terça-feira, 31 de outubro de 2023

Só se aprende a fazer, fazendo.


Pegou uma tigela e uma colher, subiu numa cadeira, abriu o armário e puxou a lata de farinha.

Acabou derramando todo o conteúdo no chão. Juntou um pouco da farinha e jogou na tigela. Misturou uma xícara de leite e acrescentou açúcar, enquanto deixava rastros pelo chão da cozinha.

Ele estava coberto de farinha e frustrado. Queria preparar uma boa surpresa para sua mãe e para seu pai, mas estava estragando tudo.

Agora ele não sabia o que fazer, se colocava tudo no micro-ondas ou no fogão. E sequer sabia como fazer o fogão funcionar!

De repente, ele viu o gatinho lambendo a tigela e o expulsou de cima da mesa, mas acabou derrubando uma embalagem de ovos ao chão.

Freneticamente tentou limpar aquela bagunça mas escorregou nos ovos, lambuzando seu pijama.

Foi aí que ele viu o seu pai parado, na porta da cozinha, a observá-lo.

Assustado, o garoto arregalou os olhos. Tudo que ele pretendia fazer era preparar uma boa surpresa. Entretanto, o que conseguira mesmo fora fazer uma terrível bagunça, uma monumental sujeira.

Ele ficou esperando uma tremenda bronca. Talvez, até recebesse um castigo pela lambuzeira na pia, na mesa, no chão, nele mesmo.

Nem conseguia se mexer. Viu o pai atravessar a cozinha, devagar, evitando pisar na sujeira esparramada. Então, aquele homem o tomou nos braços e o acariciou, sujando também o próprio pijama.

                                                    *   *   *

Assim acontece conosco e Deus, nosso Pai Maior.

Na tentativa de acertar, por vezes, acabamos fazendo uma tremenda confusão. E ficamos sem saber como consertar.

Certos de que receberemos um tremendo castigo, somos surpreendidos com uma nova chance para tentar de novo, uma nova manhã para exercitar outra vez, uma nova existência para fazer bem feito.

Deus, que é a Inteligência Suprema do Universo, Pai amoroso e justo, sabe que só se aprende a fazer, fazendo.

É por essa razão que nos oferece tantas chances quantas forem necessárias para que o aprendizado se efetive, tanto no aspecto intelectual como no moral.

É assim que voltamos inúmeras vezes ao palco terreno, através da reencarnação, para nos aperfeiçoarmos e galgar novos degraus na escada evolutiva.

É dessa maneira que vamos aprendendo a lidar com nossas virtudes e vícios, ampliando as primeiras e transformando os segundos, até atingir a perfeição relativa que cabe a todos os filhos de Deus.

Impossível deter toda a ciência do Universo, toda a sabedoria da Imortalidade, em uma única experiência na carne.

Por isso é que precisamos renascer várias vezes na Terra até que consigamos conhecer e viver todas as lições que esta escola pode nos oferecer.

Conforme ensinou Jesus, o Mestre dos mestres, para entrar no Reino dos Céus é preciso nascer de novo, e de novo. Até que aprendamos a fazer brilhar a nossa luz.

Até que consigamos superar essa etapa chamada humanidade e alcançar a condição de Espírito puro, à Imagem e Semelhança de Deus, nosso Criador, que é a Luz por excelência.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 24 de outubro de 2023

Sementes do jardim de Deus.


A semente é um dos mais belos símbolos da Criação, exemplificando, com simplicidade e perfeição, profundos conceitos filosóficos em todos os tempos.

Nela podemos enxergar, por exemplo, um Universo latente que, encontrando as condições propícias de temperatura, umidade e recursos orgânicos, desabrocha e realiza plenamente o seu potencial adormecido.

Nos serviços da natureza, ela se mostra como sacerdotisa do Criador e da vida. Gloriosa herdeira do poder divino. Cooperadora na evolução do mundo, transmitindo silenciosa e sublime lição aos seres humanos.

Geratriz da vida, exemplifica sabiamente a necessidade dos pontos de partida, as requisições justas de trabalho, os lugares próprios, os tempos adequados, segundo suas aptidões e as condições em que se desenvolve.

