O novo coronavírus nos impôs alterações em nossa forma de viver. Todos fomos convidados a uma volta para casa.
Para os que acreditamos que a morte seja uma vírgula e não um ponto final, voltar para casa pode ser retornar à pátria espiritual, de onde um dia saímos e para a qual retornaremos.
Esperamos que mais experientes, virtuosos e sábios.
Podemos pensar, também, num olhar mais atento para a nossa morada comum, a casa planetária, tão maltratada e explorada por causa da ganância e egoísmo que ainda nos caracteriza.
Por conta dessas imperfeições destruímos abusivamente, pensamos exclusivamente em nós, burlamos leis, ferimos ecossistemas.
Tudo por conta da nossa sanha de poder e domínio.
Nossa Terra, com sua biodiversidade, culturas diversas e histórias maravilhosas de cada povo, pedia socorro e nos convidou a repensar a relação que temos estabelecido com ela.
Cabe refletirmos na quantidade de lixo que produzimos, no consumo desenfreado, na poluição que geramos, no acúmulo desproporcional de riqueza em detrimento do empobrecimento contínuo de tanta gente.
Uma terceira interpretação é a de valorizarmos mais a nossa habitação, o espaço que nos abriga, todos os dias, com nossa família consanguínea.
Além dos cuidados materiais que esse lugar solicita em termos de limpeza e conservação, é nele que damos e recebemos afeto.
É esse recanto formidável que podemos transformar em lar, criando genuínos laços de amor.
Um quarto viés é pensarmos no corpo físico, morada da alma, da essência espiritual que somos. Zelarmos por ele com uma alimentação saudável, boa ingestão de água, atividades físicas, ocupação útil, descanso necessário.
Também deixando de bombardeá-lo com o tóxico dos maus pensamentos, valorizando o investimento evolutivo e espiritual que a vida nos oferece.
Estarmos num corpo físico é estarmos matriculados numa escola onde temos muito para aprender.
Naturalmente, nenhum aluno consciente deixa de valorizar e preservar uma escola tão sublime como esta.
Por fim, voltar para casa também nos faz pensar na casa mental e emocional. Há muito lixo mental e emocional que guardamos sem reciclar e descartar adequadamente. Por isso adoecemos.
Essa parada forçada em casa é um convite divino para repensarmos o que temos feito da vida, das nossas múltiplas relações, do tempo, da inteligência, do dinheiro, do planeta, da saúde.
Também como temos utilizado os princípios religiosos que abraçamos.
É a possibilidade de um mergulho mais profundo em nós mesmos a fim de mudarmos, corrigirmos o rumo, acertarmos o prumo, voltarmo-nos para o que é essencial.
E essencial é o respeito ao outro, o compartilhar, descobrindo que não somos donos de nada e que toda forma de apego gera sofrimento.
Enfim, que precisamos de mais empatia e compaixão.
Temos em nossas mãos a possibilidade real, de agora em diante, de fazermos do amor a nós mesmos e ao próximo, a regra áurea da vida.
Uma regra com roteiro ensinado e exemplificado por um homem terno e gentil, sábio e amigo, há mais de dois mil anos: Jesus de Nazaré.
Redação do Momento Espírita.
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