terça-feira, 8 de agosto de 2017

Um momento apenas.

Costumamos andar sempre apressados. A nossa desculpa é de que temos tarefas e mais tarefas nos aguardando.

Nesse corre-corre diário, por vezes, nos esquecemos de atender a deveres mínimos.

Como dar a correta informação da localização de uma rua, socorrer alguém que escorrega e cai na calçada.

Ou atender ao telefone com calma, ouvindo o que a pessoa deseja, mesmo que seja uma ligação equivocada.

Com atitudes semelhantes, vamos a pouco e pouco nos tornando criaturas distantes e indiferentes. Regidas e comandadas por compromissos sempre inadiáveis.

E é tão pouco que nos é pedido, um minuto, talvez dois.

Recordamos que o médium espírita Francisco Cândido Xavier trabalhava, nos dias da sua juventude, em uma fazenda modelo.

Certo dia, pela manhã, saiu de casa um pouco atrasado.

Ele ficara até a madrugada atendendo sofredores do mundo e se levantara alguns minutos além do horário habitual.

Caminhava apressado, pelas ruas quase desertas, àquela hora da manhã.

Passando frente a casa de uma velha senhora que morava sozinha, ela o viu e o chamou.

Chico acenou com a mão e falou rápido, sem deter o passo: Agora não posso. Na volta, no final do dia, falarei com a senhora.

No exato momento, a mediunidade do jovem mineiro visualizou a figura serena do seu amigo espiritual que lhe falou: Chico, não deixe de atender agora. É importante.

O médium parou, voltou sobre os próprios passos, abriu o portão e se dirigiu até a casa.

A senhora estava com um vidro de remédio nas mãos. Precisava saber como deveria tomá-lo. Com dificuldades de visão, não conseguia decifrar as indicações da bula, nem as da receita médica.

E a medicação lhe era necessária, com a possível brevidade.

Chico leu com cuidado e com paciência lhe explicou como deveria ser ministrado o medicamento. Tornou a explicar porque ela não entendera da primeira vez.

Depois se despediu. Retornou à estrada, apurando o passo.

De longe, pôde ouvir a senhora agradecida, quase a gritar: Vá com Deus, seu Chico. Vá com Deus.

Ele olhou para trás e percebeu que da boca da mulher saíam fluidos alvos que o alcançavam, envolvendo-o numa aura de harmonia.

Outra vez, o amigo espiritual lhe disse: Chico, já imaginou se não tivesse parado?

                                                                   *   *   *

A quantas bênçãos nos furtamos por não estacar o passo, na nossa correria diária.

Quantas oportunidades de praticar o bem, auxiliar alguém são perdidas. Por pura pressa.

Isso sem pensar que, se fôssemos nós no lugar do solicitante, do necessitado, gostaríamos imensamente de ser ajudados, orientados, amparados. No momento. Não depois.

Porque depois pode ser tarde demais.

                                                                   *   *   *

O bem que deixamos de fazer, podendo fazê-lo, é um grande mal.

O bem que praticamos gera o prazer do bem em si mesmo.

Façamos o bem em toda a parte com as mãos e o coração, orando e esclarecendo, a fim de que o trabalho da verdade fulgure em nossos braços como estrelas luminescentes em forma de mãos.

Um comentário:

  1. E quantas vezes permitimos que as atribulações do dia a dia nos tire o convívio com nossos semelhantes. Boa reflexão!

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