terça-feira, 26 de julho de 2022

Ante o caos.

 


Algumas vezes nos pegamos refletindo em torno da ideia de que o mundo está efetivamente caótico, desestruturado e sem regras.

Um lançar de olhos nas manchetes, nas páginas da Internet, dos noticiários e, rapidamente, essas conclusões nos chegam.

Parece-nos que os crimes passam da exceção ao corriqueiro, do assombro à normalidade, e ganham cidadania.

Vemos alguns enriquecerem cada vez mais, enquanto tantos, multidões, se afadigam por migalhas a fim de sobreviverem.

Percebemos empresas incansáveis em maximizar seus lucros à custa das precárias condições de trabalho de seus funcionários, que passam a perecer mais e mais.

Desentendimentos familiares que avançam para a violência física. Ou para atentados contra a existência de uns e outros.

Todo esse panorama nos traz a impressão de um mundo totalmente em desalinho, decadente e sem melhores perspectivas.

Porém, ao lado desse lodaçal da miséria humana, deixamos de ver aqueles que plantam flores.

Nós nos asfixiamos com a atmosfera pestilenta do mal, olvidando de respirar o perfume refazedor do bem.

Há no mundo, sem dúvida, muito mais pessoas vinculadas ao bem do que ao mal.

Ao lado de cada fatricídio, de brigas familiares horrendas, há uma imensidão de lares onde o exercício do amor se faz cotidianamente.

São mães e pais em sacrifícios silenciosos para educar seus filhos.

São filhos dando suporte à velhice e necessidades de seus pais, amando-os incondicionalmente.

São famílias que se formam pelo coração, extrapolando os laços sanguíneos, forjadas pelo amor.

Coabitando com as injustiças sociais, são muitos a defender os direitos das minorias, protegendo os mais frágeis, batalhando pela cidadania a todos, em nome da igualdade.

Quando tantos exploram seu próximo, maior é o número dos que distribuem do que têm, seja dinheiro ou oferecendo seu tempo, minimizando a fome, o frio, a dor.

Se muitas empresas exigem exaustão de seus funcionários, muitas outras oferecem boas condições, bem-estar e vida digna aos seus colaboradores.

Nosso mundo não está um caos. Apenas está em uma fase de transição.

Por causa disso, encontramos lado a lado o mal e o bem, a justiça e a injustiça, a indiferença e a solidariedade.

Deus assim permite para que cada um de nós, observando, faça a sua escolha, nesses dias tumultuosos.

Estamos sendo convocados pela Providência Divina a caminharmos para nova etapa evolutiva, aquela que será pautada pelo amor.

Mas, para isso é necessário que façamos a nossa opção.

Não nos desesperemos pelo aparente caos. Nada está caótico.

Como uma casa, em dia de faxina, parece toda desorganizada, mas, logo mais, ganha ares melhores, assim acontece com nosso planeta.

Colaboremos, então. Façamos de nosso agir um ato de amor. De nosso cotidiano, ações de solidariedade, e de nossos desafios, experiências de aprendizagem.

Em breve tempo, a casa estará arrumada, e aqueles que colaborarmos, seremos convidados a usufruir desses dias de bonança e alegria.

Reflitamos a respeito.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 19 de julho de 2022

O verdadeiro lar.


O mundo daquela mãe havia desabado, com o divórcio. Herdou muitas contas atrasadas, incluindo as prestações da casa e o plano de saúde.

Seu emprego de meio expediente gerava uma renda muito pequena e poucos benefícios.

Sem nenhum apoio financeiro, ela perdeu a casa.

Para não ficarem ao relento, com muito sacrifício, conseguiu alugar um trailer, que ficava estacionado num acampamento local, para ela e seu filho de cinco anos.

Aquilo era só um pouco melhor do que morar em seu pequeno carro, mas ela desejava, de coração, poder proporcionar algo mais para sua criança.

Certa noite, depois de brincar um pouco com um jogo de tabuleiro e ler algumas histórias, ela disse ao filho que fosse brincar do lado de fora até a hora de ir dormir.

Enquanto o garoto se distraía, ela sofria sobre o talão de cheques.

De repente, ouviu vozes. Deu uma olhada pela janela. Lá estava o gerente do acampamento falando com o pequeno:

Ei, garoto, você não gostaria de ter um lar de verdade?