Há sementes que brotam rápido, diante das mínimas condições favoráveis. Em semanas ou meses se transformam em plantas adultas.

Basta uma breve chuva e elas florescem, frutificam, geram outras sementes, deixando no solo seu legado para a preservação da espécie.

Outras se demoram no aconchego da Terra, pacientemente, esperando o momento certo e as condições exatas para germinarem.

Algumas, não raro, levam anos para se tornarem adultas, como ocorre aos carvalhos, às oliveiras e aos baobás, que vivem por séculos.

Podemos conceber a semente, também, como símbolo do sacrifício, ao imolar-se para um propósito maior, pois somente morrendo ela vive nos seus descendentes, transmitindo-lhes seu código genético.

A semente pode ser ainda símbolo de autodomínio, realizando o seu propósito sem pressa, no seu tempo, ao sabor do curso natural da existência.

Transportemos esses conceitos para a Humanidade e concluiremos que, de igual forma, somos como as sementes. Estamos neste mundo, como se fora o jardim de Deus, destinados a realizar, fatalmente, nosso potencial de perfeição.

Para isso, Espíritos, criados simples e ignorantes, vamos adquirindo e equilibrando conquistas intelectuais e morais, em sucessivas experiências de vida.

Como a semente, damos frutos segundo as estações da nossa maturidade espiritual.

Alguns o fazemos rapidamente, em contraste com outros que demoram a amadurecer, capacitando seu livre-arbítrio, no ritmo de suas próprias necessidades e em repetidas experiências.

Quando nos oferecemos em sacrifício para atender nossos amores ou, mais meritoriamente, estranhos ao nosso convívio, anulando o nosso querer para atendê-los, nos assemelhamos à semente que morre para dar vida.

Como cooperadores do Pai na evolução do mundo, a silenciosa e sublime lição da humildade de saber começar, constitui serviço muito importante.

Dessa maneira, é indispensável que não percamos de vista as possibilidades pequeninas: um gesto, uma palavra, uma hora, uma frase, que podem representar sementes gloriosas para edificações imortais.

Imprescindível que nos façamos atentos para não perder a oportunidade da germinação pessoal.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 17 de outubro de 2023

Por que mentem nossos filhos???


Por que com tanta frequência surpreendemos nossos filhos relatando mentiras?

As causas são várias e algumas delas têm a ver com nossa própria maneira de ser.

Crianças pequenas tendem a exagerar acontecimentos, dificuldades e problemas. É o recurso de que se utilizam quando não se sentem ouvidas. São manobras de que se servem para ganhar os adultos.

O exagero sobre o que acontece na escola, na vizinhança é o ponto de partida. Crescidos, adolescentes, serão aqueles mesmos que buscarão emoções fortes, submetendo-se a riscos inúteis, tudo para se sentirem importantes.

Quando a criança é o filho do meio padece outras situações. Afinal, ele não é o maior que supera obstáculos e ganha medalhas no esporte ou nas artes. Não se sobressai.

Também não é o bebê cujas gracinhas encantam os pais, que a cada gesto, a cada palavra se enchem de alegrias.

Como ninguém se importa porque ele aprendeu uma nova canção, ele exagera dizendo que foi convidado a cantar perante o colégio todo.

Como não lhe dão importância se ele disser que correu muito e venceu um colega, ele contará que foi o melhor de toda a classe.

Contará vantagens, criará fantasias, e logo passará a ser denominado como chato pelos colegas, ridicularizado por outros, sem se mencionar que a mentira causa desequilíbrio, tensão e enfermidade.

Pode acabar rejeitado pelo grupo, mal visto por professores e pelos próprios pais.

E só desejava ser ouvido. Possivelmente deveremos estar pensando que como pais é impossível deixar de escutar a tagarelice dos pequenos. Sim, escutamos. Mas escutar não é ouvir.

Eles falam e nossa resposta é um resmungo, sem verdadeiro interesse de ouvir o que eles nos contam.

