quantos participam dessa nossa atividade.

Nosso estudo em grupo, de trinta a quarenta pessoas, em uma sala, tomou a dimensão de dezenas e mais dezenas de pessoas que aderiram.

Aprendemos a nos comunicar pelas janelinhas, a debater ideias, apresentar vídeos, criar maravilhas, ofertar a nossa poesia, o nosso canto.

Avaliemos o quanto crescemos, o quanto fizemos, demonstrando que quando a adversidade se apresenta, acionamos nosso potencial criativo e a superamos.

Superamos a distância, o isolamento, a vontade de abraçar. Aprendemos a sorrir pelos olhos porque a máscara nos cobre o nariz e a boca.

Foi nesse ano de tantas dores, de tantas mortes, de tantas perdas, que aprendemos a olhar para os invisíveis.

Para os lixeiros que nunca deixaram de vir fazer a coleta, nos dias e horas precisos.

Para tantos atendentes em postos de saúde, enfermeiros, cuidadores.

Aprendemos a aplaudir os médicos, dedicados e exitosos.

Reconhecemos a importância do trabalho dos garis que limpam as ruas das nossas cidades.

Alguns, mais sensíveis, como uma garota de dez anos, de uma cidade do Tocantins, resolveu fazer algo mais.

E preparou para esses invisíveis, de todos os dias, um super café da manhã.

Um dos agraciados com a gentileza de Cinthya afirmou: Precisamos olhar mais para o próximo. Que continue sempre assim.

Convenhamos: esse ano foi desafiador. Alguns sofremos grandes perdas de amores, de valores amoedados.

Mas, crescemos. E aqui estamos no novo ano. Podemos afirmar: vencemos. E prosseguiremos.

Redação do Momento Espírita.


terça-feira, 9 de março de 2021

Promessas matrimoniais.


No ato do consórcio matrimonial, os cônjuges realizam algumas promessas.

Prometem amar e respeitar um ao outro, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe.

Estranhamente, muitas vezes os votos formulados são esquecidos em pouco tempo.

Esposos se antagonizam. Criam dificuldades um para o outro. E o que começa como um lindo sonho de amor, em muitos casos acaba com um desfazer da aliança, em meio a muita mágoa.

Onde ficam as promessas do casamento? Onde o amor eterno jurado tantas vezes, durante o namoro?

Talvez se devesse pensar em algumas promessas diferentes para o momento em que as pessoas se decidam casar.

Perguntas que levem a reflexões. Ou que digam, de forma mais explícita, o que é amar e respeitar um ao outro.

Eis algumas delas:

Promete não desejar assumir o controle da vida do outro? Promete ter em mente que ele é um ser que, antes de conhecer você, fazia parte de uma família, tinha amigos e ideais?

Promete respeitar os seus gostos musicais, mesmo que você não aprecie o tipo de música de que a pessoa gosta?

Afinal, vocês poderão fazer um acordo de forma a que cada um ouça, em determinado tempo, e em volume condizente, a música que aprecie.

Promete acompanhar seu par quando este desejar ir ao cinema, ao teatro ou à praia?

Pode ser que você prefira o futebol, a conversa com os amigos. Mas sempre há possibilidade de se dialogar e estabelecer um momento para cada coisa, sem que nada fique esquecido ou desprezado.

Você promete ser paciente quando encontrar a toalha de banho molhada sobre a cama e pedirá outra vez e uma vez mais para que o fato não se repita?

Você promete que deixará seu par dirigir o automóvel, sem ficar a todo instante dizendo que engatou a marcha errada, que deve andar mais rápido, que agora deve ir mais devagar, que não sabe dirigir?

Promete que, mesmo que a comida não seja a melhor do mundo, agradecerá pelo prato que foi feito?

Você promete não esbravejar quando as contas se acumularem no final do mês, embora ambos tenham feito o possível para apertar o cinto, diminuir as despesas?

Você promete que não esquecerá de dizer Eu amo você? E também Você é importante em minha vida?

Você promete que não descuidará de si, simplesmente porque casou? Que continuará a usar perfume, pentear o cabelo, preparar-se para o outro, exatamente como nos dias do namoro?

Você promete que não deixará o amor esfriar, a paixão ir embora?

Você promete que não contará todos os dias as rugas que forem marcando o rosto do outro?

Nem fará comentários desagradáveis com seus amigos sobre as dificuldades do seu par?

Você promete que, ao menos no dia do aniversário de casamento, tentará surpreender o outro com um delicioso café na cama?

