Terra, perdoa minha passagem pelo teu solo!
Somente agora, livre das algemas orgânicas, me dou conta da dívida que tenho para contigo.
Bebi das tuas águas transparentes e puras, comi de teus frutos, provei o pão que teus campos me ofertaram no trigal em festa e atravessei teus prados em êxtase, como o poeta que busca inspiração para o verso ligeiro.
Pisei tuas areias e esqueci de te agradecer as praias serenas.
Banhei-me em teus salgados oceanos e não proferi uma rogativa de gratidão.
Deslumbrei-me com tuas noites estreladas e deixei fugir o instante de estesia.
Terra amada, perdoa teu filho ingrato!
Quantas sementes tive nas mãos e não depositei em teu solo fértil?
Deixei de cantar tuas belezas e me vi perdido nas madrugadas de melancolia.
Quando as criaturas me negavam socorro, teu vento me trouxe o alento da esperança, tuas manhãs inundadas de sol dissiparam minhas tristezas noturnas e teus poentes de fogo me otimizaram a existência descolorida.
Descobri, tarde, quanto te devo e nada tenho para te devolver tantas foram as bênçãos que recebi de ti.
Tuas ervas medicaram minhas feridas.
Teu silêncio aquietou a minha ansiedade.
Terra bendita, desculpa se não te valorizei!
Tenho um tributo não pago para com tua generosidade.
Agora, livre na pátria invisível, cercado dos amores do ontem, te vejo com outros olhos.
Busco teus montes altaneiros, teus desertos áridos, tuas geleiras imponentes, teu céu muito azul, ajoelhando-me em prece de gratidão.
Terra, acolhe minhas madressilvas como singela lembrança do muito que recebi de ti.
* * *
Muitos de nós, como pais, lembramos de colocar, na oração que ensinamos nossos pequenos a fazer, o agradecimento especial pela escola que os recebe.
Pois bem, a Terra é uma escola toda especial. Dessas que enchem os olhos de quem a visita, pela primeira vez, observando o capricho do Arquiteto que a desenhou.
Tudo nela funciona para nos educar, tudo trabalha para nos servir. Ao mesmo tempo, para nos consolar e nos dar forças.
Se ainda não notamos isso, é que nos falta sensibilidade. Falta-nos educar o olhar.
Que possamos enxergar todas essas magnitudes da escola Terra ainda enquanto estamos por aqui, nas suas salas de aula.
A Terra tem belíssimas salas de aula, que conhecemos como família, onde todos são alunos e professores, ao mesmo tempo.
Que possamos valorizar os instantes de trabalho e descanso percebendo o que a Terra tem a nos oferecer para nos abraçar, seja enquanto nos sacrificamos, seja enquanto respiramos o ar do amor e da esperança.
Gratidão nos gestos de cuidado com o planeta.
Gratidão nas orações por tudo e por todos.
Gratidão nas mãos que auxiliam os outros alunos da instituição abençoada de ensino.
Gratidão nos pensamentos e palavras destinados a esse astro de amor espacial, esculpido pelas mãos do Celeste Arquiteto, há bilhões de anos, e que hoje nos serve incansavelmente.
Gratidão, planeta Terra!
Redação do Momento Espírita.
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