terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Parar para ouvir.

Millie Esposito ouvia, com atenção, quando um de seus filhos tinha alguma coisa a lhe dizer.
Certa noite, estava sentada na cozinha com o filho Robert, e, após uma rápida discussão sobre uma ideia que ele alimentava, ela o ouviu dizer:
Mãe, sei que a senhora gosta muito de mim.
A senhora Esposito comoveu-se e comentou: Naturalmente gosto de você. Duvidava disso?
Robert respondeu: Não, mas sei realmente que a senhora gosta de mim quando quero conversar sobre alguma coisa, e a senhora para de fazer o que está fazendo, só para me ouvir.
Quantos de nós paramos para ouvir nossos filhos?
Quantos paramos para ouvir o outro, assumindo essa postura respeitosa de atenção ao semelhante?
E quem não gosta de ser ouvido? E ser ouvido com atenção.
Dialogar com alguém que nos ouve atentamente, que espera que concluamos uma ideia para, só então expor a sua, é um grande prazer.
Uma pessoa que só fala de si mesma, que só pensa em si mesma, é irremediavelmente deseducada.
Aquela que sabe ouvir, por outro lado, faz-se simpática, querida, e inspira confiança plena nos outros.
Um homem que conheceu o célebre Sigmund Freud, descreveu sua maneira de ouvir da seguinte forma:
Fiquei tão fortemente impressionado, que não o esquecerei. Ele tinha qualidades que jamais encontrei em homem algum.
Nunca, em toda minha vida, vi atenção tão concentrada. Seus olhos eram meigos e suaves. Sua voz era calma e macia.
Fazia poucos gestos. Mas a atenção que dispensava a mim, seus comentários positivos sobre o que eu dizia, mesmo quando eu me expressava mal, eram extraordinários.
Você não imagina o que significa ser ouvido daquela maneira.
Quem sabe ouvir já ajuda, sem precisar falar coisa alguma, muitas vezes.
Assim, se desejamos ser bons conversadores, bons amigos e bons conselheiros, sejamos ouvintes atentos.
Para sermos interessantes, sejamos interessados. Façamos perguntas às quais o outro sinta prazer em responder. E aproveitemos para aprender também.
Doando atenção, doando nosso ouvir atento, certamente estaremos ganhando, além da gratidão do outro, experiência, conhecimento e discernimento.
A falta de tempo jamais poderá ser desculpa para o não ouvir. Basta que sejamos disciplinados, organizados, e descobriremos que teremos tempo para ouvir.
Ouvir é doar-se ao outro, por isso, alegar escassez de tempo para se dar, para praticar essa nuança de caridade, é nos condenarmos à estagnação espiritual.
Tal gesto de amor poderá ser praticado por qualquer um, independente de idade, poder aquisitivo ou grau de instrução. Todos podemos nos doar, ouvindo.
*   *   *
Jesus é o grande exemplo de um excelente ouvinte.
Prestemos atenção nas passagens evangélicas, analisando-as sob este prisma, e percebamos que Ele sempre se posicionou como bom ouvinte.
Escutava com paciência e ternura todos os que dEle se aproximavam, pedindo auxílio e consolo.
Jamais interrompeu alguém, e sempre debruçou sobre eles olhar atencioso e amoroso de quem se interessa pela vida de Seu semelhante.
Sigamos esse bom exemplo.

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