Você promete ser eterno namorado, mesmo que não haja lua no céu, nem estrelas a brilhar?

Com chuva, frio ou tempestade, ficará com seu par?

Enfim, você promete que vai se esforçar para cumprir todas essas promessas?

Se a tudo isso, um ao outro disser sim, então, com certeza, o casamento durará muito tempo, porque ambos não serão somente marido e mulher.

Serão duas pessoas maduras, cientes de que ambos têm defeitos. Também virtudes.

E cada dia, um no outro buscará descobrir a virtude ainda não desvelada.

Um ao outro incentivará naquilo em que ainda não é tão bom. E um ao outro pedirá Por favor, me ajude, quando precisar.

E dirá Obrigado, toda vez que receber uma dádiva, um carinho, uma atenção.

Quem quer que adentre o barco matrimonial e não deseje ceder vez ou outra, entender e auxiliar, dificilmente chegará ao porto da felicidade.

Pense nisso!

 Redação do Momento Espírita. 

terça-feira, 2 de março de 2021

O que nos é dado gratuitamente.

 


Em tempos da pandemia assolando nações, temos registrado, igualmente, manifestações muito positivas.

Um vídeo nos chamou a atenção e descreveremos as cenas, ao sabor da nossa própria imaginação, acrescentando frases e ideias.

O locutor fala de um homem, na Itália que, aos noventa e três anos, foi hospitalizado com Covid-19.

Ao ter alta hospitalar, foi-lhe informado que deveria pagar a quantia de quinhentos euros pela utilização do respirador artificial.

Lágrimas rolaram pelas faces do idoso. O médico lhe disse que ele não deveria chorar pela conta. Afinal, tudo poderia ser resolvido.

Um acordo poderia ser feito. Ele poderia negociar a dívida, na tesouraria do hospital. Não havia motivo para que ele viesse a se desesperar.

No entanto, ainda emocionado, respondeu o italiano: Doutor, não choro porque preciso pagar esse valor. Eu disponho do dinheiro, sem problemas.

É que me dei conta de que preciso pagar por ter utilizado um respirador que me permitiu respirar, na crise epidêmica. No entanto, eu respirei o ar de Deus por noventa e três anos, e nunca, sequer, agradeci por isso.

Registro agora o quanto devo a Deus: noventa e três anos de ar gratuito. Ar que encheu meus pulmões, que me permitiu viver, correr, trabalhar, amar, constituir família.

Todos os dias da minha vida! Eu viajei a muitos países e em nenhum deles paguei imposto ou qualquer taxa pela utilização do ar marítimo, da montanha, dos vales, das florestas.

Nunca precisei disputar vaga para ter acesso a esse ar. Como pude viver tanto e não perceber essa grande dádiva, diária, constante, todos os dias?

                                                                  *   *   *

Diariamente, recebemos muitas dádivas de Deus. O ar que respiramos é apenas uma delas.

Cabe-nos o dever, como usufrutuários deste imenso lar, chamado Terra, que não o contaminemos, com nosso desleixo, com nossas agressões ao meio-ambiente. Isso é o mínimo que nos compete fazer.

E, respirando longamente, agradecer ao bom Pai que tudo dispôs para nossa vida no planeta.

Se precisamos trabalhar pelo alimento, pelo abrigo, pela vestimenta, lembramos que a Divindade nos recompensa o labor.

Como relatou o escrivão oficial de Pedro Álvares Cabral, esta é uma terra abençoada em que, nela se plantando, tudo dá.

Vivemos em um planeta extraordinário. Semeamos e colhemos. Regamos e vemos a planta brotar, crescer, oferecer flores e frutos. Os campos verdejantes se estendem a perder de vista.

A floresta exuberante nos mostra a sua diversidade, que acolhe as mais variadas espécies animais.

Que planeta é este, tão rico, tão magnífico?

Quanto nos é dado, de forma gratuita.

Com a nossa gratidão, nos cabe uma outra reflexão: que direito temos de apoderar-mo-nos somente para nós os bens da Terra?

Se o Pai amoroso e bom nos dá o exemplo da generosa oferta a todos, de igual forma, das bênçãos do ar, da natureza, da vida, não nos cabe lhe seguir o exemplo e sermos um tanto mais fraternos?

Essa é uma grave reflexão para nossos dias de gratidão, agora, enquanto sentimos o ar nos penetrar os pulmões, respirarmos sem dificuldades, sem ônus algum.

Pensemos a respeito.

Redação do Momento Espírita, a partir de vídeo

motivacional assinado por Fábio Nunes.

Doe Sangue

Doe Sangue