O trigal maduro parecia um mar imenso a ondular ao sabor do vento que brincava com as hastes.
Logo mais, seria a época da colheita e, desejando mostrar ao filho a beleza natural, o lavrador o chamou para percorrer os campos.
O rapazinho foi se extasiando com a paisagem, sempre mais bela e mais rica.
Observador atento, de vez em quando se detinha um tanto mais em alguns locais.
Após algum tempo de caminhada, perguntou ao pai:
Meu pai, por que é que algumas espigas de trigo estão inclinadas para o chão, enquanto outras estão de cabeça erguida?
O lavrador se abaixou e colheu uma espiga. Justamente uma das que se encontrava curvada. Mostrando-a ao filho, explicou:
Repara, meu filho. Esta espiga, que estava inclinada, quase encostando no chão, está perfeita e cheia de grãos. Observa aquela outra, que se levanta com tanto orgulho do trigal. Está seca e imprestável.
Na nossa vida, isso também acontece, às vezes. Os que apresentamos orgulho excessivo somos ocos, nulos, enquanto os humildes são valorosos e úteis.
O orgulho é um mal que habitualmente gera a ambição, que é o desejo imoderado de cargos, honrarias, poder, destaque.
Eis uma grande lição, meu filho. Não se permita, jamais, o orgulho. É um grande mal e precisa ser combatido.
Existem algumas regras que podem nos auxiliar a contermos nosso orgulho, reconhecendo o que somos, valorizando-nos, mas jamais nos acreditando melhores ou superiores aos demais.
Primeiro item é buscarmos o autoconhecimento. É impossível nos examinarmos sinceramente e não reconhecer as próprias falhas.
Segundo, pensarmos na insignificância e na transição de todas as coisas que constituem motivo de orgulho na Terra.
As riquezas, por exemplo. Não são eternas e transitam, com rapidez, de determinadas mãos para outras.
Famílias abastadas sofrem derrocadas financeiras, enquanto criaturas que pareciam quase nada possuir, se destacam, alcançando tópicos não imaginados.
Sem se falar que, com a morte, todos os bens, títulos, haveres, permanecem na Terra. Seguem com o Espírito somente as virtudes e paixões, isto é, o bem que construímos e o mal que para nós mesmos criamos.
Terceiro, recordarmos o exemplo de Jesus, perfeito modelo da humildade.
Ele, o Rei Solar, nosso Governador planetário, veio até nós, viveu conosco, entregando-se ao trabalho de carpinteiro.
E para a sua missão de amor, se identificou como o Pastor, que cuida das ovelhas. Maior de todos nós, apresentou-se como o Servidor.
Finalmente, aceitar posições modestas para desempenho de tarefas anônimas, que a muitos beneficiam.
* * *
Sigamos nosso Modelo e Guia. Nossa passagem pela Terra é transitória, como todas as coisas do mundo.
Basta que grandes ventos se apresentem para destruir o que demoramos anos para edificar. Os temporais, as enxurradas, o inverno impiedoso ou a estiagem demorada são agentes do tempo sobre os quais não temos poder.
Lembremos da fragilidade humana e de que, para viver a cada dia, dependemos totalmente da Providência e da Misericórdia Divinas.
Pensemos nisso e sejamos menos orgulhosos.
Redação do Momento Espírita.
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