Suas pequenas conquistas, seus novos amigos, seus medos ante as provas que se avizinham.

Ouvir os nossos filhos é um ato de amor. Exige paciência e dedicação.

Observemos se, para falar conosco, os filhos não têm que competir com nosso trabalho, com o filme, com a novela, com os outros irmãos e as coisas fantásticas que realizam.

Aprendamos a valorizar as mínimas conquistas dos pequenos. Quando enxergarmos a riqueza das pequenas coisas, descobriremos quão preciosas podem se tornar as horas de convívio doméstico.

Ao mesmo tempo, asseguraremos aos nossos filhos seu lugar no mundo, equilibrados e verdadeiros.

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Ao menos uma vez ao dia esqueçamos os problemas financeiros, os juros altos, a elevação do dólar, a queda nas bolsas de valores.

Sentemo-nos para ouvir nosso filho, relatando como descobriu um formigueiro no fundo do quintal, como conseguiu escrever seu nome completo, como conseguiu ler o outdoor na frente da escola.

Ao menos uma vez por dia demonstremos interesse e respeito por suas palavras, gestos e expressões.

Valorizemos o que eles mencionam. Ouvir nossos filhos é procurar entender a importância do que descrevem. É se importar em ajudá-los a pensar e sentir.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 10 de outubro de 2023

Ser feliz é uma decisão.


Uma senhora de noventa e dois anos, delicada, bem vestida, com o cabelo bem penteado e um semblante calmo, precisou se mudar para uma casa de repouso.

Seu marido havia falecido recentemente e a mudança se fez necessária, pois ela era deficiente visual e não havia quem pudesse ampará-la em seu lar.

Uma neta dedicada a acompanhou.

Após algum tempo aguardando pacientemente na sala de espera, a enfermeira veio avisá-las que o quarto estava pronto.

Enquanto caminhavam, lentamente, até o elevador, a neta, que já havia vistoriado os aposentos, fez-lhe uma descrição visual de seu pequeno quarto, incluindo as flores na cortina da janela.

A senhora sorriu docemente e disse com entusiasmo:

Eu adorei!

Mas a senhora nem chegou no quarto... Observou a enfermeira.

Ela não a deixou continuar e acrescentou:

A felicidade é algo que você decide antes da hora.

Se eu vou gostar do meu quarto ou não, não depende de como os móveis estão arranjados, e sim de como eu os arranjo em minha mente.

E eu já me decidi gostar dele...

E continuou: É uma decisão que tomo a cada manhã quando acordo. Eu tenho uma escolha, posso passar o dia na cama remoendo as dificuldades que tenho com as partes de meu corpo que não funcionam há muito tempo, ou posso sair da cama e ser grata por mais esse dia.

Cada dia é um presente, e meus olhos se abrem para o novo dia das memórias felizes que armazenei...

A velhice é como uma conta no banco, minha filha... de onde você só retira o que colocou antes.

                                                                *   *   *

A lição de uma pessoa idosa e sem a visão dos olhos físicos é de grande profundidade e contém ensinamentos valiosos.

E o primeiro deles é que a felicidade é uma decisão pessoal.

Depende mais da nossa disposição mental do que das circunstâncias que nos rodeiam.

Cada pessoa tem, na intimidade, o potencial de armazenar as belezas que deseja ver em sua tela mental, ainda que, ao seu redor, a paisagem seja deprimente.

Para isso é preciso construir um mundo de felicidade nesse banco de lembranças que Deus ofereceu a cada um de Seus filhos.

E quando se constrói um mundo de paz e felicidade, portas adentro da alma, é possível compartilhar essa realidade com aqueles que nos cercam.

Assim é que se não temos em nossa vida os enfeites que desejamos, arranjemos tudo isso em nossa mente. É uma forma de ver as coisas com olhar positivo e otimista.

Além disso, como toda criação começa na mente, é bem possível que venhamos a concretizar esse sonho alimentado na alma.

Se você ainda não havia pensado nessa possibilidade, pense agora.

Comece, sem demora, a depositar felicidade na conta do banco das suas lembranças, para poder resgatar sempre que desejar.