A mãe ficou tensa, prendeu a respiração e chegou mais perto da janela para ouvir a resposta.

Uma emoção muito forte tomou conta do seu coração, tão sofrido, quando ouviu a resposta de seu filho:

Mas nós já temos um lar de verdade. Só não temos, por enquanto, uma casa para colocá-lo.

                                                                  *   *   *

Em sua inocência, aquele garotinho de apenas cinco anos de idade, sabia o que é um verdadeiro lar.

Há construções luxuosas, mansões imensas, que servem apenas para proteger seus habitantes das intempéries, mas não se prestam a oferecer o calor do afeto de um lar aconchegante.

O espaço físico pode ser amplo, contudo, se não houver os laços do amor, não será um lar de verdade.

Uma casa pode ser construída. Também é fácil de desmoronar. Basta uma forte tempestade, uma inundação, um terremoto ou outro fenômeno equivalente.

A construção de um lar requer um investimento diferente. É preciso muita atenção, renúncia, entendimento, perdão, ternura, afeto, companheirismo e confiança.

Um lar assim jamais será destruído porque seus alicerces são invisíveis e resistentes até mesmo às mais ameaçadoras catástrofes.

Dentro desse lar, dificilmente, o vício terá acesso. Mas, se por acaso penetrar sorrateiramente, será vencido pelo diálogo amoroso, que faz parte dessa construção.

As lutas podem ser difíceis, parecendo quase impossíveis de serem vencidas. Porém, a união baseada no amor vencerá sempre porque suas estruturas são inabaláveis.

Quantas famílias vivem sob o mesmo teto e não se conhecem...

Quantos familiares se isolam nos vastos cômodos, carregando sozinhos seus dramas sem compartilhar com ninguém, pois são estranhos vivendo na mesma casa.

Mas, se há um lar verdadeiro, podem faltar recursos financeiros e até o necessário, mas os laços do afeto estarão sempre bem apertados, dando sustentação e esperança para aqueles que nele vivem.

                                                                    *  *  *

O lar é um templo onde podemos cultivar e manter as mais puras afeições e os mais sagrados laços de amor.

Dessa forma, façamos do nosso lar um santuário onde se possa aspirar o aroma da felicidade e fruir o néctar da paz.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 12 de julho de 2022

Serenidade sempre.


Ante o grande lago, na tarde morna, nos pusemos a refletir. Sua quietude, suas águas calmas, induziam a um estado interior.

E imaginamos como seria bom se pudéssemos ser serenos assim, quase imperturbáveis.

Quando um pequeno objeto atinge as águas, como uma pedrinha que joguemos, percebemos que no exato lugar em que ela cai, círculos repetidos se vão formando.

Serenos, vão sendo consumidos pela tranquilidade, novamente. E o imenso espelho líquido continua ali, retratando o céu azul, como se o desejasse imitar.

Serenidade. Poderíamos ser assim, demonstrar tanta serenidade, mesmo quando a violência explode ao nosso redor?

Serenidade não quer dizer passividade ou indiferença frente aos acontecimentos. Significa tranquilidade para resolver qualquer questão, por mais grave se apresente.

Mesmo com pessoas raivosas que costumam extravasar os seus sentimentos, agredindo com palavras, gestos ou ações a quem esteja próximo.

Isso porque a violência sempre cederá frente àqueles que se mantêm serenos.

Foi para situações dessa natureza que Jesus aconselhou oferecermos a outra face. A face da serenidade, a que mostra um ângulo diferente do problema e da possível solução.

Ou que nos permita superar o conflito, sem nos contaminarmos com o sentimento inferior do outro. Ou com a balbúrdia encenada por muitos.

Serenidade é manter-se em calma quando a tormenta se apresenta. É agir para que a harmonia retorne, paulatina, como os círculos concêntricos nas águas do lago, perturbadas por um objeto lançado.

A presença de uma pessoa serena, em um ambiente conturbado, pode garantir a segurança de muitos porque evita que qualquer conflito se enraíze ou se espalhe, de forma descontrolada.

Durante a eclosão de um incêndio, é a serenidade dos bombeiros, que atuam com presteza, segurança, sem precipitação alguma, que garante o êxito das suas ações.

