Um cantor popular estava em turnê e, num bate-papo com o público, ouviu de uma fã a declaração: Você é o meu sonho de consumo.
Isso nos faz refletir sobre o valor que damos a pessoas e objetos. Coisas são consumidas, não pessoas. Mas, aparentemente, o consumo também começa a imperar entre as relações interpessoais.
O consumo advém da necessidade de satisfazer um desejo. Empresas especializadas estudam formas de plantar na população o desejo por determinados produtos. Criam estratégias de marketing para convencê-las de que devem adquirir roupas, automóveis, celulares e equipamentos.
Também as convencem de que devem ir a determinados lugares, fumar e beber determinadas marcas quando, na verdade, elas não precisam de nada disso.
Quem precisa delas são os fabricantes, que produzem e obtêm lucro com a venda de seus produtos.
Alguns são realmente necessários, considerados de primeira necessidade. Mas há dos que são absolutamente supérfluos, que somente são vendidos por conta de uma ilusão cuidadosamente criada e de uma forte campanha de comercialização.
Uma vez adquirido o objeto, o público é convencido de que precisa de algo melhor, mais novo, mais caro. E assim o ciclo de consumismo se mantém.
Com pessoas vem ocorrendo algo semelhante.
Começa-se com a aparência. É preciso ter uma configuração corporal de acordo com padrões específicos para ser aceito e desejável: cabelos de determinada cor, textura e comprimento, cor de olhos e de pele dentro de parâmetros considerados belos, corpo com determinadas medidas.
Mas quem cria essas configurações? Quem decide o que é belo?
Indivíduos e corporações lucram alimentando a infelicidade e a insatisfação das pessoas consigo mesmas. Oferecem a elas soluções para resolver problemas que antes não eram problemas. Passaram a ser depois de cuidadosas campanhas que trocam o ser pelo ter e o aparentar.
Use nosso produto - dizem elas - mude sua aparência e seja feliz.
Mas não é isso que traz a felicidade. Felicidade é algo que resulta da realização da pessoa como ser humano, que faz a vida valer a pena.
Para os que vivem em zonas de guerra, felicidade é conquistar a paz.
Para os que vivem em hospitais, aguardando tratamento e cura, felicidade é ter saúde.
Para os que perderam a esperança, felicidade é receber ajuda e poder confiar novamente na bondade e na justiça humanas.
Para os que creem na justiça das aflições, felicidade é constatar que o sofrimento diminui quando se compreende suas causas.
Para os que acreditam na pluralidade das existências e seguem as Leis Divinas, felicidade é perdoar e ser perdoado, viver em paz num mundo de amor, sem orgulho e egoísmo.
Para os materialistas, felicidade é ter dinheiro e poder. Sonham com conquistas pautadas em ilusões que, uma vez atingidas, deixam um vazio que precisa ser preenchido com mais aquisições.
Quando compreendermos que a felicidade está associada ao amor e à bondade, e não à posse de objetos ou pessoas, não teremos mais sonhos de consumo, mas sim sonhos de vida.
Redação do Momento Espírita.
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