                                                                *   *   *

Se você abrir a janela, pela manhã, e seus olhos físicos puderem ver apenas paisagens deprimentes, abra as janelas da alma e contemple um jardim em flor.

Respire fundo e sinta o perfume de jasmim, de rosas e cravos, ouça o canto dos pássaros que voam, ligeiros, pelo ar.

Perceba a brisa acariciando seu rosto e curta a melodia dos grilos e cigarras que cantam para alegrar suas horas.

Decida ser feliz, ainda que seja uma felicidade que só você pode sentir.

E, lembre-se sempre: a felicidade não depende de como as coisas estão arranjadas, mas de como você as arranja na sua mente.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 3 de outubro de 2023

Espiritualizar-se.


Quando se fala em pessoa espiritualizada, quase sempre o que vem à mente é alguém que desperta orando, faz meditação e somente tem falas amenas, doces.

Mas a vida nos exige trabalho, ação. Então, dizemos que nunca seremos uma pessoa espiritualizada.

Será assim mesmo? Lembremos de Jesus, o Divino Amigo. Alguém mais espiritualizado do que Ele, que se afirmou o Caminho da Verdade e da Vida? Ele comungava de tal forma com Deus, que dizia: Eu e o Pai somos um.

Mas, viveu entre os homens um pouco além de três décadas.

Pessoa espiritualizada é uma pessoa boa. Boa mãe, bom pai, bom vizinho, bom cidadão.

É uma pessoa que entendeu como fazer o bem e aplica isso todos os dias em suas relações.

Fazer o bem não é apenas deixar de fazer o mal. Podemos afirmar que não agredimos as pessoas, não maltratamos ninguém. Isso não é fazer o bem. É somente não praticar o mal.

Fazer o bem também não se trata apenas de dar coisas, de limpar os armários e passar adiante o que não nos serve, o que enjoamos de tanto usar, o que está tomando lugar nas prateleiras e nos cabides.

Fazer o bem é uma escolha que acontece todos os dias, a todo instante. É algo que exige uma mudança de comportamento e uma intenção seguida de uma ação.

Podemos despertar pela manhã e começar cumprimentando o dia, que se renova para nós. Providenciar alguns grãos para os amigos alados que sobrevoam o ar ou se aninham na árvore próxima.

Podemos lembrar de colocar um recipiente com água para que saciem a sua sede, depois dos trinados da madrugada.

Ao transitarmos de carro, permitir que o veículo que vem por outra rua, mesmo que estejamos na preferencial, possa entrar em nossa frente.

Uma gentileza para ele não ter que esperar e esperar para adentrar a via principal.

E, enquanto estamos levando nossas saudades a passear, cumprimentemos quem passa por nós. Pode ser que alguns nem respondam. Não importa. Nós lhes enviamos nossas melhores vibrações.

São muitas e pequeninas coisas que podemos fazer nas horas diárias. Coisas que dirão de como estamos nos importando com nosso próximo, com tudo que nos cerca. Ou seja, trabalhando a nossa Espiritualidade.

Lembrando que somos todos seres espirituais, em uma jornada de alguns anos, neste mundo.

Uma excelente oportunidade de criar laços de simpatia, de amizade, para os reencontrar, quem sabe, quando sairmos desta para a outra vida.

Realizar uma tarefa doméstica, sorrir para alguém, fazer uma declaração de amor a quem está conosco, todos os dias, ano após ano.

Algo breve, espontâneo, que brota da intimidade: Amo você! Você é muito importante em minha vida! Você coloca luz nas minhas horas!

E não economizar elogios. Verdadeiros. Elogios a pessoas, ao animal doméstico que nos homenageia com seus olhos de felicidade, com faceirice nos gestos, como a dizer: Estou aqui. Gosto de você.

Elogios à criatividade divina que a cada dia mostra uma nova tela nos céus, coloca diferentes cores na vida e compõe uma inédita sinfonia com a passarada, nas manhãs de luz.

Pessoa espiritualizada. Comecemos hoje nosso ensaio.

Redação do Momento Espírita.

Doe Sangue

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