É o comando da serenidade que impede, numa evacuação de recinto, que muitos pereçam pisoteados, ou esmagados pelos outros.

Serenidade mostrou Jesus, perante a prisão e julgamento arbitrário, na noite de trevas.

Na cruz, mesmo entre as dores da agonia, Ele se mantém sereno.

Sua mente está ligada ao Superior e Ele vai vencendo as horas e deixando as Suas derradeiras recomendações.

Roga perdão aos Seus algozes, reconhecendo, Senhor das Estrelas, que eram ainda criaturas inconscientes das atrocidades que cometiam.

Entrega Sua mãe aos cuidados do discípulo amado. Ele partiria e Sua mãe deveria ficar amparada em braços amorosos.

Atende a súplica de Dimas, que reconhece os equívocos realizados e lhe acena com a possibilidade de recompor os próprios erros, num paraíso de redenção, que ali se inicia.

Finalmente, sereno, diz: Pai, em Tuas mãos entrego meu Espírito.

Serenidade. Trabalhemos por conquistá-la, gema preciosa que nos resguardará de muitos problemas, criados pela precipitação, pela impaciência, pela raiva incontida.

Serenos, prossigamos.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 5 de julho de 2022

Conhecendo-se.

 


Quais são suas maiores preocupações nos dias de hoje? Talvez a esta pergunta você responda que é a educação dos filhos. Ou poderá afirmar ser a violência na sociedade. Haverá, ainda, quem responda ser a manutenção do emprego.

É verdade que os desafios da vida e seus naturais compromissos nos empurram para um mar de preocupações com as coisas do mundo. Qualquer uma delas nos exige tempo e energia. Tempo para reflexionar sobre como nos comportamos, envolvidos por elas. Energia para tentarmos equacionar as mais urgentes.

As responsabilidades da vida são impositivos que nos estimulam ao progresso, ao aprendizado, a novas conquistas intelectuais e morais. Porém, algum de nós diria que uma de nossas maiores preocupações seria a de nos autoconhecermos? Saber o que habita no país das nossas emoções é algo que nos preocupa?

Com tantos afazeres e demandas do mundo exterior, muitas vezes, empregamos pouco tempo para as coisas do mundo interno. Como se não fossem importantes ou não se refletissem intensamente em nosso cotidiano, relegamos os interesses do nosso mundo íntimo para o campo do esquecimento.

Com esse tipo de comportamento, nossa alma se ressente, pois as emoções não são avaliadas, analisadas e, simplesmente, vão repercutindo, de maneira indiscriminada, em nossa intimidade. Esse é um dos motivos pelos quais surgem, tão frequentemente, as doenças da alma. Não que elas apareçam rápida e espontaneamente.

Trata-se de um processo lento, que se vai alicerçando. É o resultado de um processo adiantado de esquecimento e abandono das próprias emoções. É quando surgem as síndromes, fobias, depressões, refletindo, na sequência, em enfermidades no corpo.

Dessa forma, para evitar tais situações, reservemos um tempo para nós mesmos. Um tempo para analisar nossas atitudes, nosso comportamento, nossas ações e, mais detidamente, nossas reações. Experimentemos, ao final de um dia, antes do merecido repouso, fazer uma breve análise do que ocorreu conosco, na jornada que se finda.

Perguntemo-nos se alguém teria alguma queixa contra nós, se fomos injustos em alguma situação, se praticamos alguma ação inadequada. As nossas respostas, frente a essa análise, serão o fio condutor para o mergulho oportuno e necessário no país de nossas emoções, no campo dos nossos sentimentos.

Então poderemos nos avaliar, entendermo-nos um tanto mais e, aos poucos, nos autoconhecermos. O passo seguinte, será o esforço do corrigir, do não repetir o erro, do não tombar nas mesmas dificuldades emocionais.

Esta será a melhor maneira de cuidarmos do nosso mundo íntimo, evitando episódios mais graves e doentios. A nossa melhoria se dará sempre a partir do momento em que iniciarmos a viagem inevitável para nosso interior, do momento em que começarmos a nos conhecer.

Assim, caminharemos de maneira mais segura para a busca da paz e tranquilidade íntimas, evitando tropeços e quedas no transcorrer da vida.

Redação do Momento Espírita.

Doe Sangue

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