segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Lição no apólogo

Na crônica de vários países do mundo existe uma narrativa de excelente conteúdo moral.

Trata-se de um velho apólogo que é uma verdadeira pérola da filosofia, que nos pode enriquecer os corações e nos orientar o procedimento, enquanto nos encontramos neste bendito lar chamado Terra.

Conta o dito apólogo que um homem foi convocado a comparecer perante o tribunal, para dar solução imediata aos problemas e suspeitas que lhe manchavam a vida. A condenação era quase certa.

Temendo o que lhe pudesse acontecer, o homem pensou em quem o poderia auxiliar, com conselhos e proteção, quem o poderia acompanhar, falar por ele, defendê-lo.

Lembrou que possuía três amigos e, de imediato, os procurou.

O primeiro, um tanto arrogante, lhe ouviu a necessidade e depois disse:

Não posso fazer nada por você, a não ser arranjar uma roupa nova para que compareça bem vestido diante do juiz.

E lá se foi o pobre homem, em busca do segundo amigo, esperando o melhor. No entanto, embora se preocupasse com a sua situação, esse lhe falou:

Verdadeiramente, tenho você em alta estima. Contudo, no presente caso, nada mais posso fazer a não ser acompanhá-lo até à porta do tribunal.

Procurado, o terceiro se mostrou muito solícito e, de imediato, se ofereceu:

Irei com você e falarei em sua defesa.

Estendeu-lhe os braços, seguiu com ele, amparou-o em todos os momentos da luta e falou com tanta segurança e com tanta eloquência em benefício dele, diante da justiça, que o mísero suspeito foi absolvido com a aprovação dos próprios acusadores.

*   *   *

Neste apólogo, temos a nossa própria história frente à morte.

Todos nós, diante do sepulcro, somos convocados a comparecer ante o tribunal da consciência. Teremos que prestar contas à contabilidade Divina.

E todos recorremos àqueles que nos protegem.

O primeiro amigo, o doador de trajes novos, simboliza o dinheiro que nos garante o sepultamento.

O segundo, aquele que nos acompanha até a porta do tribunal, é o mundo, representado pelos nossos amigos, parentes ou afeições mais queridas que, com pesar, nos seguem até a beira do túmulo.

O terceiro, contudo, é o bem que praticamos nesta vida. Esse segue conosco e falará das nossas ações, do nosso proceder.

Será o anjo protetor do nosso destino. Falando em nós e por nós, diante da justiça, nos conseguirá mais amplas oportunidades de serviço, ou o nosso passaporte para esferas mais felizes.

E, assim como o bem que praticamos abre as portas da felicidade, igualmente as más ações depõem contra nós, enclausurando-nos aos sofrimentos, retendo-nos junto aos círculos pesados das sombras.

Percebemos, então, a grandeza da justiça Divina a se concretizar no ensino do Mestre de Nazaré, conforme as anotações do Evangelista Mateus:

Cada um receberá conforme suas obras.

Atendamos assim ao bem, onde estivermos, agora, hoje, amanhã e sempre, na certeza de que o bem que realizamos é a única luz do caminho infinito que jamais se apagará.

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