Numa sala de audiências do Vaticano, o papa Joao Paulo II recebeu a visita de uma das mais altas autoridades religiosas do judaísmo, Israel Meir Lau, o grão rabino do Estado de Israel.
O papa já se encontrava com a síndrome de Parkinson, por isso foi pedido que a entrevista não se alongasse em demasia.
O rabino tomou a palavra e iniciou interessante relato:
Em 1942, numa aldeia no norte da Polônia, os nazistas, fazendo a seleção dos judeus para os campos de extermínio, levaram um pai de família.
A esposa, que ficara com um filho de apenas dois anos, temeu ser a próxima vítima e decidiu salvar o filho.
Muito amiga de uma mulher católica, a procurou para que adotasse o seu menino.
A senhora pensou um pouco e concordou. Nesse exato momento, a dama judia lhe fez um pedido:
“Há um detalhe, no entanto. Meu filho é judeu e tenho certeza de que ele veio à Terra para uma missão muito especial.
Então, quando essa guerra acabar, e um dia haverá de acabar, eu peço que mande meu filho para Israel, para que ele possa desenvolver o ministério que Jeová lhe destinou.”
Ante a concordância da amiga, ali ficou a criança.
Naquela semana, a mãe judia foi levada para o campo de extermínio.
O tempo passou. Acabou a guerra. Quando a criança completou seis anos, em 1946, a mãe adotiva o desejou batizar na igreja de sua fé.
Mas, lembrou da promessa. E agora, o que fazer?
Então, ela procurou o pároco da sua aldeia para se aconselhar.
Depois de ouvi-la, ele lhe deu uma resposta rápida e segura:
“Como cristã, você não pode defraudar a confiança que aquela mulher levou ao túmulo. Assim, você deve mandar o menino para Israel, conforme se comprometeu.”
Com o coração em frangalhos, ela se despediu do filho adotivo e o encaminhou a Israel. Manteve correspondência com ele, visitou-o várias vezes.
Então, Santidade, quero lhe dizer que aquele menino se tornou um rabino. Aquele menino sou eu.
O fato pareceu muito interessante a Karol Wojtyla, mas passou a ser realmente comovedor quando o grande rabino concluiu:
Sua Santidade sabe o que é mais importante nisso tudo? Sabe quem foi o sacerdote que aconselhou aquela mulher, naquele ano de 1946?
Aquele sacerdote era Sua Santidade, na época pároco da aldeia.
Os dois se abraçaram, envolvendo-se em lágrimas.
Um era o representante da nação católica. Outro, um rabino israelense, reverenciado por judeus e não judeus no mundo inteiro.
Tinha razão aquele coração de mãe em dizer que seu filho tinha uma missão. E visão de verdadeiro homem de bem aquele pároco, que bem aconselhou a mãe adotiva.
* * *
Os grandes homens vêm ao mundo para servir ao bem. Sua causa é a Humanidade, a paz, o amor, acima de qualquer seita, doutrina ou religião que seguem.
E o Divino Pai os coloca em muitos lugares do planeta, a fim de que todos os Seus filhos, neste bendito lar chamado Terra, possam sentir de mais perto o hálito do Seu amor, pela palavra dessas criaturas.
Sentir o Seu abraço através dos braços de homens e mulheres que no mundo se entregam ao serviço dos seus irmãos.
E esta é a grande verdade: somos todos filhos do mesmo Pai, vivendo neste planeta azul, com o objetivo de nos amarmos e crescer, até alcançar as estrelas.